O liberalismo de Kast e Milei contra o estatismo de Lula
Para nossos parceiros latino-americanos, o Estado não gera riqueza. Lula, por sua vez, criou 4 mil cargos comissionados
Boa parte da imprensa brasileira repetiu a mesma ladainha sobre as eleições chilenas, em que José Antonio Kast (foto), do Partido Republicano, saiu vitorioso no domingo, 14.
Para nossos jornalistas apressados, Kast é um ultradireitista, nazista, pinochetista e bolsonarista, que quer expulsar venezuelanos e construir prisões de segurança máxima.
É uma visão demasiado simplista.
Kast venceu com 60% dos votos e ganhou em todas as regiões do país.
Não dá para imaginar que o país que passou pelos protestos de 2019 e 2020 agora preferiu um nazista, pinochetista ou seja lá o que for.
Em primeiro lugar, há uma preocupação genuína dos chilenos com a segurança nas ruas.
Mesmo que isso não tenha se refletido nas estatísticas de criminalidade, os chilenos não estão mais tão tranquilos e o roubo de celulares tornou-se algo corriqueiro.
E é um fato que grupos criminosos venezuelanos, como o Tren de Aragua, estão presentes no Chile, extorquindo a população, fazendo tráfico de pessoas e matando dissidentes da ditadura de Nicolás Maduro.
Leia em Crusoé: O braço violento de Maduro na América Latina
Além da preocupação com a segurança, existe a questão da economia.
Após a redemocratização, ainda nos anos 1990, o PIB per capita do Chile cresceu a taxas superiores a 6%. Depois, ficou em torno de 4%.
Isso foi até o primeiro governo da socialista Michelle Bachelet, que acabou em 2010.
Desde então, as taxas de crescimento do PIB per capita minguaram. Entre 2014 e 2023, o PIB per capita tem crescido apenas 0,6% ao ano.
O Chile, que estava no caminho para virar o primeiro país desenvolvido da América Latina, estancou.
Essa desaceleração ocorreu porque o país deixou de acreditar na iniciativa privada como motor do crescimento econômico.
Governos sucessivos aumentaram os impostos das empresas para subsidiar gastos públicos em programas sociais.
Kast promete reverter esse quadro, aliviando os impostos das empresas e cortando custos desnecessários.
Em seu programa de governo, o chileno fala que o Estado, "em vez de ser um motor de desenvolvido e um apoio para as pessoas e para as famílias, transformou-se em um grande obstáculo, preso na sua própria burocracia, em sua obsessão regulatória e em um gasto público sem controle, que não melhora a vida de ninguém".
Essa frase poderia muito bem ser ditas pelo presidente argentino, Javier Milei, que comemorou a vitória de Kast: "A esquerda retrocede, a liberdade avança".
Kast e Milei entenderam que o Estado não cria empregos e riqueza, e portanto deveria ceder espaço para a iniciativa privada.
Lula, no Brasil, vai na contramão desses dois.
Para o presidente petista, só pode haver crescimento econômico por iniciativa do Estado, que portanto deve ter total autonomia para gastar o que não tem, subsidiar empresas estatais deficitárias, contratar mais funcionários e ajudar empresários amigos.
Um estudo do Instituto Teotônio Vilela, do PSDB, divulgado na sexta, 12, aponta que Lula criou 4 mil novos cargos comissionados em seu terceiro mandato.
Com isso, hoje há mais de 50 mil cargos comissionados no governo, que ocorrem por indicação política e pagam salários que podem chegar a 24 mil reais.
"Uma das características mais marcantes das gestões do PT é o inchaço da máquina pública. Sempre que está no poder, o partido dá um jeito de arrumar boquinhas para a companheirada. Está acontecendo novamente no atual mandato de Lula", diz a nota do Instituto.
Milei e Kast estão sinalizando um futuro para a América Latina.
Nesse novo horizonte, não há lugar para lula.
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