O 'canal especial' da propina com o executivo de uma multinacional nos EUA
A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba fechou um acordo de colaboração premiada que lança suspeitas sobre o presidente do braço americano de uma das maiores companhias de comércio de derivados de petróleo do mundo, a multinacional Vitol. A empresa foi um dos alvos da Operação Sem Limite, 57ª fase da Lava Jato, em dezembro....
A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba fechou um acordo de colaboração premiada que lança suspeitas sobre o presidente do braço americano de uma das maiores companhias de comércio de derivados de petróleo do mundo, a multinacional Vitol. A empresa foi um dos alvos da Operação Sem Limite, 57ª fase da Lava Jato, em dezembro.
Homologada no dia 29 de agosto, a colaboração é a primeira a mostrar uma ligação entre o executivo Mike Loya e o Brasil Trade, grupo formado por Tiago Cedraz, filho do ministro do Tribunal de Contas da União Aroldo Cedraz, o lobista Jorge Luz, o advogado Sérgio Tourinho, um ex-gerente da Petrobras e outros operadores financeiros, para atuar em um esquema de corrupção na estatal (foto).
Um dos integrantes do grupo, o economista Carlos Herz relatou à Justiça que Loya manteve contato com o Brasil Trade porque sabia que o grupo era um "canal especial" para obter facilidades na Petrobras.
Como parte do acordo de delação, Herz apresentou um e-mail enviado pelo seu sócio, o sueco Bo Hans, a Loya, em 27 de abril de 2010. Nele, Hans combina de marcar uma reunião entre o executivo da Vitol e o então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Na mensagem, o sueco deixa claro que, por um período, Loya teria de passar por um “canal especial”, envolvendo o próprio Hans e seus sócios, para fazer negócios na Petrobras. Em resposta, Loya sinaliza interesse em negociar com a estatal e repassa a mensagem para um executivo da multinacional na América Latina que seria o responsável por conduzir as discussões.
Questionado pelos investigadores sobre a expressão “canal especial” usada no e-mail, Herz explicou que seria “o acesso político e comercial que o grupo Brasil Trade à época teria dentro da Petrobras” e “envolvia propina para agentes públicos da Petrobras". Loya "tinha ciência disso”, afirmou o colaborador, em depoimento prestado no dia 21 de agosto, na sede da Polícia Federal em Curitiba.
O Brasil Trade já estava na mira dos investigadores da Lava Jato por suspeita de captar e distribuir propina a agentes públicos e políticos, incluindo dirigentes do PT e do MDB que lotearam a estatal por anos. Em sua colaboração, Herz contou que foi convidado por Jorge Luz a participar do grupo em 2009, e que o intuito era criar uma “organização que tivesse força e controle na área comercial da Petrobras”.
No caso da Vitol, Herz e seu sócio Bo Hans receberam propinas por meio da Encom Trading, offshore de propriedade de ambos. O valor total, segundo o delator, foi de 1,85 milhão de dólares. Em contrapartida, a Vitol se beneficiava de informações privilegiadas repassadas por funcionários da Petrobras, que recebiam dos integrantes do Brasil Trade parte do dinheiro.
Os advogados Tiago Cedraz e Sérgio Tourinho teriam recebido comissões ilegais por um contrato de fornecimento de asfalto com a estatal. Mas o delator não detalhou os valores pagos aos dois.
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Comentários (10)
Sinval
2019-09-03 20:22:52Quanto mais mexe mais sujeira aparece. E ainda tem muita gente importante querendo acabar com a Lava jato.
CARLOS H
2019-09-03 16:58:04Além de BNDES e PETROBRAS, existe uma infinidade de setores da administração pública marcados por este jogo de cartas marcadas, ceifando milhares de empregos e oportunidades de desenvolvimento deste país. MALDITOS !
LUCK
2019-09-03 16:09:09O que nos mata de curiosidade é toda essa corrupção, pelo menos oficialmente não ter atingido o STF; será que há um pacto entre todos os criminosos que fizeram delações até hoje "deixem eles de fora". Anjos eles não são; "a casa vai cair a qualquer momento"...é apenas uma questão de tempo. Impressionante, a imprensa não divulga em detalhes as "trocentas" ligações telefônicas entre Aécio e GM no caso Joesley; caso Lewan recente vazado pelo Intercept; Lula na época do "STF acovardado", etc. e tal.
Massaaki
2019-09-03 15:56:42As autoridades americanas vão entrar nas investigações? Porque houve crime em dólar e envolve uma multinacional norte-americana. Vai ter repercussão internacional, com certeza. Que info a Crusoé tem dessas repercussões no estrangeiro?
Massaaki
2019-09-03 15:54:10Os norte-americanos do Departamento de Justiça do EUA, da SEC, do FBI, etc vão gostar muito de saber detalhes de tudo isso.
RENATO
2019-09-03 13:43:47Alguém acha que o PRC contou tudo que é lambança que ele se envolveu? Tem muita coisa escondida ainda
Vinicius
2019-09-03 11:07:07Engraçado, e o ex presidente da Petrobras Sergio Gabrieli, ninguém achou nada? As coisas aconteciam sem seu conhecimento é consentimento? Estranho...muito estranho!
JOSE
2019-09-03 10:36:15Ainda tem gente que tem o Lulla-Dilma como um ícome nacional e os investigadores bandidos. Muita qdo diz muita é mta mesmo q surrupiaram as empresas envolvidos
Alan
2019-09-03 10:05:54E mesmo diante de tantos roubos explícitos contra a PTbrás, o STF continua inocentando quadrilheiros bandidos da ORCRIM LuloPTista, que faliram e quebraram o Brasil Continental. Uma vergonha mundial.
Lucenia
2019-09-03 09:14:53Só digo uma coisa, investigue cada uma das nossas estatais e encontrarás esquemas que sangram o nosso dinheiro.