O assunto que ainda é tabu aos republicanos nos EUA
Durante os quatro dias de convenção nacional do Partido Republicano, encerrada nesta quinta-feira, 18, em Milwaukee, dezenas de nomes ligados a Donald Trump e ao partido buscaram retomar, em seus discursos, um passado de poderio econômico e de liberdades sociais durante o primeiro mandato do empresário. Economia, imigração, segurança interna — todos os principais temas...
Durante os quatro dias de convenção nacional do Partido Republicano, encerrada nesta quinta-feira, 18, em Milwaukee, dezenas de nomes ligados a Donald Trump e ao partido buscaram retomar, em seus discursos, um passado de poderio econômico e de liberdades sociais durante o primeiro mandato do empresário.
Economia, imigração, segurança interna — todos os principais temas da eleição estiveram na boca de todos eles — inclusive de Trump. Um assunto, no entanto, foi tabu: aborto.
O partido pisa em ovos ao tratar do tema, uma vez que a vitória sobre o tema na Suprema Corte ainda custa politicamente muito caro aos candidatos do partido.
Os republicanos conseguiram, sob Trump, as mudanças necessárias para que a tese garantindo o aborto (conhecida pelo caso "Roe v. Wade") fosse revista pela Suprema Corte dos EUA em 2022. Com a nomeação de três juízes conservadores pelo ex-presidente, a maioria de 6-3 garantiu a vitória planejada pelos conservadores desde que o aborto irrestrito foi legalizado, em 1972.
Só que a decisão se revelou um tiro no pé político para o partido, e uma arma na mão dos democratas. A decisão da Suprema Corte, garantindo aos estados definirem a regra para abortos, pode ter tido seu apelo com o núcleo do partido, mas foi em geral mal recebida entre eleitoras mulheres em todas as faixas etárias e classes sociais, que viram seus direitos reprodutivos diminuídos e ameaçados pela Suprema Corte.
Desde então, os republicanos têm tido mais derrotas que vitórias em eleições importantes — o partido não conseguiu, como era esperado, virar o Senado nas eleições de meio de mandato em 2022.
O candidato a vice-presidente de Trump, J.D. Vance, defende ainda mais restrições à interrupção de gravidez. Ele, no entanto, evitou tocar no tema durante seu discurso.
Se a questão não foi abordada na fala de nenhum palestrante na convenção republicana, a democrata — marcada para o próximo dia 19 de agosto, em Chicago — fará questão de jogar a culpa deste descontentamento em Donald Trump.
Além da disputa presidencial, estados devem definir suas regras sobre direito reprodutivo no mesmo dia da eleição. Plebiscitos em ao menos seis estados (que podem chegar a 11) até novembro podem garantir a inscrição do direito ao aborto em suas constituições estaduais. Mais da metade dos 50 estados, no entanto, proibiu e tornou mais restritivas as regas para interrupção de gravidez.
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