Morosidade do Conselho de Ética preocupa líderes na Câmara

Líderes da Câmara dos Deputados ainda estudam o que fazer com o deputado bolsonarista Daniel Silveira, que está preso na Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro por ordem do STF no inquérito das fake news. Apesar de a oposição ter firmado entendimento a favor da prisão, predomina entre parlamentares governistas e do Centrão a leitura de que o “mandado de prisão em flagrante” cria um precedente ilegal e, por isso, deve ser derrubado pela Câmara. Para evitar que os ataques de Silveira ao Supremo fiquem impunes – vistos como “totalmente inaceitáveis” por congressistas –, o caso deve ir parar no Conselho de Ética da casa.

Só que a conhecida morosidade do colegiado também deixa deputados com um pé atrás. Ouvidos sob reserva por Crusoé, líderes de diferentes colorações partidárias admitem que uma demora na análise do caso pode esfriar os ânimos, fazendo com que a denúncia se arraste por semanas. Em razão da pandemia, o conselho não se reuniu em 2020, mas a expectativa é que ele seja instalado em breve para analisar casos pendentes, como o da deputada Flordelis, acusada de participar do assassinato de seu marido, o pastor Anderson Torres.

Se o caso passar impune, a tensão entre o Congresso e o Supremo irá aumentar. Ministros do STF já fizeram chegar ao presidente da Câmara, Arthur Lira, que esperam uma reação contundente contra Silveira, que proferiu ofensas e ameaças a magistrados da corte. Além de deputados da oposição, a própria Procuradoria-Geral da República trabalha em uma representação contra Daniel Silveira para ser apresentada perante o Conselho de Ética da Câmara.