Moraes usa nota de Dodge para defender censura
Em Lisboa, onde participou de um seminário do Instituto Brasiliense de Direito Público, do ministro Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes (foto) defendeu nesta segunda-feira, 22, a censura a Crusoé que determinou na semana passada, argumentando que foi levado a ela por uma nota divulgada pela procuradora-geral da Repúlbica, Raquel Dodge. A nota foi divulgada após a...
Em Lisboa, onde participou de um seminário do Instituto Brasiliense de Direito Público, do ministro Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes (foto) defendeu nesta segunda-feira, 22, a censura a Crusoé que determinou na semana passada, argumentando que foi levado a ela por uma nota divulgada pela procuradora-geral da Repúlbica, Raquel Dodge.
A nota foi divulgada após a publicação da reportagem "O amigo do amigo de meu pai", que identificava o codinome usado em e-mails internos da Odebrecht para se referir a Dias Toffoli, presidente do Supremo. Nela, Dodge informava que a Procuradoria-Geral da República não tinha conhecimento do documento em que se baseou a reportagem. Com isso, Moraes declarou ter concluído que a informação era falsa.
O desconhecimento, no entanto, não desmentia a reportagem, onde foi informado que o documento com a explicação de Marcelo Odebrecht ao codinome de Toffoli havia sido enviado à Procuradoria-Geral da República pelos procuradores da Lava Jato, mas não que Dodge o havia recebido. Isso acabou acontecendo no mesmo dia em que a procuradora publicou o comunicado, só que mais tarde.
"Naquele momento, havia uma informação oficial - que não era nem sobre a validade ou não do documento, mas sobre a própria existência do documento", declarou o ministro ao Estado de S. Paulo. "Assim que chegaram os documentos (sobre o esclarecimento de Marcelo Odebrecht), eu requisitei imediatamente a cópia integral do inquérito", alegou Moraes. "Assim que ele chegou e eu constatei a presença desse documento, foi levantada a suspensão", concluiu. A censura foi interrompida na quinta-feira, 18.
Questionado se não teria de primeiro ser apurada a veracidade da informação em que se baseou a reportagem, o ministro do Supremo respondeu que "você não pode prejudicar a honra de uma pessoa quando há, como houve no caso, uma nota oficial da Procuradoria-Geral da República".
"Naquele momento, havia uma informação oficial - que não era nem sobre a validade ou não do documento, mas sobre a própria existência do documento", insistiu.
O ministro quer agora investigar o que considera o vazamento de uma informação sigilosa da Lava Jato no caso. "Ou foi um exercício de futurologia – pela matéria, já dizendo que já estava na Procuradoria e a PGR nem tinha conhecimento – ou alguém vazou", opinou. "Vazamento é crime, principalmente vazamento de algo sigiloso de uma delação premiada ocorrida num caso importantíssimo". Como Crusoé já informou, o documento estava disponível em um dos inquéritos da Lava Jato, acessível no sistema digital da Justiça Federal do Paraná.
Moraes não quis confrontar o posicionamento de Dodge, de que o inquérito em que foi determinada a censura deveria ser extinto. "A doutora Raquel Dodge tem a sua opinião. É lícito que o Ministério Público tenha sua opinião", disse. "O Judiciário não precisa concordar com as posições do MP", ressalvou. "Até porque, e isso é importante ressaltar e constou em minha decisão, não necessariamente os crimes a serem investigados, os fatos a serem punidos, serão de atribuição da PGR".
O ministro continua defendendo a investigação de ataques ao STF. "O que se apura, o que se investiga, não são críticas, não são ofensas. Até porque isso é muito pouco para que o Supremo precisasse investigar. O que se investiga são ameaças graves, feitas inclusive na Deep Web, como foi já investigado pelo próprio Ministério Público de São Paulo", argumentou. Para Moraes, há um "verdadeiro sistema que vem se montando para retirar credibilidade das instituições".
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Comentários (10)
Eduardo
2019-04-24 12:06:29Começaram os protestos técnicos
Eduardo
2019-04-24 12:05:40No YOU tube hoje tem um vídeo de um advogado capixaba queimando um livro de autoria de ...../....../.......
Geraldo
2019-04-23 14:04:01Quem retira a "credibilidade" do supremo, são os "supremos ministros" com suas teses estapafúrdias e inconstitucional como esta. O Sr Toffoli não deveria seques estar neste meio porque não tem notório saber jurídico, visto ter sido reprovado, por duas vezes, na prova da magistratura e o Sr Alexandre idem pois nem mesmo tentou. Cretinos
Marcelo
2019-04-23 11:24:57Ou o Senado põe para fora esse ministro do supremo ou o judiciário vai implantar uma ditadura. O STF passou de todos os limites
REGINALDO
2019-04-23 11:00:35Será que de 2014 para a contemporaneidade a Suprema Corte precisa de alguém de fora para retirar-lhe a credibilidade depois dos incontáveis eventos de juridicidade duvidosa propalados ao mundo por seus membros, como esse e outros, que têm envergonhado os mais humildes cidadãos deste País?
Wanderlei
2019-04-23 08:25:48A prepotência, a arrogância não o deixa reconhecer o tamanho do desmando e da bobagem que fez. Vai ser mais um ministro atuando contra a sociedade e praticando justiça criativa.
Adonis
2019-04-23 04:50:23Lula está sendo investigado no inquérito fake pois acusou a Suprema Corte de se acovardar. Finalmente será punido por atentar contra o STF. Será?
Chris.
2019-04-22 22:35:12A questão é o que é quem estão por trás disso tudo. Moraes estava indo bem até que a coisa apertou para Alckmin e Temer. Por trás dos 2 patetas estão outros 2, um é o mentor intelectual e outro foi que protagonizou o ridículo de mandar a PF prender um cidadão que disse ter vergonha do STF. Juristas, procuradores e até colegas da corte já vieram a público externar repúdio ao inquérito ilegal mas eles insistem inventando novas narrativas agora até a Deep Web foi alçada. E o povo revoltado.
Terezinha
2019-04-22 21:20:56Eu só queria entender uma coisa: por que se basear no Regimento Interno se o “problema” é externo. E as Leis? E à Constituição no que diz respeito a competências?????
José
2019-04-22 20:46:04O sósia de Benito Mussolini. E pupilo dele também...