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Mbappé, Thuram e Henry contra o “extremismo” de direita na França

18.06.24 10:37

A vitória da França na estreia da Eurocopa contra a Áustria, nesta segunda-feira, 17, não teve como destaque a atuação dos jogadores em Düsseldorf, na Alemanha. O centro da discussão da seleção, campeã mundial de 2018 e vice-campeã em 2022, é a política em Paris.

Durante semana passada, ainda durante a preparação para o campeonato europeu, dois dos principais jogadores da seleção pediram para que os franceses lutem contra partidos de direita radical e extrema-direita nas eleições parlamentares, convocadas para o final do mês. Os atacantes Marcus Thuram e o atacante Kyllian Mbappé, considerado a estrela da equipe, se pronunciaram publicamente sobre a questão.

“A situação é muito, muito grave. Ficamos todos um pouco chocados”, disse Thuram, em coletiva de imprensa durante o final da semana. “Temos que dizer a todos para irem votar e que lutem diariamente para evitar uma vitória do RN.”

O RN, citado pelo jogador, é o Rassemblent National (Reagrupamento Nacional), partido de direita radical comandado por Marine Le Pen e que tem o favoritismo nas eleições de 30 de junho e 7 de julho. A legenda, que adota um discurso anti-União Europeia e anti-imigração, já levou a maior bancada nas eleições para a UE no início do mês.

Agora, as pesquisas mais recentes apontam o partido com uma leve vantagem sobre uma frente com todos os partidos de esquerda unidos — o que, se concretizado, pode levar a um período de três anos de coabitação (onde o presidente Emmanuel Macron, de centro, terá de conviver com um primeiro-ministro bem mais à direita do seu espectro, sem seu controle).

A possibilidade levou os jogadores a se manifestarem. “Faço um apelo aos jovens para votarem. Vemos que o extremismo está às portas do poder, disse Mbappé, que fraturou o nariz na estreia contra a Áustria e deve jogar o resto do torneio de máscara. O ex-jogador Thierry Henry, uma das principais estrelas do país nos anos 2000, se aliou ao discurso dos jogadores — hoje, ele é dirigente da equipe.

Por mais que o RN tenha recebido a fala com indiferença, Mbappé é importante demais para se ignorar.  “Não espero que as pessoas desconectadas da realidade deem lições aos franceses”, disse o vice-presidente do partido, Sebastién Chenu, em resposta. A Federação Francesa de Futebol (FFF) garantiu que os jogadores poderão se manifestar, mas pediu que se “evite toda forma de pressão e utilização política da equipe francesa” — que volta aos gramados nesta sexta-feira, 21, contra os Países Baixos.

Leia mais em Crusoé: Traições, alianças e um par de chaves reservas: a política da França em parafuso

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