Lira diz que Câmara não deve refletir a vontade de 'um indivíduo'; deputado preso dobra a aposta contra o STF

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (foto), afirmou no fim da noite desta terça-feira, 16, logo após a notícia da prisão do deputado Daniel Silveira, que a casa "não deve refletir a vontade ou a posição de um indivíduo, mas do coletivo de seus colegiados, de suas instâncias e de sua vontade soberana, o plenário".

"Nesta hora de grande apreensão, quero tranquilizar a todos e reiterar que irei conduzir o atual episódio com serenidade e consciência de minhas responsabilidades para com a instituição e a democracia", prosseguiu Lira, sem deixar clara sua posição pessoal em relação à ordem expedida pelo ministro Alexandre de Moraes.

"Irei me guiar pela única bússola legítima no regime democrático, a Constituição. E pelo único meio civilizado de exercício da democracia, o diálogo e o respeito à opinião majoritária da instituição que represento", disse ainda o presidente da Câmara.

O artigo 53 da Constituição prevê que, em caso de prisão de um deputado federal, a Câmara pode, por maioria, ordenar a soltura do parlamentar.

Em um vídeo gravado enquanto a Polícia Federal já estava em sua casa, no Rio de Janeiro, o deputado Daniel Silveira reiterou os ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal.

Dirigindo-se a Alexandre de Moraes, ele afirmou: "Ministro, eu quero que você saiba que você está entrando em uma queda de braço que você não pode vencer. Não adianta você tentar me calar. Eu já fui preso mais de 90 vezes na Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro. Fiquei em lugares que você nem imagina. (...) Você acha que vai me assustar e me calar? Claro que não˜.

"Na verdade, isso só vai me motivar, isso é um aditivo para que eu continue a provar para o povo brasileiro quem são vocês que ocupam o cargo de ministro do STF. A partir daqui o jogo evoluiu um pouquinho. Eu vou dedicar cada minuto do meu mandato a mostrar quem é Alexandre de Moraes, a mostrar quem é Fachin, quem é Marco Aurélio Mello, quem é Gilmar Mendes, quem é Toffoli, quem é Lewandowski. Eu vou colocar um por um de vocês em seus devidos lugares", afirmou.

"Pelo meu país eu estou disposto a matar, a morrer, ser preso, tanto faz. Você não é capaz de me assustar", emendou o deputado. "Vou lá dormir na Polícia Federal e vamos ver o que que dá daqui pra frente, vamos ver quem é quem."