Indicado de Aras ao CNJ ajudou Flávio Bolsonaro e já defendeu ‘controle’ da Lava Jato

20.10.20 16:06

Indicado pelo procurador-geral, Augusto Aras, ao Conselho Nacional de Justiça, o procurador regional da República Sidney Madruga já tomou uma decisão que beneficiou o senador Flávio Bolsonaro, e foi protagonista de um episódio em que deixou clara sua visão de que a Lava Jato precisa ser controlada.

Madruga é um notório aliado de Aras. Em fevereiro deste ano, o PGR fez diversas mudanças na composição do quadro de conselheiros e coordenadores da Escola Superior do Ministério Público sem o aval de seu conselho administrativo. Entre os indicados, estava Sidney Madruga. Segundo conselheiros, Aras teria violado a autonomia do órgão. Também pelas mãos de Aras, Madruga passou a comandar o Grupo Executivo Nacional da Função Eleitoral, que coordena a atuação de todos os membros do Ministério Público na área eleitoral, desde maio.

Quando, na condição de procurador regional eleitoral do Rio, foi o responsável por conduzir uma investigação sobre lavagem de dinheiro e falsidade ideológica nas declarações de bens do senador Flávio Bolsonaro, durante as eleições de 2014 e 2016, Madruga tentou arquivar o inquérito sem sequer promover diligências, como quebras de sigilo bancário. A investida foi frustrada pela 2ª Câmara Criminal da PGR – o órgão devolveu a investigação ao MP do Rio.

Benevolente com o filho do presidente, o procurador chegou a instaurar um inquérito para investigar, nas eleições de 2016, Marcelo Freixo, do PSOL, e dirigentes da Universidade Federal do Rio. Madruga alegou “uso indevido da Universidade” em razão de um evento realizado na instituição em que o candidato estava presente. Ainda na esfera eleitoral, Madruga também atuou no processo que culminou com a inelegibilidade do ex-governador Luiz Fernando Pezão, do MDB, por beneficiar empresas que financiaram sua campanha.

Em sua atuação como procurador, no entanto, Sidney Madruga já desagradou líderes religiosos que apoiam o presidente Jair Bolsonaro. Em 2018, pediu a cassação do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, por usar a estrutura do Palácio da Cidade para promover a candidatura de um aliado. No mesmo ano, integrou uma força-tarefa para combate a abusos religiosos durante as eleições. Em 2005, quando atuou no Ministério Público Federal da Bahia, assinou uma ação civil pública contra o livro “Orixás, Caboclos, e Guias: Deuses ou Demônios?”, do bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal.

Em 2017, Madruga esteve enredado num rumoroso caso envolvendo a PGR. Durante a crise que culminou com a rescisão da delação da JBS, o procurador teve de deixar a equipe da então procuradora-geral Raquel Dodge após ser flagrado, pelo jornal Folha de S. Paulo, em um almoço com a advogada Fernanda Tortima, que atuou no acordo do grupo. No encontro, não apenas disse que um aliado do ex-procurador-geral, Rodrigo Janot, seria investigado por suas relações com os delatores, como também afirmou a Tortima que, na gestão Dodge, haveria mais “controle” sobre a Operação Lava Jato, que, em sua visão, estaria “muito solta”.

A indicação de Aras para ser aprovada ainda terá de passar pelo crivo do Senado, onde precisa de 41 dos 81 votos.

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  1. Todos os dias esse governo faz alguma coisa para aparelhar o Estado.... quem viver verá o fim do estado democrático de direito....

    1. Um dia eu achei que nunca mais eu veria um presidente pior que lula! Meu Deus que país é esse ?

    1. Meu medo é que ainda tentem contra a vida do Moro ! EU se fosse ele juntava minha família e ia embora para bem longe do Brasil.

    1. Se alguém achava que tava ruim vai ver de agora pra frente

    1. A pandemia não nos deixa ir as ruas protestar e o "mecanismo" está se aproveitando dessa situação. Triste fim do Brasil

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