Até que ponto a eleição no Peru indica uma onda de esquerda na América Latina
Mesmo antes do final da contagem de votos no Peru, governantes e ex-presidentes de esquerda da América Latina parabenizaram o candidato Pedro Castillo, que aparece 0,4 ponto percentual à frente de Keiko Fujimori. O presidente argentino, Alberto Fernández, e o boliviano, Luis Arce, enviaram mensagens festivas para Castillo, assim como os ex-presidentes Lula, Dilma Rousseff,...
Mesmo antes do final da contagem de votos no Peru, governantes e ex-presidentes de esquerda da América Latina parabenizaram o candidato Pedro Castillo, que aparece 0,4 ponto percentual à frente de Keiko Fujimori.
O presidente argentino, Alberto Fernández, e o boliviano, Luis Arce, enviaram mensagens festivas para Castillo, assim como os ex-presidentes Lula, Dilma Rousseff, o boliviano Evo Morales, o equatoriano Rafael Correa e o paraguaio Fernando Lugo.
Mas a perspectiva de que uma vitória de Castillo marque o surgimento de uma nova onda de esquerda na região é duvidosa. "Castillo pode se considerar um marxista-leninista e contar com a simpatia de outros políticos de esquerda, mas há diferenças importantes entre ele e todos os outros", diz Christopher Mendonça, professor de relações internacionais do Ibmec, em Belo Horizonte.
Nas questões de comportamento, Castillo é conservador. Ele é contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a legalização do aborto. Vai na contramão de todos os demais, principalmente do argentino Alberto Fernández, que tem forte apoio da comunidade feminista e LGBT.
No plano social, Castillo promete um sistema de saúde integrado, semelhante ao brasileiro SUS, algo que não existe no Peru. Também fala em facilitar o acesso à educação pública. "A grande incerteza é que as promessas que ele tem feito são grandes demais para o caixa que ele terá à disposição. Sem recursos, ele pode acabar como o argentino Alberto Fernández, que prometeu muito e não fez nada", diz Mendonça.
Mesmo ganhando a eleição, o apoio de Castillo entre a população não chegará ao mesmo nível que presidentes bolivarianos como Hugo Chávez e Evo Morales tiveram no início de seus mandatos. Ele terá quase a mesma quantidade de votos de Keiko Fujimori. No Congresso, Castillo não terá a maioria necessária para mudar a Constituição, nacionalizar empresas e privatizar o sistema de aposentadoria.
"Se confirmada, a vitória de Castillo pode até se tornar um ponto negativo para a esquerda na região, porque ele não conseguirá entregar tudo o que prometeu", diz Mendonça.
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Comentários (2)
Magdalena
2021-06-12 12:57:09Bolsonero poderia copiar o modelito do presidente peruano, combina com o estilo populista e endeusamento dos dois pelo gado cego
Tocqueville
2021-06-12 00:44:02Em 2 anos, Castillo, filhote ideológico de Fidel Castro, já terá destruído a economia peruana.