Exclusivo: Mourão revela novas ameaças a Bolsonaro e fala em "atiradores", "carros-bomba" e "grupos terroristas"
O general Hamilton Mourão ri. Gargalha. Em sua sala na sede do governo de transição, a poucos metros do gabinete ocupado por Jair Bolsonaro, ele pede o celular a um assessor para reler uma piada que recebera do filho por WhatsApp. Era sobre o atentado na catedral em Campinas e o rumoroso caso do médium...
O general Hamilton Mourão ri. Gargalha. Em sua sala na sede do governo de transição, a poucos metros do gabinete ocupado por Jair Bolsonaro, ele pede o celular a um assessor para reler uma piada que recebera do filho por WhatsApp. Era sobre o atentado na catedral em Campinas e o rumoroso caso do médium João de Deus. “Aqui ó: tá complicado. Se a gente vai na igreja, morre baleado. Se vai procurar um tratamento espiritual, comem a gente. O negócio é ficar no bar”, lê, entre risos. Do lado de fora, um amontoado de gente, entre parlamentares e outros interessados em assuntos do governo, aguarda no corredor à espera de reuniões com os futuros ministros, que também despacham ali. Apesar da segurança reforçada e dos detectores de metal pelos quais todos precisam passar, o quartel-general do governo eleito parece um salão de festas. Ou o plenário do Congresso Nacional em dia de grande movimento. Ao receber Crusoé, Mourão aponta para fora, onde está o corredor movimentado, para falar das demandas que chegam aos montes todos os dias para Bolsonaro. O vice afirma que até hoje não conversou direito com o futuro presidente para saber que funções terá no governo. Esforça-se para tirar por menos o fato de uma conversa dessa importância não ter ocorrido ainda. E repisa, apesar dos rumores em contrário, que sua relação com Bolsonaro vai muito bem.
O vice faz questão, contudo, de demarcar sua independência em relação a alguns assuntos candentes. Por exemplo: defende investigação sobre o caso do ex-funcionário de Flávio Bolsonaro que movimentou 1,2 milhão de reais, doa a quem doer: “Se chegarem à conclusão de que houve alguma ilicitude, puna-se a quem tiver que ser punido”. Mourão diz que, se era uma caixinha no gabinete do filho de Jair Bolsonaro, trata-se de uma “burrice ao cubo” porque algumas das transações eram feitas por meio de transferências bancárias. O vice surpreende ao dizer que, quando os filhos de Bolsonaro falam (refere-se ao tuíte em que um deles afirmou que pessoas próximas estariam interessadas na morte do presidente eleito), é Bolsonaro quem está falando. Surpreende mais ainda ao falar a razão pela qual procurou ignorar a tal afirmação de Carlos Bolsonaro sobre aliados que desejariam a morte do pai: “Eu não passo recibo”. O burburinho do lado de fora prossegue. Mourão continua falante. Indagado se o presidente eleito realmente está sob ameaça, diz que sim: “Grave ameaça”. E revela que informes dos serviços de inteligência apontam que haveria planos, com participação inclusive de grupos terroristas estrangeiros, para matar Bolsonaro com atiradores de elite e carros-bomba. Mesmo assim, entre piadas e gargalhadas, o general se diz tranquilo. “Eu não sou o alvo. O alvo é Bolsonaro.” A seguir, a entrevista concedida por Hamilton Mourão a Crusoé na tarde desta quarta-feira.
Qual a expectativa do sr. em relação ao novo governo?
A melhor possível. O presidente foi eleito numa votação bem expressiva, cristalizando uma onda de mudança que a população queria. O Bolsonaro soube como ninguém encarnar isso. A gente anda na rua aí e vê. Eu tenho andado direto, eu não estou na situação dele, né, que é alvo, viajo em avião de carreira, vou à praia, vou à academia, vou a bar, vou a restaurante, vou ao shopping. Tenho as liberdades que ele não tem, né? Infelizmente o coitado não consegue mais essa situação. Então, em todo lugar é a manifestação de carinho, apoio e esperança das pessoas.
O sr. não é importunado?
O importúnio é o pessoal que quer tirar foto. Vêm um, dois, três, quatro, isso é que é o maior problema.
Como está a relação do sr. com o presidente eleito?
Muito boa, tranquila.
Há rumores, dentro da própria equipe, de que não está boa.
Não, minha relação com o presidente é tranquila. Eu não procuro atrapalhar, o presidente sofre pressões pela questão da escolha do ministério, pressões normais já da integração com o Congresso. Eu não quero ser fonte de problema para ele. Pelo contrário. Quero ser solução para quando ele precisar.
Mas o que exatamente o sr. tem evitado para não ser fonte de problemas para Bolsonaro?
Evitar demanda, uma porção de gente vem aqui me pedir coisa. Eu mato no peito aqui no meu nível, né? Não vou lá para ele para ficar perturbando, e dizendo: “Tem que ver isso para fulano, isso aqui para sicrano”. Não. Mato a bola aqui e fica aqui comigo. Eu já sei que tem muita gente pressionando ele. Quanto menos eu for motivo para isso…
E o sr. acompanha essas pressões?
Muita coisa vem acontecendo. A gente nota, né? Não preciso estar ali. Eu converso com ele aqui, todo dia de manhã, 30 minutos. A gente conversa entre 9 e 9 e meia, quando nenhum dos dois tem agenda. É a hora que a gente tem de ter uma conversa mais calma e tranquila.
Todos os dias?
Todo dia, todo dia, todo dia.
E ele atualiza o sr. sobre essas demandas?
É, (diz) o que ele vai fazer, o que não vai fazer, né? O que ele tem de importante no dia, se tem alguma coisa que ele acha que eu tenho que estar com ele. É mais ou menos assim que a gente tem trabalhado.
Na primeira entrevista coletiva após a vitória, Bolsonaro afirmou que não sabia onde o sr. estava e que não conversava muito com o sr.
Não, mas eu acho que ele não falou isso. A primeira entrevista após a vitória foi ali no dia 29, que eu tinha vindo votar em Brasília, meu voo foi cancelado e fui chegar na casa dele depois que ele concedeu a entrevista. Mas não desse jeito.
Ele disse: “Tenho pouco contato com o Mourão”. Foi quando ele falou que o convite a Sergio Moro não foi feito durante a campanha, ao contrário do que o sr. havia dito.
Acho que ele não se deu conta disso aí.
A relação é boa, então?
Tranquila. A relação é tranquila.
Como tem avaliado as atitudes dos filhos do presidente eleito, que têm falado em nome do governo e tocado em assuntos sensíveis? Um deles chegou a dizer que gente do entorno do próprio Bolsonaro quer vê-lo morto.
Olha, a questão dos filhos, rapaz… Filho é filho, né? Os filhos do Bolsonaro são pessoas que eu considero bem-sucedidas. Acho que você ter três filhos homens, vamos colocar os mais velhos, do primeiro casamento, os três seguiram na esteira do pai na política. Tá bom, mas podem ter sido eleitos porque tiveram o apoio do pai. Mas todos tiveram votações expressivas. Acho que é um orgulho para um pai, os filhos nessa situação. E é uma família, eles são unidos, têm uma relação muito próxima, enfrentaram aí ao longo da vida deles uma série de problemas. O último aí, a questão do atentado que ele sofreu. Isso tende a fazer o núcleo familiar mais unido. Eu acho que ele tem muita confiança no trabalho desses rapazes, e acho natural que algumas vezes eles se expressem, sejam ali o porta-voz do pai, vamos dizer o porta-voz não oficial do pai. Acho isso normal. Não vejo problema nisso aí, não.
Quando eles falam, o sr. entende que é o pai que fala?
Na maioria das vezes, sim, né? Eu acho que em vez de chegar o pai logo e ter de dar o primeiro combate, ele deixa que o filho dê o primeiro combate.
Recentemente, causou polêmica o tal post no Twitter de Carlos Bolsonaro dizendo que há pessoas do entorno do presidente eleito que querem vê-lo morto para assumir o poder. E pessoas do entorno dizem que ele se referia ao sr. Como o sr. recebeu essa manifestação do filho?
Olha, eu não interpretei dessa forma, né? Porque eu não passo recibo nas coisas. Já me perguntaram isso. Eu digo: “Tem que perguntar para o Carlos”. Ele é que escreveu, ele é que tem que explicar. Eu não dei nem bola para isso aí. É como eu te disse. Não passo recibo.
E o sr. conversou com Bolsonaro sobre essa afirmação?
Eu não, eu não. Para que eu vou conversar? Estaria passando recibo também. Então, não tem o que dizer a esse respeito.
Se ele acha que o sr. quer assumir no lugar do pai, eu pergunto: o sr. quer ser o presidente do Brasil no lugar de Jair Bolsonaro?
Acho que eu já respondi esse troço outras vezes. Eu disse: “Se eu quisesse ser o presidente, eu tinha concorrido a presidente”. Vamos lembrar o seguinte. Qual era o meu propósito? O Bolsonaro conversou comigo por muito tempo, e disse: “Pô, você tem que ser candidato a Senado, governador”. Eu, não, não vou ser candidato a Senado. Eu vou ser presidente do Clube Militar. Era o que eu queria. Estaria lá no Rio de Janeiro, tranquilo. No último minuto, ele precisou de mim. Essa foi a realidade.
Nos seus pensamentos mais íntimos, o sr. considera a possibilidade de eventualmente ter que assumir a cadeira presidencial?
Não. Não penso nisso. Não tenho a mínima visão de ter que assumir a Presidência. Assumirei naqueles afastamentos eventuais do presidente, conforme está previsto na Constituição. Não tenho essa visão.
O sr. já tem planos para esses dias em que Bolsonaro ficará afastado por causa da cirurgia?
Há uma coisa que no Exército é muito clara. Quando o subcomandante assume temporariamente, cumpram-se as ordens em vigor. É exatamente o que eu vou fazer. Cumprir as ordens em vigor. Não vou fazer que nem o cara que pegou o avião e foi para Mombaça, né?
Fernando Haddad afirmou que o sr. é um jogador no banco de reserva em aquecimento antes do jogo. E Renan Calheiros declarou que a maior pedra no caminho no Brasil é um conflito entre o presidente eleito e o vice-presidente eleito. Eles estão certos?
Eu vou repetir: não há conflito nenhum, esses dois são de oposição. O que interessa à oposição? Criar o conflito. Então eles declaram o que eles quiserem. Eu não vou responder, nem para o Haddad. Aliás o Haddad está sendo processado por mim, pelas declarações dele durante a campanha eleitoral. E o Renan… Não vou nem tocar nesse assunto.
Quanto ao caso relevado pelo relatório do Coaf sobre as transações do ex-assessor de Flávio Bolsonaro, é algo que o sr. entende que precisa ser esclarecido, considerando que o futuro governo chegou ao poder levantando a bandeira anticorrupção?
Eu acho que tem que ser investigado. Obviamente está sendo investigado, o Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro está trabalhando nisso aí, e se chegarem à conclusão de que houve alguma ilicitude, puna-se a quem tiver que ser punido.
Até o filho do presidente, se for preciso?
Não sei se ele está envolvido.
Até o presidente?
Não, eu não sei, né? Não sei quem é que está envolvido, né? Vamos aguardar a evolução dos acontecimentos. Eu não posso chegar e… Seria leviano da minha parte eu chegar e emitir um juízo de valor sobre algo que eu não sei.
Pela sua experiência, o que o sr. acredita que é aquilo ali?
Não sei. Sinceramente, não sei. Até porque eu nunca me deparei com casos dessa natureza na minha vida. E acho até, por exemplo, o seguinte: quando há ilicitude, o cara não faz por meio de transferência bancária, né? Você vê ali aquele troço que está colocado, os funcionários depositavam dinheiro na conta do cara. Pô, por que o cara não entregava o dinheiro em espécie? Quando há ilicitude, o dinheiro é entregue em espécie. A partir do momento que você coloca a conta bancária, você está passando recibo, né?
Quem entende dos meandros de parlamentos em geral, assembleias estaduais diz que…
(O vice interrompe a pergunta e antecipa a resposta) É, o cara cobra uma caixinha, né? Mas eu vejo que se eu fosse cobrar caixinha, vamos colocar aqui, sou eu o cara que estou planejando esse ilícito aí. Tu é meu funcionário, o Eduardo é meu funcionário. Eu digo assim: “Ó, todo início de mês, tu vem e traz 2 mil, mas cash aqui pra mim”. Era isso o que eu faria, pô. Agora, mandar: “Não, bota na minha conta aqui”.
Se foi isso, foi burrice?
Porra! Burrice? Burrice ao cubo! Ao cubo.
O sr. vai sair do prédio anexo da Vice-Presidência e despachar ao lado do gabinete presidencial. Que conselho daria nesse caso que envolve o filho do presidente?
Por enquanto eu não tenho, como eu vou dizer, elementos para emitir um juízo de valor nisso daí. Eu não sei até que ponto o Flávio tinha conhecimento. Porque, presta atenção, o dono da bola se chama Queiroz (refere-se a Fabrício Queiroz, o PM que era assessor do filho de Bolsonaro). Ele é o dono da bola. É o dono da bola. Esse cara tem que vir a público e dizer. Ou ele diz: “Não, isso era um esquema meu, que eu arrumei emprego para esse povo todo aqui e eles me pagaram”, ou ele diz que a culpa é do Flávio.
Isso vai acontecer?
Ele vai ter que vir a público, né? Porque tem uma…
Ele vai assumir a responsabilidade?
Não sei.
Não está demorando, general?
(O assessor de Mourão interrompe a entrevista para dizer que o caso do Coaf é um assunto que “não é da cadeira do vice-presidente.”)
Ainda sobre este assunto. Esse será um problema para o ministro Moro?
Não. É uma investigação do Ministério Público Estadual.
Se eventualmente evoluir, virar uma investigação federal.
Por que vai virar?
Se se houver envolvimento de alguém com foro privilegiado, por exemplo.
Tem que ver. O ilícito foi cometido quando? Se houve o ilícito, né? Tem que ver todas as questões jurídicas. E o moro não é o xerife da República. Não é representante do Judiciário. Ele é ministro da Justiça. Não se pode confundir ministro da Justiça com advogado do governo. Isso era comum no tempo do PT, né?
Qual será exatamente o papel do sr. no futuro governo?
O papel é o que está definido no artigo 79 da Constituição. Ele coloca lá que o vice-presidente, além das missões definidas em lei complementar, e existem três paradas no Congresso que nunca foram votadas, são aquelas missões que o presidente da República lhe designar. Estou aguardando que o presidente chegue pra mim e diga: “Olha, vou precisar que você coordene isso, vou precisar que você me represente junto aos fóruns internacionais”. Estou aguardando.
Isso não aconteceu ainda?
Por enquanto, ainda não. Vai acontecer em algum momento. Ele vai chegar e vai definir a manobra dele.
Já não deveria ter havido essa conversa?
Eu estou aguardando que ele... Vocês têm que entender que o presidente sobreviveu a um atentado em que ele não morreu por milímetros. Ele ainda está traumatizado desse atentado. O cara tem que organizar governo. Esse estresse que ele vive, o cara não tem vida. Quem conhece a pessoa dinâmica que é o Bolsonaro, que gostava de caminhar na praia, fazer a corrida dele, ele não pode fazer mais nada. Olha a situação do cara.
Mas ele tem tido tempo para falar com bancadas, com aliados. Não é estranho que não tenha falado com o sr. ainda sobre isso?
Depois que ele tiver a ideia completa de como construir isso aí ele vai chegar e dizer.
Os analistas políticos repetem que o ministro Onyx não terá relacionamento suficiente com o Congresso para aprovar reformas e outras propostas do governo.
O ministro Onyx é um parlamentar em terceiro ou quarto mandato. Ele tem a experiência dele. Vamos aguardar, né? Ele está montando a equipe dele para poder fazer a ligação com o Congresso. Que eu saiba, está pegando alguns parlamentares que não foram reeleitos. Ele vai ter que ter essas pontas de lança dele lá dentro. O próprio presidente está fazendo esse trabalho, a partir do momento em que ele está reunindo as bancadas dos partidos, e eu acho que ele tem capacidade para fazer isso, porque é um cara que vem de lá de dentro.
No Congresso há quem entenda que o futuro governo vai mobilizar seus apoiadores, por meio da internet, contra os parlamentares quando não conseguir aprovar suas propostas. É algo que está no cenário?
Eu não estou vendo as coisas dessa forma. A nossa relação com o Congresso tem que ser feita de forma muito clara, muito limpa, mostrando aos congressistas as necessidades do país. Eles têm que entender as necessidades do país. Se o cara ficar preso naquele mundinho dele, o país vai se desfazer. Eles (os parlamentares) sabem que, se não fizermos nada, se não conseguirmos produzir alguma coisa, em 2022 o governo fecha. Vai ficar pior do que o governo do estado do Rio de Janeiro, do que o estado do Rio Grande do Sul. O Congresso terá que entender isso. Até porque isso afeta os estados da federação, que estão em situação similar, e é de onde vêm os congressistas. Se eles não entenderem isso... E nós temos que comunicar para a população, terá que entender as medidas que serão tomadas, como reforma da Previdência, reforma tributária, desvinculação de receitas. Essas coisas têm que ser bem trabalhadas em conversas com o Congresso, de uma forma honesta e franca.
O governo vai conseguir aprovar as reformas?
O governo vai fazer todo o esforço, possível e impossível, para que essas reformas sejam aprovadas. Porque, se não forem aprovadas, é o que estou falando: nós vamos marcar passo e vamos estagnar o país.
Qual será o papel dos militares no governo?
Artigo 142 da Constituição, nada a mais do que aquilo. Não passa disso aí: defesa da pátria, garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer um desses, defesa da lei e da ordem.
E o dos militares que estarão no governo?
São cidadãos que foram militares. São cidadãos que estão no governo. Somos oficiais da reserva. Nosso tempo de Exército passou. Nós somos história no Exército, retrato na parede.
Mas os senhores têm conceitos, o de proteção à soberania, que em algumas áreas se chocam com o ultraliberalismo pregado por Paulo Guedes. Como lidar com isso?
Acho que não há dicomotia entre o que o Paulo Guedes está pregando e a nossa soberania.
Nas privatizações, por exemplo.
Privatizar não é entregar a soberania. Entregar a soberania é permitir que outro exército esteja aqui dentro do país. Isso é entregar a soberania.
Mas qual é o limite das privatizações?
O presidente já colocou isso. Ele acha que a Petrobras, a Caixa Econômica e o Banco do Brasil não devem ser privatizados. O resto está exposto ao sol.
E o sr. está de acordo?
Plenamente.
Quanto ao resto...
O resto está ao sol aí. Você tem várias linhas de ação para o resto. Tem empresas que é melhor fechar, fechar essa porcaria porque isso não funciona. Tem outras que você pode fazer um IPO (sigla em inglês para oferta pública de ações), ficando com uma golden share na mão do governo, e outras que você passa nos cobres mesmo, vende e acabou, não tem saída.
Em que medida Jair Bolsonaro ainda está sob ameaça? Há ameaças graves contra ele?
Há ameaças graves.
Por exemplo?
Existem ameaças transmitidas pelos serviços de inteligência. Desde atirador a carro-bomba, tem de tudo.
Vindas de onde?
Aí eu não posso dizer porque são dados de inteligência.
Mas seriam de facções criminosas?
É, de facções criminosas em associação com grupos terroristas do exterior.
Que grupos?
Não vou falar.
Essas ameaças são atuais?
São atuais.
Envolvem algum evento específico? A cerimônia de posse, por exemplo?
A posse, ainda existe (risco). Estão sendo analisadas todas (as possibilidades). É aquilo que a gente chama de jogo de guerra: o que o inimigo pode?
E por que grupos terroristas internacionais estariam interessados em alvejar Bolsonaro?
Não sei. Por que as facções estariam interessadas? Vamos ver. Tem que esmiuçar isso aí, né?
A PF investiga um suposto patrocínio do PCC no atentado de setembro.
Eu tenho a minha suspeita. Pode ter sido oriundo de uma facção dessa natureza. Depois tivemos aquele incidente lá no sul de Minas Gerais, aquela troca de tiros com os caras conduzindo dinheiro vivo... O que que era aquilo ali? Até hoje não está esclarecido.
O sr. também se considera ameaçado?
Não. Eu não sou alvo. Bolsonaro é que é o alvo.
E em que medida isso preocupa o sr.?
Me preocupa porque seria péssimo para o Brasil que acontecesse alguma coisa. Vamos lembrar que a população elegeu ele presidente da República. Seria muito ruim para o país, além de romper com uma cultura nossa, porque onde se mata presidente é nos Estados Unidos, não é aqui.
As agências de inteligência estrangeiras estão cooperando com informações sobre essas supostas ameaças?
Acredito que haja troca de informações entre os serviços de inteligência dos países com que temos afinidade.
Há no cenário dos senhores a perspectiva de que o Brasil, agora, passará a ser alvo do terrorismo internacional?
Existem indícios, há muito tempo, de que aquela região da Tríplice Fronteira é área de homizio e de, vamos colocar assim, atividades econômicas dos grupos terroristas islâmicos. Lá eles levam o cara para dar uma esfriada e, ali, pelo comércio, eles produzem recursos que são mandados para o exterior. Disso aí os indícios são grandes.
É grave o que o sr. disse a respeito de informações de inteligência sobre um possível novo atentado contra Bolsonaro. O que mais o sr. sabe?
Os dados que eu tenho são esses. Eu não tenho detalhes....
Isso aconteceria em Brasília, no Rio? Onde seria? O que dizem esses informes?
Não está dito assim: “Tal dia, tal hora, vamos fazer isso”. O que existem são as ameaças, né? Que têm sido, vamos dizer assim, verificadas aí, por interceptação telefônica, por esses programas que fazem o trabalho da deep web, então você pega dado daqui, dado dali e vai montando. É um trabalho de inteligência normal.
Alguém já foi preso nessas investigações?
Não.
Já houve alguma ação concreta no sentido de combater esses supostos planos?
Não. Não tem ninguém preso. A ação está em cima da proteção que está sendo dada a ele. Você pode notar que é uma proteção muito acima da normal que um presidente da República recebe.
Diante dessa situação, será possível uma posse nos moldes tradicionais?
A única coisa que está em discussão é o desfile em carro aberto, né? Ainda vai ser definido, ele vai decidir isso aí.
Vai ter discurso no parlatório, subida da rampa do Planalto?
Vai, vai, tudo vai ter. Com os devidos cuidados.
Seu futuro vizinho de Planalto, ministro Onyx Lorenzoni, enfrenta suspeita de caixa dois. O sr. põe a mão no fogo por Onyx?
Pô, foi uma pergunta do caceta, né? Eu não ponho a mão no fogo nem por mim.
Não?
É brincadeira.
E por Flávio Bolsonaro?
A coisa é a seguinte: tem o indício. Então, que se investigue. O próprio Onyx falou que a investigação irá libertá-lo do peso do que pode ter acontecido. Então ele está tranquilo. O próprio ministro Moro disse que está bem, está tranquilo. Segue o baile.
O sr. também está tranquilo quanto a esses casos?
Estou tranquilaço. Não me afeta. Não tenho nada. Durmo tranquilamente todas as noites.
O sr. comandava tropas na Amazônia até tempos atrás. Passava por sua que um dia o sr. chegaria a esse lugar?
Nunca! Nem nos meus sonhos mais selvagens, pô. Jamais, jamais. Meu negócio era estar no Rio de Janeiro, tranquilamente. Pô, essa hora, o que foi? Faltam 25 para as 5 (da tarde), estaria quase terminando o expediente no clube.
Depois da posse, vai manter a rotina de vôlei e montaria todas as manhãs?
Lógico. Chopp no Resenha (bar da Asa Sul, em Brasília), cavalo, tudo. Nada vai mudar.
Vai ser um vice-presidente bastante ativo, então.
Ativo nesse sentido (risos).
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Comentários (10)
Joel Arruda Câmara
2018-12-15 15:16:00ESSE GENERAL FALANDO DE "ATIRADORES", "CARRO-BOMBA", "TERRORISTA", PRESTIGIA, PREVINE E INCENTIVA O INIMIGO. NÃO DEVE SER DIVULGADA, A NÃO SER DEPOIS DE VENCIDA A BATALHA . POR EXEMPLO, A EXTRADIÇÃO DO BATTISTI SÓ DEVERIA SER DIVULGADA DEPOIS DE ELE ESTAR NA CADEIA. AGORA É TARDE.
Edson
2018-12-15 01:07:20A revista precisa mostrar que não está defendendo cegamente o Bolsonaro e aí entram nesse clima de botar pressão , é claro que a revista precisa ser neutra politicamente e fazer uma trajetória de imparcialidade mas ficar extrapolando aí pega mal demais.
JORGE
2018-12-14 20:56:57Péssimo trabalho dos entrevistadores. Forçaram demais a barra para constranger o vice e colocá- contra o presidente. Parece até que os jornalistas são petistas. Ridículo
Erison
2018-12-14 19:10:33Tb senti canseira nessa entrevista. Entrevistador mala pesada...
Sonia
2018-12-14 02:15:31Que entrevista cansativa. O jornalista ficou um tempão forçando a barra na mesma pergunta, sobre a relação do vice e o presidente. Tem que ter muita paciência com jornalista mala. Eu não teria. Mourão é tão inteligente,com um conhecimento acima da média, e ficaram só especulando sobre o caso Flávio, Onix, que já está maçante na imprensa. Nada novo. Entrevista chata. Pelas perguntas, acho que até eu poderia ser jornalista...rsrsrsr
Giovanni
2018-12-13 21:42:48General 10 estrelas. Quero ver o Governo de JB recheado de estrelas. Pessoas cultas, inteligentes e honradas.
tarso
2018-12-13 18:16:51acho que esta entrevista poderia ser bem melhor , a sensasao que tive e de que um encontro casual gerou um monte de perguntas.
MANOEL
2018-12-13 18:02:33Gostei, acho o General um cara culto e muito inteligente e ainda tem a vantagem de ser muito transparente, sinal de honestidade. A entrevista é muito oportuna e esclarecedora. Parabens a Crusoé.
MARIA
2018-12-13 17:46:43Inteligente, culto e bem-humorado. Mourão é perfeito!
ANTÔNIO
2018-12-13 17:25:14Perguntas tendenciosas, que buscaram fomentar um embate entre JB e Mourão. Tanta coisa poderia ser perguntado, assim como estão as investigações sobre o marginal que esfaqueou o JB e assim por diante.