Etanol americano, açúcar brasileiro e a falta de reciprocidade de Trump
Nas negociações com os Estados Unidos, o Brasil aumentou a cota de etanol americano que pode ser importado sem o pagamento de impostos, mas não conseguiu elevar a cota para exportar açúcar aos Estados Unidos. Apesar dessas duas coisas parecerem similares, a cota de etanol e a de açúcar não podem ser pesadas na mesma balança....
Nas negociações com os Estados Unidos, o Brasil aumentou a cota de etanol americano que pode ser importado sem o pagamento de impostos, mas não conseguiu elevar a cota para exportar açúcar aos Estados Unidos.
Apesar dessas duas coisas parecerem similares, a cota de etanol e a de açúcar não podem ser pesadas na mesma balança. É preciso avaliar quem ganha e quem perde com cada uma dessas decisões.
"Se o Brasil reduzir a cota de etanol que importamos dos Estados Unidos sem taxas, o consumidor brasileiro terá de pagar mais e o governo em Brasília levará os dividendos", diz o economista Julio Maria Borges, sócio-diretor da Job Economia, em São Paulo.
A produção de etanol brasileiro não é suficiente para abastecer os postos de combustíveis (foto). Por causa disso, o Brasil é um importador de etanol americano. A cota colocada pelo governo permite que uma parte do volume entre no país livremente. A partir desse limiar, os importadores brasileiros precisam pagar impostos ao governo. Isso não afeta o valor recebido pelos exportadores americanos de etanol.
Quanto ao açúcar, a situação é distinta. Os americanos não produzem todo o açúcar que consomem. Ao comprar do mundo todo, eles decidiram dividir a importação em cotas para ajudar países e regiões mais pobres. No Brasil, por exemplo, apenas o Nordeste pode exportar açúcar para os Estados Unidos. O preço que os americanos pagam é cerca de 80% maior que o preço mundial. Nações pobres da América Latina e da Ásia também desfrutam desse privilégio.
"Para os Estados Unidos, mexer na cota de importação de açúcar é como mexer em um vespeiro. Para um país aumentar a cota, outro teria de perder, o que criaria um conflito geopolítico", diz Borges.
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Comentários (9)
Éder
2019-12-04 07:26:46A política de alinhamento automático do Brasil aos EUA é um desastre e nos submete a uma sequência de vexames internacionais em pouquíssimo tempo. O correto seria um alinhamento pragmático, condicionado pela reciprocidade.
Lucia
2019-12-03 20:56:53Acreditar q Olavo e Eduardo estão no comando da política externa é bizarro!
José
2019-12-03 19:08:27Não é que a produção de etanol não é suficiente para abastecer os postos. É que o etanol é misturado na gasolina, daí não é suficiente para quem quer somente álcool. Entendeu.?
Carlos
2019-12-03 16:02:58Quero que se entendam e abaixem o dólar ! Fuck the Rest !
Rachid
2019-12-03 14:30:03O Brasil não tem um política externa estratégica, quer voltada para as relações políticas entre países, quer na área comercial. Por outro lado, temos amadores olavistas no Itamaraty, além das incompetências de Jair e Eduardo Bolsonaro (este, metido a sabichão no assunto). Isto é, somos um barco à deriva em um oceano agitado. As preocupações de JB são ideológicas e com seu novo partido (o décimo), o Aliança. As reformas entraram em "férias". O Brasil acima de tudo é um detalhe apenas.
Virginia
2019-12-03 14:18:05Enquanto nós brasileiros não tratarmos a nossa menos valia seremos tratados assim como nos vemos, pobres coitados.
Brodowski
2019-12-03 14:06:32Nao acredito, nos nao nos ajudamos, nao damos e nao temos credibilidadde nenhuma, somos o que somos, porque sera, um stf desacreditado, um legislativo e executivo que so se beneficiam. Nos somos o problema.
LuisR
2019-12-03 13:58:09Etanol... usineiros falidos estão bem, obrigado!
Sandro
2019-12-03 13:42:21Para fazer negócio com os EUA tem que ser profissional. E não vejo profissionalismo do nosso time. Aliás, nunca fomos bons em comércio exterior, sempre preferimos nos fechar ao mundo e não é de hoje.