Alan Santos/PR

Com escolha de Mendonça, Bolsonaro acena à base e aposta em um ministro para chamar de seu

13.07.21 09:25

Desde o estreitamento de laços entre Jair Bolsonaro e os partidos do Centrão havia fortes dúvidas em Brasília de que o chefe do Planalto honraria sua promessa de indicar um ministro “terrivelmente evangélico” ao Supremo Tribunal Federal. As concessões cada vez mais frequentes de cargos e emendas aos aliados fisiológicos ajudaram a livrar o presidente da República do impeachment e não abalaram de maneira expressiva sua popularidade entre os eleitores mais fiéis e devotados. Mas a pouco mais de um ano das eleições e diante das incertezas sobre o futuro do casamento com o Centrão, Bolsonaro resolveu voltar à sua gênese. A escolha do advogado-geral da União, André Mendonça, para uma cadeira no STF representa o grande aceno do capitão da reserva ao “bolsonarismo raiz”.

O escolhido do presidente enfrenta resistências no Congresso, mas a aposta é de que o nome de Mendonça será aprovado. Pastor de uma igreja presbiteriana em Brasília, ele se cacifou para a vaga por ser evangélico, mas, principalmente por ter embarcado na defesa incondicional do chefe. No Ministério da Justiça, o advogado sacou do bolso com frequência a Lei de Segurança Nacional, criada na ditadura militar, para inibir a atuação de críticos do presidente da República, como jornalistas, escritores e influenciadores digitais.

A atuação alinhada ao autoritarismo de Bolsonaro fez André Mendonça ganhar espaço no Planalto. A fidelidade do advogado foi mais determinante do que sua religião – e, claro, contou mais do que os atributos constitucionais para a vaga. A despeito das objeções no Centrão, que desejava um nome 100% “confiável” como Kassio Marques, o presidente preferiu ter um ministro para chamar de seu.

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