Corina e Edmundo vencem Prêmio de Liberdade de Pensamento, anuncia Parlamento Europeu
Eles foram recompensados por terem “representado o povo da Venezuela que luta para restaurar a liberdade e a democracia”
O Prêmio Sakharov, a mais alta distinção da União Europeia em matéria de direitos humanos, foi atribuído nesta quinta-feira, 24 de outubro, a Maria Corina Machado e Edmundo González Urrutia, respectivamente líder e candidato da oposição venezuelana nas eleições presidenciais de julho.
Eles são recompensados por terem “representado o povo da Venezuela que luta para restaurar a liberdade e a democracia”. O nome dos vencedores foi anunciado pela Presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, após uma reunião dos chefes dos grupos políticos.
A Venezuela realizou eleições presidenciais em julho e a oposição divulgou contagens de votos que mostram que Edmundo Gonzalez obteve uma vitória retumbante. Não obstante, a comissão eleitoral nacional da Venezuela, declarou o ditador Nicolás Maduro, o vencedor, e o seu candidato da oposição, perseguido pelas autoridades venezuelanas, refugiou-se na Espanha.
“Edmundo e Maria continuaram lutando por uma transição de poder livre, justa e pacífica e defenderam destemidamente os valores caros a milhões de venezuelanos e a este Parlamento: a justiça, a democracia e o Estado de direito”, afirmou a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.
No dia 30 de setembro, Corina Machado recebeu também o Prêmio Vaclav Havel de Direitos Humanos do Conselho da Europa. A primeira latino-americana a ganhar este prêmio, reagiu afirmando, por videoconferência, que a ditadura no seu país caminhava para a sua queda inevitável. A cerimônia de entrega do Prêmio Sakharov será organizada em 18 de dezembro no Parlamento Europeu, em Estrasburgo.
Edmundo González agradece premiação
Em suas redes sociais, Edmundo González agradeceu a premiação:
“Hoje recebemos a notícia de que María Corina Machado e eu fomos premiados com a entrega do Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento. Como venezuelanos, este reconhecimento não pode deixar de nos encher de orgulho e satisfação.
Acima de tudo, este prêmio incorpora a profunda solidariedade dos povos da Europa com o povo venezuelano e sua luta pela recuperação da democracia.
Por isso quero agradecer ao Parlamento Europeu por nos conceder esta prestigiada distinção, entre cujos merecedores estão figuras tão admiráveis como Nelson Mandela, Malala Yousafzai ou Alexei Navalny.
Quero agradecer acima de tudo a María Corina Machado, uma pessoa excepcional que, com todo o seu talento político, sua dedicação absoluta e seu espírito indomável, abriu o caminho que percorremos atualmente, mantendo viva a chama da liberdade em nosso país.
E também quero expressar a gratidão, orgulho e admiração que sinto por meus compatriotas venezuelanos, que, com o máximo de civismo, coragem e determinação, enfrentaram durante anos, e continuam enfrentando, um regime que sistematicamente viola os direitos humanos. [...]
Mas a luta não terminou. O regime persiste em bloquear a mudança política, incorrendo em mais e mais violações dos direitos humanos e crimes contra a humanidade.
Em três meses, elevou o número de presos políticos de 300 para 2000, entre os quais estão pessoas com deficiência, mulheres e crianças.
Os democratas, dentro e fora da Venezuela, devem trabalhar juntos para fazer cumprir o mandato soberano do povo venezuelano. Essa é a nossa obrigação. A luta para atingir o objetivo continua. E nosso compromisso de alcançá-lo permanece até o fim”.
O Prêmio Sakharov
O Prêmio Sakharov é atribuído a indivíduos e organizações que defendem os direitos humanos e a democracia.
Todos os anos, o Prêmio Sakharov premia indivíduos ou organizações que defendem os direitos humanos e as liberdades fundamentais.
Dotado de 50 mil euros, leva o nome do dissidente soviético e físico nuclear Andreï Sakharov, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1975.
Vários vencedores do Prêmio Sakharov também receberam o Prêmio Nobel da Paz, como o ginecologista congolês Denis Mukwege, o Yazidi Nadia Murad, a paquistanesa Malala Yousafzai e Nelson Mandela.
Os outros finalistas
A delegação francesa do grupo Socialistas e Democratas, que propôs atribuir o prêmio às “Mulheres Wage Peace” e às “Mulheres do Sol”, duas organizações israelenses e palestinas que trabalham em conjunto pela paz no Oriente Médio, lamentou “uma oportunidade perdida para promover a paz e a reconciliação” no Oriente Médio.
O terceiro finalista deste ano foi Gubad Ibadoghlu, economista e ativista detido no Azerbaijão.
A direita nacional-populista europeia tinha proposto, sem sucesso, atribuir o prêmio ao bilionário Elon Musk pela sua contribuição para a “liberdade de expressão”.
María Corina Machado e Edmundo González vencem Prêmio Sájarov 2024 para Liberdade de Pensamento, anuncia Parlamento Europeu…
…enquanto governo Lula confraterniza com Maduro e outros ditadores nos Brics.https://t.co/AtMGw5EA34https://t.co/S7u8kcGNnrhttps://t.co/zx3ljx5SGs pic.twitter.com/431oOHbWwJ
— Felipe Moura Brasil (@FMouraBrasil) October 24, 2024
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