Adriano Machado/Crusoé

Como Alckmin pode atrapalhar o plano presidencial de Doria

06.12.20 14:06

Geraldo Alckmin ainda não digeriu o “BolsoDoria” das eleições de 2018. Embora tenha sido encampada por João Doria apenas no 2º turno, a dobradinha com o presidente Jair Bolsonaro já estava estampada em camisetas e na boca de aliados do atual governador desde o 1º turno, enquanto Alckmin afundava no pior desempenho da história do PSDB em uma disputa presidencial.

Dois dias após deixar as urnas com apenas 4% dos votos, Alckmin subiu o tom de forma completamente atípica para o seu perfil e insinuou que Doria era “falso” e “traidor” durante uma reunião com tucanos em Brasília para avaliar os resultados do 1º turno. Sete meses depois, Alckmin deixou o comando do PSDB, que passou a ter grande influência de Doria, e caiu no ostracismo político.

Agora, Alckmin terá a chance de dar o troco em Doria. Aliados dizem que o ex-governador cogita voltar a se candidatar ao governo do estado em 2022, fato que atrapalharia profundamente os planos de Doria. Obstinado em subir a rampa do Planalto e comprometido em não tentar a reeleição, o atual governador tem um acordo tácito com seu vice, Rodrigo Garcia, para apoiá-lo daqui a dois anos no estado em troca do apoio do DEM à sua candidatura presidencial.

Governado há 25 anos pelo PSDB, São Paulo é a joia da coroa para qualquer partido. Abrir mão do estado mais rico e populoso é um grande tabu no tucanato, mas já foi cogitado em 2018, quando a situação era inversa. Na ocasião, Alckmin era o ex-governador e candidato a presidente que queria que o PSDB apoiasse o seu vice, Márcio França, em troca do apoio nacional do PSB. Quem melou o plano foi justamente Doria.

O tucano largou a prefeitura de São Paulo apenas um ano e quatro meses após ter sido eleito, descumprindo uma promessa feita repetidas vezes ao eleitor, para se candidatar a governador contra Márcio França — saiu vitorioso após uma disputa acirrada no 2º turno, em que uma ala tucana apoiou França. O argumento usado por Doria era o de que seria preciso evitar que São Paulo caísse na mão da esquerda. Seus aliados diziam que era inadmissível o PSDB não ter candidato próprio no estado que comanda há mais de duas décadas.

Agora, esse é o argumento que serve perfeitamente a Alckmin para tentar voltar à vida pública. Com exceção do prefeito reeleito na capital, Bruno Covas, nenhum outro tucano exibiria uma força eleitoral tão superior à do vice-governador Rodrigo Garcia, que terá a máquina na mão depois que Doria renunciar em abril de 2022 para disputar a presidência.

Como é pouco provável que Covas abandone a prefeitura — ele também prometeu ficar quatro anos no cargo –, só Alckmin teria condições mais favoráveis de vencer e garantir o controle do estado ao partido. Tucanos afirmam que o “alckmismo” ainda é muito forte no interior do estado, comandado por Alckmin por 13 anos em três mandatos, e se o ex-governador quiser sair candidato será o favorito.

Caso isso ocorra, o DEM de Rodrigo Garcia já não teria mais o compromisso de apoiar Doria na eleição presidencial, o que também deixa o partido comandado por ACM Neto e Rodrigo Maia ainda mais inclinado a lançar candidatura própria ao Planalto, a mais desejada é a do apresentador Luciano Huck. Os Democratas estão empenhados em aposentar a pecha de partido satélite do PSDB.

Uma saída cogitada por aliados de Doria para manter o plano presidencial do governador seria oferecer a candidatura ao Senado para Alckmin, mantendo o apoio do partido a Rodrigo Garcia. Mas quem conhecesse o ex-governador acredita que ele não toparia a vaga apenas para ajudar Doria a conquistar uma cadeira que ele, José Serra e Aécio Neves, tucanos que também torcem o nariz para o atual governador, já tentaram e não conseguiram. “O Geraldo não engoliu o que o Doria fez com ele em 2018. Isso você pode ter certeza”, disse um tucano próximo a Doria.

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  1. Alckmin não insinuou, ele disse com todas as letras que Doria era traidor. E é mesmo, mas Alckmin tbm é. Lembram qdo ele deixou Cláudio Lembo na mão na ocasião dos ataques do PCC? Era candidato à presidência, tirou da reta e responsabilizou a administração do vice pelo ocorrido. De trairagem o tucanato é PHD.

  2. Calma Crusoé ! Vcs sabem que quem atrapalha o Doria é o próprio Doria. Parem de fazer de contas, este cara não elege pra mais nada !

  3. Evitar que SP caísse nas mãos da esquerda?!?! E agora vende tudo aos chineses?!?! Já viram algum hipócrita maior que Dória? Na próxima eleição votarei em quem melhor se opuser a esse crápula! A bem da salvação da ética, teria que ser expurgado do meio político para sempre!

  4. Graças A Deus tudo para impedir trairadoria chegar a previdência é válido Com trairadoria teríamos a economia de volta ao comando de Meirelles a velha política de juros altos ,real valorizado é incentivos a concentração bancaria

  5. Sem dar razão a ninguém, já que são todos eles doutores em traição, corrupção, canalhice, babaquice e malandragem, o Dória deverá passar da condição de fodedor para a de ser fodido.

  6. Ah...Mas será muito bem feito se Alckmin der o troco. Doria foi desleal e ingrato. Traiu sem nenhuma cerimônia. A vingança é prato que se come frio. Essa presepada de Doria não pode ficar de graça mesmo. O PSDB deveria fazer uma limpeza em seus quadros. E Doria , que não é dos históricos, mal chegou já quis ficar na janelinha, agora mereceria provar do próprio veneno e ser afastado da agremiação. Iria ser uma boa lição aos infiéis.

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