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Cessar-fogo traz difícil dilema para Netanyahu

03.06.24 11:16

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (foto), está em um difícil dilema. Se barrar as negociações para um cessar-fogo, perderá o apoio dos americanos e dos familiares de reféns israelenses. Se seguir adiante e um cessar-fogo for assinado, pode perder o seu posto. 

Na sexta, 31, os Estados Unidos anunciaram que um acordo de cessar-fogo estaria na mesa, faltando apenas a aprovação do grupo terrorista Hamas.

Nesse dia, o presidente americano Joe Biden publicou nas redes sociais que Israel teria oferecido um mapa do caminho para um cessar-fogo, incluindo a libertação de todos os reféns. O Catar teria enviado a proposta ao Hamas, segundo Biden.

É hora de esta guerra acabar“, disse Biden.

Nesta segunda, 3, o ministro de Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry, afirmou que as primeiras declarações do Hamas indicam que os terroristas receberam o plano de maneira “positiva” e só estariam esperando o posicionamento israelense.

O cessar-fogo aconteceria em três etapas, de acordo com o plano de Biden. Na primeira fase, todas as forças israelenses teriam de sair das áreas populosas de Gaza e todos os reféns seriam liberados. Na segunda, todas as forças israelenses deixariam a Faixa de Gaza. Na terceira, teria início um plano de reconstrução do território e os últimos corpos de sequestrados voltariam para as suas famílias.

 

Por que Bibi não pode aceitar um cessar-fogo?

O problema para Netanyahu é que, se ele aceitar o plano de Biden, ele pode perder o posto de primeiro-ministro.

Dentro da coalizão de governo de Netanyahu estão ministros mais à direita, que rejeitam qualquer acordo com o Hamas e querem a continuação da guerra.

Se esses partidos menores retirarem o apoio a Netanyahu, o governo cai e eleições antecipadas são convocadas.

No domingo, 2, o ministro das Finanças, Bezalei Smotrich, e o ministro da segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, ameaçaram derrubar o governo caso um acordo de cessar-fogo seja costurado.

Smotrich disse que “deixou claro” para Netanyahu que não faria mais parte do governo se o plano fosse adiante e que a guerra deve continuar até a “destruição do Hamas e a libertação de todos os reféns“.

Ben Gvir disse que seu partido, o Otzma Yehudit, deixaria a coalizão.

Se o primeiro-ministro implementar o acordo imprudente nas condições hoje publicadas, que significam o fim da guerra e a desistência da eliminação do Hamas, Otzma Yehudit dissolverá o governo”, disse Ben Gvir.

Netanyahu tem tentado convencer Smotrich e Ben Gvir a ficarem no governo.

Como Netanyahu é uma raposa política, que sempre fez o possível e o impossível para se manter no poder, o governo israelense deu declarações nesta segunda, 3, afirmando que a guerra não vai parar e levantando dúvidas sobre o plano de Biden.

A guerra será interrompida com o objetivo de devolver os reféns e, em seguida, prosseguiremos com outras discussões”, afirmou um porta-voz de Netanyahu.

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