O estilo egocêntrico e radical do presidente colombiano Gustavo Petro
Uma pesquisa Invamer publicada nesta quarta-feira, 13, mostra que 66% dos colombianos desaprovam a gestão do presidente Gustavo Petro (foto). Apenas 26% o aprovam. Há um ano, ele era aprovado por 48% e reprovado por 44%. Em entrevista a Crusoé, a cientista política colombiana Silvana Amaya explica os números baixos do presidente. Muitos colombianos...
Uma pesquisa Invamer publicada nesta quarta-feira, 13, mostra que 66% dos colombianos desaprovam a gestão do presidente Gustavo Petro (foto). Apenas 26% o aprovam. Há um ano, ele era aprovado por 48% e reprovado por 44%.
Em entrevista a Crusoé, a cientista política colombiana Silvana Amaya explica os números baixos do presidente.
Muitos colombianos estavam temorosos da chegada de Petro à presidência, porque até então a Colômbia nunca tinha tido um chefe de governo de esquerda. O que eles pensam agora do governo?
Esse grupo acabou confirmando o medo que nutria antes. Primeiro, por causa da baixa capacidade deste governo em implementar políticas públicas e as mudanças que prometeu durante a campanha. Segundo, por causa das suas ideias radicais. Petro cancelou os investimentos em novos projetos de exploração de petróleo e gás, mesmo sabendo que o país poderá sofrer com escassez no consumo interno de gás. Petro também defende ideias muito contraditórias de apoiar investimentos da Ecopetrol, colombiana, com a PDVSA, da Venezuela. É como se ele dissesse que o petróleo da Colômbia é mau e prejudicial à crise climática, mas o da Venezuela é bom e tem consequências positivas.
Como Petro despacha?
É um líder egocêntrico, que trabalha pouco em equipe, e que tem ideias muito radicais sobre alguns assuntos. Ele não está disposto nem a ouvir opiniões diferentes e muito menos a dialogar. Além disso, o uso excessivo do Twitter pelo presidente, com mensagens por vezes de tom muito forte, com erros ortográficos e gramaticais, mostra que Petro “fala calorosamente” e não quer buscar consenso. Ele também comprou brigas com outros países. Apoiou Pedro Castillo na tentativa de golpe de Estado no Peru e foi declarado persona non grata naquele país. Teve diversas discussões com o presidente salvadorenho Nayib Bukele, no Twitter, criando uma inimizade muito pronunciada e deixando uma relação frágil entre os dois países.
Como os colombianos têm visto as declarações de Petro contra Israel nas redes sociais?
A mais recente das suas brigas internacionais tem sido o seu apoio incondicional à Palestina, recusando-se a condenar os ataques de 7 de Outubro a Israel pelo Hamas e ignorando completamente as relações históricas que a Colômbia manteve com Israel. As suas declarações sobre esse conflito no Oriente Médio foram provocativas e resultaram em tensão entre a Colômbia e Israel. Isso gerou rejeição por parte de alguns cidadãos, especialmente da comunidade judaica na Colômbia. Essas declarações do presidente levaram a ataques de vandalismo na sede da embaixada de Israel em Bogotá. Muitos outros colombianos expressaram o seu descontentamento pelo fato de o presidente da Colômbia passar o seu tempo falando sobre a crise no Oriente Médio. Enquanto isso, 123 líderes sociais foram mortos no país este ano. Os colombianos pedem maiores e melhores esforços para garantir a paz e a segurança.
Qual governo Petro pode fazer a partir de agora, com uma aprovação tão baixa?
Petro ainda tem um bom apoio no Congresso e dá tempo de mudar os rumos do seu governo. Mas isso exige mudanças fundamentais. Hoje, os membros do seu gabinete estão, na sua maioria, alinhados com a sua ideologia. Se quiser mais apoio e consenso, será preciso aprender a buscar pontos em comum com a comunidade política. Esse não parece ser o rumo do presidente. Embora, há algumas semanas, ele tenha se reunido com os principais empresários do país, os atritos entre o governo e o setor privado ainda são muito evidentes. Muito provavelmente, o presidente manterá o seu estilo de liderança, levando a índices de aprovação ainda mais baixos.
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Comentários (1)
KEDMA
2023-12-18 10:58:45Os colombianos experimentaram e não gostaram do atual governo. Aqui no Brasil estamos no terceiro mandato e pouca coisa mudou.