Argentina: voto do medo impulsionou Massa na reta final

23.10.23 09:38

O candidato peronista e ministro da Economia, Sergio Massa, ultrapassou o libertário Javier Milei e liderou o primeiro turno das eleições da Argentina, neste domingo, 22 de outubro. Com mais de 98% das urnas apuradas, Massa tem 36,68% dos votos (9,6 milhões de eleitores), contra 29,98% de Milei (7,8 milhões). Nas pesquisas eleitorais anteriores à eleição, quem liderava era Milei.

O principal fator que ajuda a explicar o resultado é o voto do medo.

Na quinta-feira, 19 de outubro, três dias da votação, cartazes e anúncios em televisões apareceram nas estações de trem e de ônibus na Argentina (foto). A mensagem era assinada pelo Ministério dos Transportes.

Os anúncios comparavam o preço atual da tarifa de transporte público, pouco mais de 56 pesos, contra o que seria o preço em um possível governo de Javier Milei ou de Patricia Bullrich. Nesses dois casos, a mensagem trazia o valor integral das passagens, sem qualquer subsídio: 1.100 pesos.

A propaganda é ilegal, uma vez que nos 25 dias que antecedem o pleito o governo não pode realizar obras ou propagandas com motivos eleitorais. Diante de reclamações, sindicatos de ferroviários declararam que o anúncio era obra deles, e não do Ministério dos Transportes. Os sindicatos então passaram a assinar o anúncio nas redes sociais (abaixo).

 

Reprodução
 

“O impacto foi grande. A campanha de Massa sustentou que, com uma vitória de Milei, os argentinos perderiam direitos e benefícios, principalmente no transporte. Funcionou. O argentino quer previsibilidade”, afirma o cientista político argentino Cristian Solmoirago, diretor de pesquisas do instituto Solmoirago.

Em qualquer eleição, a tendência é o voto do medo se fortalecer com o avanço do processo. O eleitor dá mais preferência a votar contra aquele que mais teme à medida que se aproxima o momento decisivo.

Massa soube explorar isso, com uma campanha centrada em instigar o medo a Milei. A maioria das propagandas eleitorais no Youtube falam da possibilidade da desregulamentação da venda de armas e de órgãos em um possível governo de Milei. Integrantes da campanha do libertário negam que a liberação da venda de órgãos seja uma proposta de governo.

A maior presença do Estado na Grande Buenos Aires, em comparação ao restante do país, explica um pouco a resistência ao libertário na região metropolitana de Buenos Aires, o principal bastião do peronismo, em especial do kirchnerismo. Muitos dos moradores dessas regiões e das periferias da capital federal usam o transporte público na cidade para locomoção ao trabalho. O subsídio é indiscriminado. Qualquer pessoa tem direito, independentemente de renda.

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  1. As táticas de medo da esquerda são iguais. Ou vai perder o bolsa-família ou perder o transporte ou comida vai sumir do prato se o Banco Central for independente.

  2. CANALHAS. ATENÇÃO POVO ARGENTINO, NÃO CAIAM NESSA DO MASSA. É FURADA. AQUI O PT FEZ IGUAL COM PROPAGANDAS IDIOTAS. NÃO DEU CERTO E O BOLSONARO FOI ELEITO.

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