A multiplicação do rebanho do desembargador

Alvo da Operação Madset, que investiga a venda de sentenças judiciais, o ex-presidente do Tribunal de Justiça de Tocantins, Ronaldo Eurípedes, é suspeito de lavar parte do dinheiro amealhado com as negociatas ilícitas na compra de bois.

Na decisão em que autorizou o afastamento de Eurípedes do cargo, o ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça, afirma que “coincidentemente, após o seu ingresso nos quadros do TJ-TO, as atividades rurais do magistrado tornaram-se altamente lucrativas”.

Em 2014, o desembargador tinha 24 animais. Nos anos seguintes, entre 2015 e 2017, quando foi presidente do tribunal, foram compradas 4.756 cabeças de gado.

“Paralelamente às altas quantias movimentadas por Ronaldo Eurípedes através de contas próprias e das contas de interpostas pessoas (laranjas), outro fato suspeito chamou a atenção: as atividades do magistrado com compra e venda de gado cresceram vertiginosamente”, diz trecho da decisão.

Como mostrou Crusoé, o magistrado é suspeito de vender decisões em ação que envolve um acusado de quatro assassinatos e de receber valores em um processo de Furnas, subsidiária da Eletrobrás.