Na véspera da decisão, Bolsonaro volta a defender divulgação parcial do vídeo
21.05.20 20:15Na véspera da decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, sobre o sigilo do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, o presidente Jair Bolsonaro (foto) voltou a defender nesta quinta-feira, 21, a divulgação de apenas uma parte da filmagem. O chefe do Planalto defende que sejam liberados apenas os trechos com suas falas, preservando as manifestações dos ministros, por exemplo.
A filmagem consta no inquérito que investiga a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal, relatada pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. Na conversa, Bolsonaro cobrou a troca no comando da corporação no Rio de Janeiro a fim de proteger familiares e amigos.
Conforme aliados do presidente, a divulgação na íntegra do vídeo seria fatal para dois ministros: Abraham Weintraub, da Educação, e o chanceler Ernesto Araújo, conforme mostrou Crusoé. “Se publicarem esse vídeo na íntegra, Weintraub vai preso por ordem do Supremo (Tribunal Federal) e Ernesto cai”, resumiu um aliado do presidente.
Ao justificar a posição, Bolsonaro declarou, em transmissão ao vivo no Facebook, que a retirada do sigilo das falas de ministros pode causar “constrangimento”, sem dar detalhes. “Obviamente, o que os ministros falaram e não tem nada a ver com o inquérito preferimos que não seja tornado público, porque é um constrangimento. Nós conversamos ali, já fizemos umas 30 ou mais reuniões de ministros, onde ficamos muitas vezes na informalidade. Você brinca com o outro, fala um apelido, costumo chamar o outro de gordo. Às vezes, sai um palavrão, mas não é ofendendo ninguém”, disse.
O presidente destacou que, em outros dois trechos, discutiu-se questões de segurança nacional e política internacional. Para ele, essas partes não podem ser levadas a público. “Tudo que eu falei pode ser divulgado, exceto [essas] duas pequenas passagens”, completou.
O chefe do Planalto ainda sugeriu que a imprensa pode explorar os palavrões ditos na filmagem para desqualificá-lo. “O que pode grande parte da mídia, né, aquela de sempre, é botar eu falando palavrão e questionar: ‘Vê se esse homem tem condições e está à altura do cargo que representa’. E bota eu falando palavrão. Não é por aí, meu Deus do céu. Estamos todos no mesmo barco. Se o Brasil voa, mais gente, mais anunciantes teremos, para anunciar na Globo, na Folha, no Estadão, no Jornal do Comércio, no Valor Econômico, em todos os órgãos de imprensa.”