Desembargador que anulou indiciamentos em caso de laranjas do PSL foi investigado pela PF
Relator do habeas corpus que suspendeu o indiciamento de quatro candidatas do PSL envolvidas no esquema de laranjas em Minas Gerais, o desembargador Alexandre Victor de Carvalho foi investigado pela Polícia Federal e aparece em uma interceptação telefônica defendendo a nomeação de uma advogada para o Tribunal de Justiça de Minas Gerais. O magistrado também...
Relator do habeas corpus que suspendeu o indiciamento de quatro candidatas do PSL envolvidas no esquema de laranjas em Minas Gerais, o desembargador Alexandre Victor de Carvalho foi investigado pela Polícia Federal e aparece em uma interceptação telefônica defendendo a nomeação de uma advogada para o Tribunal de Justiça de Minas Gerais. O magistrado também foi interceptado quando revelava ter sido convidado pelo então governador de Minas Gerais, o petista Fernando Pimentel, para assumir uma secretaria no governo mineiro.
O desembargador foi alvo de investigação da PF por supostamente ter negociado com políticos e agentes públicos vagas de emprego no governo para integrantes de sua família. O caso é sigiloso e está no Superior Tribunal de Justiça, o STJ.
Na segunda-feira, 11, Carvalho foi relator do processo no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, o TRE-MG, que suspendeu o indiciamento de Lilian Bernardino, Naftali Tamar, Débora Gomes e Camila Fernandes. Todas são apontadas pela PF como integrantes de um esquema criminoso para fraudar a cota de 30% de recursos do fundo eleitoral para candidaturas de mulheres. O caso é o mesmo em que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (foto), foi indiciado.
Na interceptação a que Crusoé teve acesso, o desembargador conversa com um interlocutor sobre a entrada da advogada Alice Birchal na lista tríplice para escolha de um novo integrante do tribunal mineiro. Alexandre Victor Carvalho relata no diálogo ter recebido em sua casa o deputado federal Gabriel Guimarães, do PT. O parlamentar teria lhe dito que o governo, à época comandado por Fernando Pimentel, estava empenhado para incluir Alice Birchal na lista.
Em seguida, o magistrado cita sua atuação para ajudar na nomeação de interesse do governador petista. Ele diz ao interlocutor ter “convencido” o desembargador Eduardo Machado a votar em Alice Birchal. Em outra conversa, de 13 de novembro de 2015, Alexandre relata a um outro interlocutor ter sido convidado pelo governador Fernando Pimentel para ocupar o cargo de secretário da Defesa Social. No diálogo, o desembargador explica que não poderia aceitar, uma vez que teria de deixar o cargo de magistrado.
Procurados via assessoria do TJ-MG, apenas o desembargador Alexandre Carvalho respondeu. Segundo ele, não houve qualquer pedido de voto a outro magistrado, mas “apenas troca de informações sobre a qualificação dos candidatos em disputa”. Sobre a investigação dos laranjas do PSL, Carvalho reiterou os termos de seu voto “no sentido da ocorrência de abusos pela autoridade policial” o que, diz ele, “talvez justifique os seletivos vazamentos de conversas do ano de 2015, agora renovados”. O desembargador ainda negou ter sido convidado oficialmente para o cargo no governo de Minas Gerais. “Houve apenas sondagens informais, prontamente rechaçadas”, diz ele.
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Comentários (10)
Uira
2019-11-26 21:59:23Em um sistema tripartite, quando um poder começa a invadir as competências e os domínios do outro, então é pq está sendo gestado algum ovo de serpente, se já não houver várias instaladas, formando verdadeiros ninhos da corrupção dentro dos poderes e do Estado. Quando alguém as ameaça, as serpentes inoculam seu veneno, sem hesitar em cravar suas presas na sociedade.
Uira
2019-11-26 21:51:07De uma forma ou de outra, CORRUPTOS do judiciário e do meio político precisam estabelecer "vínculos" que não possam ser quebrados pela honestidade e integridade. Fazem isto eliminando as camadas de isolamento que separam os poderes e acabando com a separação destes na prática. De modo concreto, os interesses deles que deveriam se mover em direções opostas passam a se alinhar e convergir para o mesmo ponto: atender seus interesses privados com os recursos públicos.
Uira
2019-11-26 21:47:06Se o judiciário não fosse cooptado e fizesse seu trabalho sem se imiscuir com o meio político, os CORRUPTOS ficariam soltos? Se eles roubarem e forem presos, de onde virão os recursos para cooptar gente dentro do judiciário? Isto só acontece pq o judiciário não tem um mecanismo efetivo que impeça a colocação dos ovos de serpente, assim como as serpentes que se instalam no judiciário depois que eclodem. Desta forma, o sistema todo funciona para que a corrupção se perpetue.
Uira
2019-11-26 21:38:06Afinal, como é que é possível manter os esquemas de corrupção se magistrados honestos forem colocados nos TJs, obviamente que isto vai contra a lógica da corrupção, pois um estraga-prazeres qq poderia acabar colocando um esquema de anos por água abaixo só pq ele tem "princípios morais e éticos", coisa detestável. Para azeitar a máquina da corrupção é preciso acabar com todo e qq resquício de isolamento e independência entre os poderes.
Uira
2019-11-26 21:34:38Em contrapartida, a partir de parentes de magistrados em cargos comissionados pode-se rastrear os magistrados e com isto se cruzar os possíveis favores que eles prestaram em troca das nomeações e outras compensações. Fora isto, tb é possível que se comece a elucidar o circuito que demonstra como é o processo de ocupação do judiciário pelos CORRUPTOS. É mais do que óbvio de que políticos e magistrados CORRUPTOS irão se unir para indicar gente CORRUPTA para as vagas nos tribunais de justiça.
Uira
2019-11-26 21:30:26Ao cruzar-se os dados de magistrados que possuem parentes em cargos por indicação nas estruturas estaduais, o que vai surgir é um vasto manancial para que se entenda as relações e os vínculos entre o meio político e o judiciário na esfera estadual. É praticamente irracional que um magistrado que venda sentença ou liminares não acabe por pedir favores e agrados, tal como nomeações de parentes em cargos comissionados.
Uira
2019-11-26 21:22:28Quantos parentes de magistrados na esfera estadual possuem cargos por indicação na máquina estatal? Se o sujeito já está agindo em cumplicidade e conluio com CORRUPTOS do meio político, pq ele não vai querer uma vaguinha para os seus? Afinal, se o sujeito já mergulhou na lama, pq ele vai fazer cerimônia e se acanhar na hora de pedir uma série de favores? Onde há fumaça, há fogo, se há evidências de descompartimentalização e quebra na isolação entre os poderes, há suspeitas de corrupção.
Uira
2019-11-26 21:16:09É óbvio que este padrão não se aplica só a MG, pois basta alguém começar para que o resto copie. Como juiz no Brasil é inimputável, a coisa fica mais fácil ainda e, para um juiz CORRUPTO, é quase que um direito natural arrumar alguma vaga na máquina pública para seus parentes, se eles forem incompetentes demais para conseguirem por conta própria. Se há todo o estímulo, há evidências suficientes para se gerar suspeitas, então a única coisa que falta é cruzar os dados.
Uira
2019-11-26 21:13:22Como se sabe, para que os vínculos sejam mais fortes, nada como eles envolverem a consanguinidade, ou seja, enfiar a família no meio. É praticamente inevitável que os CORRUPTOS coloquem seus familiares em seus esquemas. Afinal, quem melhor para compartilhar os frutos do roubo? E em quem vc vai confiar para não te trair nem te dedurar? Se nem em parente a gente pode confiar, imagina em terceiros. Não tem jeito, quanto mais grossa a corrupção, mas parentes envolvidos.
Uira
2019-11-26 21:08:41Para que os CORRUPTOS descompartimentalizem e desimpermebializem o sistema, eles precisam estabelecer vínculos e, sobretudo, construir uma base de cumplicidade, onde ninguém larga a mão de ninguém, é um por todos e todos por um. Eles podem fazer isto diretamente ou via intermediários. Em MG, a promiscuidade sem intermediários entre o judiciário e o meio político não é nova, no burburinho o que não falta são estórias caberruptas envolvendo personagens conhecidos do meio jurídico e político.