Dia de eleição na Argentina: peronismo deve voltar ao poder
A dupla peronista Alberto Fernández e Cristina Kirchner (foto) deverá ser a vitoriosa na votação deste domingo, 27, na Argentina. Nas últimas pesquisas de opinião, eles apareciam com pouco mais de 50% dos votos, o que já garantiria uma vitória no primeiro turno. Durante a campanha, o atual presidente, Mauricio Macri, adotou uma postura mais...
A dupla peronista Alberto Fernández e Cristina Kirchner (foto) deverá ser a vitoriosa na votação deste domingo, 27, na Argentina. Nas últimas pesquisas de opinião, eles apareciam com pouco mais de 50% dos votos, o que já garantiria uma vitória no primeiro turno.
Durante a campanha, o atual presidente, Mauricio Macri, adotou uma postura mais próxima ao povo e fez várias críticas ao governo de Cristina, sua antecessora. Condenou a manipulação das estatísticas oficiais, a aproximação com a ditadura da Venezuela e os excessivos gastos públicos. Não conquistou novos eleitores, mas manteve sua base, o que poderá lhe ser útil se ele quiser manter-se como o grande nome da oposição.
Alberto Fernández, o favorito, foi chefe de gabinete tanto de Néstor quanto de Cristina Kirchner. Quando Cristina era presidente, Fernández se desentendeu com ela em razão dos impostos pesados para o setor rural exportador. Em maio deste ano, porém, Cristina surpreendeu ao anunciar que seria vice em uma chapa encabeçada por ele. Desde então, Fernández aglutinou vários setores peronistas, que antes estavam divididos.
Ao longo da campanha, Cristina se manteve em segundo plano. Ela dedicou a maior parte do seu tempo a eventos para o lançamento de uma autobiografia. Também passou doze dias em Cuba, onde sua filha Florencia está passando por um tratamento de saúde.
Ao que tudo indica, o cabeça de chapa não aceitará ser manietado pela vice em um futuro governo. Ele, e não Cristina Kirchner, deverá escolher os nomes para os cargos mais importantes. Ela deve ganhar algumas pastas, principalmente nas áreas sociais. A ver.
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Comentários (10)
Uira
2019-11-03 17:20:14É preciso se romper com todas as vicissitudes e brechas já instituídas que fornecem portas para que os CORRUPTOS vivam às custas da sociedade.
Uira
2019-11-03 17:18:23Macri tentou pegar leve e perdeu. Bolsonaro está tentando pegar mais pesado, mas ainda não venceu. Portanto, se Fernández quer realizar mudanças significativas na sociedade argentina, jamais deveria achar que será fácil. As posições chave deveriam ser exatamente para ele ter controle sobre a máquina e desarmar o mais rapidamente qq tentativas de sabotagem, mas isto serve somente para ele se sustentar, para mudar o sistema estabelecido é preciso muito mais.
Uira
2019-11-03 17:12:54Dependendo do que ocorrer no Brasil, haverá tb um choque na Argentina, pois se ficará patente que está havendo uma quebra numa mentalidade que até hj vigorou em ambos os países. Enquanto o Brasil tenta se desvencilhar do seu passado de corrupção e fracasso, os argentinos tentam se apegar ao seu.
Uira
2019-11-03 17:11:03Sobretudo, Bolsonaro não deveria se aproximar do governo de Fernández, pelo menos não aos olhos dos eleitores de ambos os países. Se Cristina Kirchner não se comportar, seria preciso alguém que falesse duro com o governo argentino mirando exatamente nela. Ademais, dependendo do que ocorrer no Brasil, é possível que Cristina Kirchner venha a ser diretamente atingida, não se aproximar de Fernández já seria uma oportunidade para não se precisar passar o pano.
Uira
2019-11-03 17:07:36Tampouco no Chile, no Uruguai, no Paraguai, na Argentina, elas só se acomodaram diante do sistema que já existia e conviveram com eles em algum caso e, em outros, se imiscuíram totalmente (tal qual como na Venezuela e em Cuba, que não regimes militares no mesmo sentido que as ditaduras do século passado, mas são regimes baseados no controle da população via FAs, a ideologia pode até ser diferente, mas o método é o mesmo, o medo e a violência são utilizados para se manter o poder).
Uira
2019-11-03 17:03:18Se ela não quer atrapalhar, então no mínimo não deveria roubar. Portanto, se lhe dão uma área onde ela tem todas as chances de fazer coisas erradas, mas ainda assim ela fica quieta, então ela merece algum crédito. Do contrário, ela teve a oportunidade, mas não soube aproveitar, preferiu continuar no seus caminhos tortuosos. Os regimes militares na América do Sul comprovam que não se destrói o que foi plantado por séculos, décadas. A ditadura no Brasil não acabou com a corrupção.
Uira
2019-11-03 17:00:43O exemplo mais óbvio: corrupção. Além disto, Fernández jamais deveria dar a área social para Kirchner, uma vez que ela é vital diante da atual conjuntura na qual a Argentina se encontra. Ele deveria cuidar desta área pessoalmente e dar à Kirchner exatamente um setor onde ela e os seus tenha todas as oportunidades de roubarem (claro, desde que ela tb esteja sujeita ao escrutínio do judiciário). Se Kirchner não quer ajudar, então que não atrapalhe.
Uira
2019-11-03 16:57:32Há duas condicionantes para que isto seja possível: i) que Fernández esteja disposto; ii) que ele tenha o apoio de Macri. Se os dois se unirem em torno de um núcleo comum, então o peronismo não seria capaz de pará-los, restando se conduzirem de acordo com o que a população e a opinião pública esperam deles. Vejam, um núcleo, isto não quer dizer que concordam em tudo, somente que concordam em temas centrais e vitais para mudar a configuração do sistema político e da sociedade argentina.
Uira
2019-11-03 16:55:01Muito ajuda quem pouco atrapalha, se Cristina Kirchner não tiver intenção de ajudar na transformação do país, tampouco deveria atrapalhar. Considerando que Macri é em termos individuais hj a maior força política fora do peronismo (e até mesmo maior que Fernández), então para que o peronismo se transforme em uma força minoritária dentro da Argentina, basta que haja uma ruptura dentro dele. Como isto pode ser feito? Quebrando-se os símbolos e transformando o mito em homem (no caso de Perón).
Uira
2019-11-03 16:51:06Kirchner é uma destas, ela não é só uma oportunista, pois é muito esperta, nem se pode culpá-la inteiramente por um sistema decrépito que vem de muito antes dela. Mas a Argentina não irá sair do buraco que se encontra sem que alguns paguem pela corrupção que grassa a máquina pública. Apesar das diferenças que separam Brasil e Argentina, Fernández tem toda a possibilidade de mudar os rumos do país, desde que ele tenha estômago e disposição.