Macron trava acordo entre União Europeia e Mercosul
Amigo do Brasil no discurso, Macron trabalha para adiar o aguardado acordo entre União Europeia e Mercosul
Enquanto líderes europeus tentam destravar o acordo entre União Europeia e Mercosul, negociado há mais de 20 anos, a França voltou a ser o principal freio.
O presidente Emmanuel Macron articula o adiamento da votação final, gesto que parece técnico, mas carrega forte cálculo político e ameaça manter o pacto comercial num limbo indefinido.
Macron afirma querer mais tempo para ajustes ambientais e proteção aos agricultores franceses.
Na prática, o movimento atende a pressões internas dos poderosos sindicatos rurais e de partidos mais conservadores, que veem no acordo uma ameaça eleitoral.
Ao pedir postergação agora, quando o texto já está praticamente finalizado, Paris abre espaço para que outros países, como a Itália, façam o mesmo e o processo perca tração.
É curioso lembrar que Macron se apresenta como amigo de Lula e do Brasil, elogia a retomada do diálogo e a agenda climática do governo brasileiro.
Fica claro que seus interesses eleitorais e o protecionismo são mais importantes que abraços e fotos em passeios na amazônia.
Para Brasília, o acordo é instrumento de crescimento, previsibilidade e inserção global, justamente num momento em que os EUA apertam o mundo no comércio internacional.
Na União Europeia, o tempo é um inimigo real, como lembra Marcio Coimbra, em artigo para a Crusoé na semana passada.
Mudanças políticas previstas em países-chave e a renovação de mandatos em Bruxelas aumentam o risco do texto, se não aprovado agora, ser rediscutido e desfigurado.
Cada mês perdido aumenta a chance de novas exigências e reduz a disposição de governos que já pagaram o preço político de defender o pacto.
O Brasil aceita compromissos ambientais mais rigorosos, aposta em rastreabilidade e redução do desmatamento, mas mesmo assim encontra resistências. O agro europeu teme concorrência, enquanto consumidores europeus demandam regras que o Brasil diz cumprir cada vez mais.
O impasse também envia um sinal geopolítico desconfortável. Bloquear o acordo enfraquece o Mercosul e o empurra a buscar outros parceiros.
Macron ganha tempo em casa, mas arrisca perder influência fora, inclusive com um Brasil que cobra coerência entre o discurso amistoso e as decisões concretas.
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Comentários (1)
MARCOS
2025-12-16 11:28:10MANDA A JANJA PARA PARIS PARA "DESENROLAR".