Síria autoriza inspeção de órgão de vigilância nuclear da ONU
AIEA investigará reatores nucleares deixados pelo regime de Bashar Assad

O governo de Ahmed al-Sharaa permitiu a visita de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da ONU de vigilância nuclear, a instalações na Síria.
O diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, afirmou que sua equipe tem trabalhado para esclarecer atividades nucleares passadas do regime deposto de Bashar Assad.
Nos próximos meses, o processo de inspeção deve ser concluído.
Em 2024, a AIEA já havia feito uma visita à Síria ainda sob a ditadura de Assad.
A agência busca retomar o acesso a instalações associadas ao antigo programa nuclear sírio, entre os quais um reator nuclear destruído por Israel na província de Deir el-Zour, em 2007.
O ataque levantou preocupações sobre o potencial de produção de plutônio para armas nucleares.
Além de Deir el-Zour, os inspetores da AIEA examinarão um reator de fonte de nêutros, na capital Damasco e uma instalação em na província de Homs.
Até o momento, não há indícios de vazamentos de radiação.
Aproximação dos EUA
A entrada da AEIA na Síria ocorre em meio à decisão do Departamento de Tesouro dos EUA de aliviar imediatamente sanções econômicas aplicadas sobre o país.
"O Departamento de Estado dos EUA está emitindo simultaneamente uma isenção sob a Lei de Proteção Civil Caesar Syria (Lei Caesar), que permitirá que nossos parceiros estrangeiros, aliados e a região desbloqueiem ainda mais o potencial da Síria. Esta é apenas uma parte de um esforço mais amplo do governo dos EUA para remover toda a arquitetura de sanções impostas à Síria devido aos abusos do regime de Bashar al-Assad", diz trecho do comunicado.
Segundo o secretário de Tesouro, Scott Bessent, a Síria deve continuar trabalhando "para se tornar um país estável e em paz".
"As ações de hoje, esperamos, colocarão o país no caminho para um futuro brilhante, próspero e estável”, acrescentou.
Unidade
A maior missão do governo sírio será a de manter a Síria unida.
Sharaa não foi eleito presidente do país, e chegou ao poder após um golpe armado.
Ciente da falta de legitimidade interna, ele prometeu novas eleições presidenciais.
No entanto, deu um prazo de quatro a cinco anos para a realização, alegando que "qualquer eleição válida exigirá um censo populacional abrangente".
Além disso, o novo governo já apresentou um rascunho preliminar de uma nova Constituição, como garantia de uma Síria democrática prometida à comunidade internacional.
A Constituição anterior, de 2012, foi criada por Bashar Assad.
Nos primeiros meses, o país registrou confrontos entre o Exército sírio e remanescentes do regime.
Em março, houve ataques entre milícias pró-Assad e as forças do novo governo.
Em resposta, o Exército matou centenas de pessoas da minoria alauíta, da qual o antigo regime fazia parte.
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