Bombas de fumaça no parlamento da Sérvia
Uma parlamentar sofreu um derrame e se encontra em estado crítico, segundo a presidente do parlamento, Ana Brnabic

A Assembleia Nacional da Sérvia virou palco de tumulto nesta terça-feira, 4, quando membros da oposição lançaram bombas de fumaça e gás lacrimogêneo em um ato de protesto contra o governo.
O episódio ocorreu em meio a uma crescente onda de manifestações lideradas por estudantes, que já atraíram apoio de professores, agricultores e diversos segmentos da sociedade.
Essa é uma das maiores ameaças ao governo do presidente Aleksandar Vucic em uma década.
Os protestos, que se intensificaram nos últimos quatro meses, refletem a insatisfação generalizada da população com a corrupção e a falta de competência percebidas no governo.
Fumaça
Durante a sessão legislativa, após a coalizão governista, composta pelo Partido Progressista Sérvio (SNS), ter aprovado a pauta do dia, alguns opositores se levantaram de seus assentos e confrontaram seguranças enquanto outros lançavam bombas, gerando caos dentro do recinto.
As câmeras que transmitiam a sessão ao vivo registraram nuvens de fumaça colorida que tomaram conta do parlamento, relembrando momentos de confrontos físicos que marcaram a política sérvia desde a introdução da democracia multipartidária em 1990.
Dois parlamentares ficaram feridos, segundo a presidente da assembleia, Ana Brnabic. Jasmina Obradovic, do SNS, sofreu um derrame e se encontra em estado crítico. "O parlamento continuará seu trabalho e defenderá a Sérvia", disse Brnabic em meio à confusão.
A origem do protesto
Os deputados governistas tentaram seguir o debate em meios aos assobios e cornetas dos opositores, que exibiam cartazes com inscrições como "greve geral" e "justiça para os mortos".
Do lado de fora do parlamento, em contraste, os manifestantes faziam silêncio em homenagem às 15 vítimas do desabamento do telhado de uma estação ferroviária, o incidente ocorrido em 1º de novembro que desencadeou a mobilização do protesto.
As mortes levaram à detenção de 11 pessoas, entre elas Goran Vesic, que era ministro da Construção. Vesic renunciou em quatro dias após o incidente, em resposta aos protestos, assim como ministro do Comércio Exterior, Tomislav Momirovic.
Há uma grande manifestação convocada para 15 de março na capital Belgrado. O governo alega que agências de inteligência ocidentais estão atuando para desestabilizar o país e derrubar o governo.
Estudantes
Esperava-se que os parlamentares votassem nesta terça uma lei que aumentaria os recursos destinados às universidades, que é uma das principais reivindicações dos estudantes que protestam nas faculdades desde dezembro.
Mas a inclusão de outros assuntos na pauta irritou os opositores, levando ao protesto.
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