E a Venezuela, Lula?
Mais de 1.600 pessoas foram alvo de prisões arbitrárias após as eleições presidenciais de 28 de julho, marcadas pela falta de transparência
Enquanto Lula ignorou a crise pós-eleitoral na Venezuela em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, nesta terça-feira, 24 de setembro, outras autoridades se posicionaram sobre o tema.
Em paralelo à agenda das Nações Unidas, o G7, grupo das sete maiores economias do mundo, publicaram um comunicado nesta terça sobre a situação venezuelana.
Mais de 1.600 pessoas foram alvo de prisões arbitrárias após as eleições presidenciais de 28 de julho, marcadas pela falta de transparência. O ex-rival do ditador Nicolás Maduro no pleito, Edmundo González, está exilado na Espanha.
"Os membros do G7 reiteraram a sua profunda preocupação com a situação na Venezuela, após a votação de 28 de julho. Eles enfatizaram que a anunciada vitória de Maduro carece de credibilidade e legitimidade democrática, como indicam os relatórios do Painel de Peritos da ONU e de observadores internacionais independentes, bem como os dados publicados pela oposição. Ressaltaram que é essencial que os resultados eleitorais sejam completos e verificados de forma independente para garantir o respeito pela vontade do povo venezuelano", diz a nota.
E acrescenta: "Eles expressaram sua indignação pelo mandado de prisão e pelas constantes ameaças à segurança de Edmundo Gonzalez Urrutia, que decidiu buscar refúgio na Espanha. De acordo com os relatórios independentes acima mencionados, Edmundo Gonzalez Urrutia parece ter obtido o maior número de votos. Eles instaram os representantes venezuelanos a cessarem todas as violações e abusos dos direitos humanos, as detenções arbitrárias e as restrições generalizadas às liberdades fundamentais, afetando particularmente a oposição política, os defensores dos direitos humanos e os representantes dos meios de comunicação independentes e da sociedade civil. Apelaram à libertação de todos os presos políticos e a um caminho para a liberdade e a democracia para o povo da Venezuela".
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, agradeceu o apoio do G7. "Nós, venezuelanos, apreciamos esta posição inequívoca e firme em defesa da verdade e que exige que o regime seja responsabilizado pela violação dos direitos humanos. A comunidade internacional entende que a transição envolve validação. do resultado de 28J que nada mais é do que a vitória do EdmundoGU. Seguimos em frente com determinação em nosso propósito", escreveu María Corina na rede social X, que está há 24 dias suspensa no Brasil por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Diretor da HRW critica Lula
O diretor da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch no Brasil, César Muñoz, criticou Lula por ignorar a crise na Venezuela durante o discurso do petista na Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira, 24 de setembro.
"O presidente Lula abordou prioridades do Brasil em política externa. Porém, não fez nenhuma referência à situação dramática que vive a Venezuela. O silêncio não ajuda em nada as vítimas de abusos. O Brasil pode desempenhar um papel fundamental na defesa dos direitos humanos e na transição para a democracia", disse Muñoz na rede social Threads.
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Nada de Venezuela
Ao tomar posse em 2023, Lula retomou as relações diplomáticas com a Venezuela, do ditador Nicolás Maduro. No final de julho, Maduro comandou uma fraude eleitoral, que foi exposta pela oposição. Sobre esse país, que já enviou 125 mil pessoas ao Brasil, Lula não dedicou uma única frase na ONU.
Sua atenção está principalmente no Oriente Médio.
Lula começou seu discurso se dirigindo à delegação palestina, que participou pela primeira vez da Assembleia, como membro-observador. Também saudou a presença do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
O presidente falou de "uma das maiores crises humanitárias da história recente" na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, e que "agora se expande perigosamente para o Líbano".
Sem citar Israel, afirmou que "o que começou como uma ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses tornou-se uma punição coletiva de todo o povo palestino".
"O direito de defesa transformou-se num direito de vingança", disse Lula.
O presidente também defendeu a ilha comunista de Cuba, ao dizer que é "injustificável manter Cuba em uma lista unilateral de Estados que supostamente promovem o terrorismo e impor medidas coercitivas unilaterais que penalizam indevidamente as populações mais vulneráveis".
Como sempre, não houve qualquer menção à ditadura castrista ou qualquer defesa dos direitos dos cubanos.
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