Primárias em Michigan testam apoio de árabe em democratas
Nas últimas semanas, o presidente dos EUA Joe Biden tem demonstrado mais reservas ao histórico apoio que o governo americano dá a Israel: no meio da guerra do governo de Tel-Aviv com o Hamas, Biden cobrou comedimento nas operações israelenses na Faixa de Gaza, e tem aumentado o alerta para a morte de civis. Uma...
Nas últimas semanas, o presidente dos EUA Joe Biden tem demonstrado mais reservas ao histórico apoio que o governo americano dá a Israel: no meio da guerra do governo de Tel-Aviv com o Hamas, Biden cobrou comedimento nas operações israelenses na Faixa de Gaza, e tem aumentado o alerta para a morte de civis.
Uma das razões para esse comedimento todo é a primária democrata desta terça-feira, 27, em Michigan. Concorrendo praticamente sozinho, Biden não deve ter dificuldade de formalizar o apoio dos delegados no estado. Mas é a demografia do estado — que possui um número relevante de eleitores de origem árabe — que pode indicar o quão em problemas está a principal campanha do partido Democrata.
Michigan tem 10 milhões de habitantes e cerca de 200 mil eleitores registrados com descendência árabe ou com a religião muçulmana, na última eleição em 2020. É também um swing state, um dos estados onde não há uma preferência contínua por um partido ou por outro, e onde democratas e republicanos tendem a lutar, voto por voto.
Na apertada eleição de 2020, Biden levou o estado contra Donald Trump por meros 150 mil votos. Agora, a guerra em Israel e o papel da Casa Branca geram até articulações para puni-lo politicamente nesta primária.
Rashida Tlaib, que é deputada pelo partido democrata pelo estado de Michigan, é uma das principais representantes do voto árabe-americano no Congresso. E ela sugere que o eleitor árabe em seu estado vá votar, mas não declare apoio em Biden.
"É importante criar um bloco de votação, um megafone para dizer 'já chega'", diz Tlaib. "Essa é a maneira que você tem de erguer sua voz. Não nos faça ser mais invisíveis. Neste momento, nos sentimos não vistos e negligenciados pelo nosso governo. Se você quer nos ver falar mais alto, venha e vote ''em nenhum dos candidatos'."
https://twitter.com/Listen2michigan/status/1758956419741561302
O apoio expressivo de Tlaib se junta a outras ações de base, feitas por cidadãos descendentes de iemenitas, da comunidade somali e de outros países do Oriente Médio, que moram em Michigan. A base, uma das mais engajadas e historicamente ligada aos democratas, agora corre o risco de virar contra o partido.
O sinal amarelo está aceso na campanha de Biden, mas esse não é o único: vendo as pesquisas eleitorais indicarem um avanço de Trump mesmo em estados-chave, Biden não tem conseguido responder à altura sobre as constantes críticas à sua idade — ele completa 82 anos dias após as eleições e tem citado conversas até com gente que já morreu.
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