Foto: Adam Schultz / The White House via Flickr

Biden e a sociedade dos presidentes mortos

08.02.24 13:51

Joe Biden (foto) gosta de contar histórias. Aos 81 anos de idade, o presidente dos Estados Unidos, ex-vice de Barack Obama por oito anos e senador por outros 36 tem muitas delas para contar. Como quando discutiu sobre a invasão do Capitólio em um encontro com o premiê alemão Helmut Kohl, no G20 de 2021. Ou de um encontro do G7 em 2020, quando conversou com o presidente francês François Mitterrand.

Acontece que tais conversas não foram assim. Até porque Kohl, que comandou a política alemã durante a reunificação do país, morreu em 2017. Mitterrand, contemporâneo do primeiro-ministro alemão, faleceu ainda antes, em 1996. 

Segundo informações da agência Bloomberg, o candidato democrata relatou a conversa que, muito provavelmente, teve com a então premiê Angela Merkel.

Aí o Helmut Kohl se vira pra mim e diz: ‘o que o senhor faria, senhor presidente, se você pegasse o Times de Londres e soubesse que mil pessoas quebraram as portas do parlamento britânico, mataram uns guardas e estão a caminho de impedir que o primeiro ministro tome posse?'”, disse Biden, durante agenda na cidade de Nova York.

Antes, em Las Vegas, sobrou para o presidente francês, Emmanuel Macron. “Eu disse: ‘Os Estados Unidos estão de volta'”, diz Biden a apoiadores. E Mitterrand da Alemanha — quero dizer, da França — olhou para mim e disse: ‘Sabe, o que, por que, por quanto tempo está de volta?'”

Como tudo o que o presidente dos EUA fala é registrado pela Casa Branca, o texto sobre os franceses saiu ipsis litteris — em colchetes, no entanto, está o nome de Macron, mostrando o engano.

As pequenas gafes não ajudam o presidente mais velho dos EUA que tenta, sem sucesso, contar com o apoio dos jovens para se eleger. Desde o início do seu mandato, em 2021, pesam críticas sobre a idade de Biden e sua aptidão física ao cargo.

Não que Donald Trump, aos 77 (e o presidente mais velho da história até a chegada de Biden), esteja em melhor conta na disputa eleitoral deste ano. Ele mesmo já confundiu pessoas (chamou Tim Cook, CEO da Apple, de “Tim Apple”), inventou países que não existem (em 2017, ele elogiou o sistema de saúde da “Nambia”) e, mais recentemente, culpou sua rival no partido Republicano, Nikki Haley, de permitir a entrada de manifestantes pró-Trump no Capitólio em 2021 —uma crítica que ele provavelmente queria fazer à Nancy Pelosi.

Leia na Cursoé: EUA, uma nação gerontocrata

 

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