Um ano de muita diplomacia presidencial e nenhum resultado
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Secom, divulgou na manhã desta sexta, 5, um texto e um vídeo com destaques do ano na área de política externa. O título fala que 2023 foi um ano "orientado à reconstrução da política externa brasileira". Fala-se ainda que "em quase todos os temas" o Brasil...
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Secom, divulgou na manhã desta sexta, 5, um texto e um vídeo com destaques do ano na área de política externa. O título fala que 2023 foi um ano "orientado à reconstrução da política externa brasileira". Fala-se ainda que "em quase todos os temas" o Brasil foi "protagonista no cenário global" tecendo "novos diálogos".
Chama a atenção que a Secom, ligada à Presidência, tenha sentido a necessidade de elaborar uma peça de propaganda para justificar a política externa brasileira. O fato só confirma que a diplomacia está sendo feita do Palácio do Planalto, por meio de Lula e do assessor especial Celso Amorim, e não do Itamaraty, comandado pelo chanceler de ofício Mauro Vieira. Aliás, em momento algum da nota aparecem as palavras "Itamaraty" ou "Ministério de Relações Exteriores".
Mauro Vieira aparece uma única vez no texto, justamente no trecho em que a nota registra um fracasso da diplomacia brasileira.
Em outubro do ano passado, quando o Brasil assumiu como presidente do Conselho de Segurança da ONU, Lula aventou a possibilidade de alcançar a paz na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, por meio de uma resolução. Nada foi alcançado.
Diz a nota da Secom: "Encontro convocado pelo Brasil foi conduzido pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira. Proposta de paz brasileira recebeu amplo apoio, mas acabou sendo recusada pelos EUA, que têm poder de veto". A culpa, claro, é sempre dos americanos.
Algumas ausências chamam ainda mais a atenção.
Em busca de um "protagonismo global", Lula tinha afirmado que atuaria para mediar a guerra na Ucrânia e falou de criar um clube de paz. Na nota da Secom, a palavra "Ucrânia" simplesmente não aparece.
Na América Latina, o principal acontecimento que mais pode chacoalhar a região é uma possível guerra entre a Venezuela, do ditador Nicolás Maduro, e a vizinha Guiana. Lula nunca criticou seu aliado Maduro por querer tomar um naco de 74% do país vizinho. O assunto foi ignorado na peça de propaganda elaborada pela Secom.
O vídeo de 28 minutos que acompanha a nota deixa claro que o país está colocando em prática a "diplomacia presidencial", aquela que entende que basta a figura e o carisma de Lula para que todos os problemas do mundo se resolvam.
Logo no início, o vídeo fala em "26 viagens internacionais", "11 cúpulas pelo mundo", "87 bilaterais", mostrando Lula cumprimentando inúmeros chefes de governo ao som de acordes de violão ao ritmo da Bossa Nova.
Em dois momentos, o presidente petista aparece dizendo que é urgente assinar um acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Mas o tratado, como já tratamos diversas vezes na Crusoé, não foi assinado, após ter sido sucessivamente bombardeado pelo governo petista.
E a peça da Secom ainda mostra Lula se encontrando com pessoas que nem sequer são chefes de Estado ou de governo, como o ex-presidente uruguaio José Pepe Mujica e as Mães da Praça de Maio, na Argentina (foto).
O presidente, é certo, nunca viajou tanto, e a primeira-dama Janja o acompanhou em quase todos esses passeios internacionais.
Mas só o fato de que a Secom tenha sentido a necessidade de publicar uma nota com os destaques do ano já não é bom sinal.
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Comentários (9)
Odete6
2024-01-06 22:48:55Ah, bom.... tão tá...... """diplomacia""" agora significa outra coisa e, mudou de conceito e de nome.
Carlos Renato Cardoso Da Costa
2024-01-06 19:25:24Aquela cervejinha entre Lula, Putin e Zelensky já deve estar uma sopa...
Georg
2024-01-06 09:29:05Diplomacia Brasileira encabeçada por um MégaloNanico.
Juerg
2024-01-05 22:27:58A política externa brasileira está simplesmente RIDÍCULA!! E 100 % baseada num anti-americanismo ultrapassado!! E dessa forma o Itamaraty se coloca 100 % na dependência da política externa americana - só de forma inversa! Mas 100 % dependente!
Paulo Roberto De Almeida
2024-01-05 21:35:34Como destaca o jornalista Duda Teixeira, a nota da Secom sobre as realizações em política externa do governo Lula só enaltece o próprio. O Itamaraty sequer é mencionado e a Ucrânia simplesmente não existe. O próprio encontro de Lula com o presidente Zelensky em NY desapareceu completamente, como se não tivesse existido. Tudo o Lula fez sozinho. Tamanha concentração no chefe não tinha ocorrido nos primeiros mandatos. (PRA)
Marcia Elizabeth Brunetti
2024-01-05 19:53:44Vejo Lula assumindo o papel que qualquer outro ditador está acostumado. Só falta queimar a imagem de N.S. Aparecida, replicar um busto de Lula para colocar na frente das escolas públicas e fazer poster do descondenado para enfeitar as ruas desse Brasil varonil.
ANDRÉ MIGUEL FEGYVERES
2024-01-05 15:17:21O Brasil é um anão diplomático pois quem exerce e protagoniza as relações exteriores do Brasil é o demiurgo Lula da Silva, pigmeu da sabedoria e gigante da ignorância. Capacho do Irã e do Hamas, Lula bajula ditadores assassinos e sanguinários como Nicolás Maduro, Putin, Ayatolahs do Irã, nazistas do Hamas, Hezbolah, Houthis, etc...É completamente sem noção.
Sônia Adonis Fioravanti
2024-01-05 13:50:22Nine queria o prêmio Nobel da paz ,e realmente receber ditadores assassinos e uma diplomacia meia boca ,nível de Bozo que queria nomear dudu bananinha para embaixador
100413CAIO02
2024-01-05 12:15:31Torrando nosso suado dinheirinho em passeios inúteis! Lula quer aparecer de qualquer jeito, contudo, seu errático apoio aos ditadores da esquerda, pelo mundo todo, o desqualificam pra qualquer notabilidade mundial!