A influência de Temer sobre o novo prefeito de São Paulo
A morte do prefeito Bruno Covas no domingo, 16, vítima de câncer, deixou o comando de São Paulo nas mãos do vice Ricardo Nunes, um político pouco conhecido dos paulistanos, mas com uma trajetória partidária ligada ao principal cacique do MDB paulista. Aos 53 anos, Nunes assume em definitivo a prefeitura da maior cidade do...
A morte do prefeito Bruno Covas no domingo, 16, vítima de câncer, deixou o comando de São Paulo nas mãos do vice Ricardo Nunes, um político pouco conhecido dos paulistanos, mas com uma trajetória partidária ligada ao principal cacique do MDB paulista.
Aos 53 anos, Nunes assume em definitivo a prefeitura da maior cidade do país sob influência de Michel Temer, de quem foi cabo eleitoral nas campanhas a deputado federal na década de 1990, quando o ex-presidente dividia com Orestes Quércia o controle do partido no estado.
Nunes e Temer sempre tiveram bom relacionamento e, segundo aliados, o cargo de destaque assumido pelo MDB deve estreitar ainda mais os laços. Há duas semanas, depois que Covas tirou licença de um mês para tratar o câncer, o novo prefeito se encontrou com ex-presidente em São Paulo para tratar do cenário político e da função assumida.
Segundo aliados, Temer aconselhou Nunes a ter serenidade e a não fazer movimentos bruscos em um momento delicado, em que o titular da cadeira encontrava-se hospitalizado na UTI. O conselho segue de pé neste período de luto. Após a morte de Covas, o novo prefeito reiterou que manterá o programa de governo e a equipe montada pelo tucano na prefeitura.
Temer deve atuar como conselheiro político de Ricardo Nunes e o MDB pretende escalar alguns dos seus quadros para auxiliar o novo prefeito. O presidente nacional da legenda, Baleia Rossi, está em São Paulo nesta segunda-feira, 17, e deve se reunir com o aliado que hoje ocupa o principal cargo conquistado pelo partido em todo o país.
As tratativas de Nunes com a equipe herdade de Covas não serão tão simples. Como mostrou Crusoé há dez dias, o novo prefeito vinha se queixando do papel quase decorativo que tinha na administração como vice e apontava o secretário de Governo, Rubens Rizek, como um dos responsáveis pelo seu isolamento. Homem de confiança de Covas, Rizek é um dos nomes que podem deixar o primeiro escalão da prefeitura com a ascensão do novo mandatário.
Embora tenha uma longa trajetória partidária, Ricardo Nunes só entrou na vida pública em 2012, quando se elegeu vereador em São Paulo. Mesmo com perfil conservador, ele demonstrou ser adepto do pragmatismo do MDB ao apoiar, na ocasião, o petista Fernando Haddad.
Católico, Ricardo Nunes se notabilizou por defender os interesses da chamada bancada evangélica na Câmara Municipal, como a aprovação de projetos de anistia fiscal e perdão de multas a templos religiosos. Aproximou-se dos tucanos na gestão do ex-prefeito João Doria, em 2017, quando presidiu a comissão que votava o orçamento da prefeitura.
Foi exatamente uma articulação feita pelo grupo de Temer com Doria que emplacou Ricardo Nunes como vice na chapa de Bruno Covas na eleição do ano passado. A costura tinha objetivo amarrar o MDB junto ao projeto presidencial do governador tucano para 2022.
A escolha de Nunes acabou desgastando Covas. O vice foi o principal alvo dos ataques feitos por adversários na campanha de 2020, por causa das relações suspeitas envolvendo convênios da prefeitura com entidades ligadas a ele para gerir creches na capital, e por um episódio envolvendo uma agressão física que ele teria praticado contra sua mulher, o que ele nega com veemência.
Antes de entrar na política, Ricardo Nunes fez carreira como empresário e tem como principal negócio uma empresa de dedetização chamada Nikkey, especializada em controle de pragas de container e com forte atuação em aeroportos e portos, este último um setor historicamente controlado pelo MDB e por Temer.
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Comentários (1)
André
2021-05-17 22:45:47Morre um entra outro. Todos bandidos.