Pró-mercado e contra intervenções do Judiciário: conheça o possível indicado ao STF
Kássio Nunes Marques (foto) chegou ao Judiciário em 2011 pela caneta de Dilma Rousseff, que o indicou como representante da advocacia para o cargo de desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Agora festejado por Ciro Nogueira, um dos mais proeminentes apoiadores do governo no Centrão, o magistrado caiu nas graças de Jair Bolsonaro e...
Kássio Nunes Marques (foto) chegou ao Judiciário em 2011 pela caneta de Dilma Rousseff, que o indicou como representante da advocacia para o cargo de desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Agora festejado por Ciro Nogueira, um dos mais proeminentes apoiadores do governo no Centrão, o magistrado caiu nas graças de Jair Bolsonaro e pode ser o próximo a sentar na cadeira que ficará vazia no Supremo Tribunal Federal com a aposentadoria de Celso de Mello.
O juiz é crítico à judicialização de medidas tomadas por outros poderes, uma das bandeiras também defendida pelo presidente da República. Marques acredita que a intervenção do Judiciário em políticas de governo deve se ater à legalidade dos atos. Em 2016, por exemplo, o magistrado derrubou uma decisão da Justiça Federal em Paulo Afonso, na Bahia, que impedia a venda da participação da Petrobras na Gaspetro. Mesmo com a sentença, a operação ainda não se concretizou. A chamada estratégia de desinvestimento das estatais fica frequentemente sob o escrutínio do Judiciário. Na tarde de hoje, por exemplo, os ministros do STF avaliarão a possibilidade de venda de refinarias sem aval do Congresso.
Em outro aceno ao mercado, Kássio Marques também suspendeu liminar da primeira instância que, em 2018, barrou o uso de agrotóxicos à base de glifosato, atendendo a um pedido da Advocacia-Geral da União. Nordestino, o magistrado ainda reformou decisão que proibia o abate de jumentos na Bahia, atividade que alimenta o comércio exterior do estado com países como China e Vietnã. “Tenho por caracterizada grave lesão à ordem e à economia pública”, escreveu ele, à época, ao decidir em favor das empresas.
Como desembargador, Marques esteve nos holofotes recentemente pela condenação da ex-promotora Deborah Guerner, acusada de tentar extorquir o ex-governador José Roberto Arruda, condenado por corrupção. Foi também da sua caneta que saiu decisão que derrubou liminar concedida em primeira instância contra a compra de lagostas e vinhos em uma licitação do STF, em maio de 2019. No âmbito político, Marques freou uma investida do governo de São Paulo, que tentou obter acesso a documentos em poder do Cade sobre o escândalo do “trensalão” do PSDB paulista, em 2013.
Ao Anuário da Justiça Federal, em entrevista concedida em 2018, Marques não se opôs à prisão após condenação em segunda instância, desde que determinada por decisão fundamentada. Ele, no entanto, é crítico à execução automática da pena logo após o julgamento em segundo grau.
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Comentários (10)
TONI FERREIRA
2020-10-01 22:50:28Exceto a farra das lagostas, o Ministro tem decisões coerentes. Quantos às lagostas isso é hilariante num pais onde muitos passam fome e saúde sempre este doente por falta de médicos, medicamentos e hospitais.
Silvino
2020-10-01 13:29:56Se o nome recebeu o aval de Gilmau Mendes e de Tofinho não pode ser boa coisa. Quem em sã consciência poderia supor que numa reunião na casa do nefasto empresário juiz o escolhido recebeu as bênçãos de sua indicação. O empresãrio juiz do Supremo parece que não tem limites para sua ânsia de poder. Quem poderá barrar essa figura grotesca do judiciário nacional. De palpite em palpite o home vai galgando apoios contra a Lava Jato e fazendo o jogo do Centrão. É urgente uma providência contra isso.
Waldemar
2020-09-30 23:14:06Ser a favor da prisão em segunda instância tem que ser um dos requisitos básicos para ser nomeado para o STF, a impunidade é um dos grandes males que assolam o Brasil e a exigência do "trânsito em julgado" para que o condenado comece a cumprir a pena é o que mais contribui para isso!
Solange
2020-09-30 20:51:17A Máfia no vértice se fortalece
Sinval
2020-09-30 20:44:58Vai ajudar a piorar a imagem do atual STF, não tenho dúvida.
Laercio
2020-09-30 19:23:12Eleições estão por vir, o povo já se mostrou avesso a popularidade!! Bolsonaro nesse ritmo já está com a água perto do pescoço..!
Nilton
2020-09-30 18:37:16mais um bandido de toga
JOSE ARLINO
2020-09-30 18:04:06Geralmente do quinto constitucional não sai coisa boa,o cara nunca foi juiz e entra como desembargador,brincadeira esse país.
Jose
2020-09-30 17:30:36É já era lava jato! Espero que a burrice dos eleitores se perdem até 2022 p derrubar mais um mentiroso . O que me choca é que os militares que fazem parte desse governo aceitam isso. Eu já achava que o país deveria ser tomado pelos militares fechando o STF e o congresso e depois fizesse as devidas reformas politica etc... e ai então fazer uma nova eleição. hoje já acho que que esses militares são frouxo ou entraram no clima da corrupção.
MARCELO
2020-09-30 17:29:52Indicado por Ciro Nogueira, contra a condenação em segunda instância e com certeza contra a Lava Jato. Mais uma vez o Bolsonário demonstrando ser um traíra e tem otário que ainda acredita nele. Joguei meu voto no lixo.