Arte: O Antagonista

José Márcio Camargo: Bolsa Família fez brasileiros desistirem de procurar emprego

08.03.24

O economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo, comentou no Crusoé Entrevistas sobre o impacto do programa Bolsa Família no mercado de trabalho brasileiro. Com base no estudo “O impacto das transferências na taxa de participação e no desemprego“, Camargo afirma que o aumento do valor do Bolsa Família (antigo Auxílio Brasil) fez com que 2 milhões de brasileiros deixassem de procurar emprego. A pesquisa, contudo, não responde se essas pessoas estavam desempregadas e preferiram continuar em casa ou se abandonaram os empregos que já tinham.

De acordo com o estudo, a elevação do valor do Bolsa Família no final de 2022, com a “PEC da Gastança” (também chamada de PEC Kamikaze ou PEC da Transição), fez com que o valor dado pelo programa subisse para 600 reais por família. Com isso, o auxílio passou a representar metade do salário mínimo, bem mais do que os 18% de antes.

Para muitos brasileiros, a elevação do benefício fez com que elas considerassem ser melhor permanecer inativos em casa a arcar com o custo de ir até o escritório ou empresa e se relacionar com outras pessoas.

As pessoas sempre avaliam se o custo de ir trabalhar é maior do que os benefícios, sendo que um dos benefícios é o salário“, diz Camargo. “Mas, se a pessoa tem acesso a um programa de transferência de renda, ela tem um benefício que não depende de ela estar trabalhando ou não. Se esse valor é muito alto, a pessoa pode escolher não estar no mercado de trabalho.”

Segundo o estudo da Genial Investimentos, a desistência de muitas pessoas em procurar trabalho levou a uma queda de 1.7 ponto na taxa de desemprego. “As pessoas que não estão procurando trabalho não entram na estatística de desemprego“, diz Camargo.

O economista alerta que, no longo prazo, isso pode trazer problemas, pois diminui a oferta de um dos insumos necessários para o crescimento da economia. “Se o número de pessoas dispostas a trabalhar diminui, isso reduz o potencial de crescimento da economia“, diz ele.

Camargo também comenta o efeito negativo do ponto de vista fiscal, uma vez que o governo arrecada menos com um crescimento fraco da economia, e ainda precisa arcar com um gasto maior para atender às famílias necessitadas.

No Brasil, cerca de 21 milhões de famílias recebem o Bolsa Família. Isso significa que de 35 milhões a 38 milhões de brasileiros dependem do programa, o que dá em torno de 15% da população.

O entrevistado foi quem deu a ideia para criar o Bolsa Escola, ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso, nos anos 1990. Naquela época, a família era obrigada a manter a criança no colégio para poder receber o benefício. “Agora, no Bolsa Família, há condicionalidades mais gerais, o que torna a regra de manter a criança na escola menos rigorosa, mas o processo ainda é bem-sucedido“, afirma.

 

Assista à entrevista com José Márcio Camargo

 

 

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  1. No dia em que a população que trabalha descobrir que sustenta a população que não trabalha , cansar de ser explorada e parar de sustentar a vagabundagem seremos o país de vagabundos , uma venezuela da pior categoria

  2. Os índices de inflação e de desemprego estão totalmente distorcidos, com o arroz, feijão, carne, verdura, frutas e legumes nas alturas, o básico na alimentação do brasileiro, com preços lá nas alturas e com o beneficiado com o bolsa família, desistindo de procurar emprego o que se traduz em baixar o índice de desemprego, já que tal índice e considerado pelo número de pessoas que "estão procurando emprego", fica fácil para o governo mostrar falsamente que está tudo bem!

  3. Também percebi essa tendência de abandono do trabalho pelas pessoas em condição de pleitear o bolsa família. É o estímulo ao assistencialismo que faz a diferença nesse país

  4. Uma observacao: a maioria dos beneficiarios do bolsa familia (65%) é gente com mentalidaes esquerdista incluyida pelas lideralgos esquerdistas. Vamos lá: Deputados, líder sindicalista, mst, uma tal de causa operaría. Aí eles que trabalhar é pata beneficiar alguem e nao uma mao dupla. Ou seja, benefios mutuos Essa maioria é preguiçosa, manipuliar e perigosa(criminosa).

  5. Modelo de todo discurso de Ditadores. Depois de prometerem a igualdade entre as classes passam a distribuir um pão por dia para cada membro da família. Papel higiênico só no mercado "paralelo". Pena que aqueles eleitores que fazem o L são muito bobos ingênuos.

  6. No final quem arca com as benesses do governo é o assalariado pagador de impostos. Não condeno o Bolsa Família mas tudo tem limite.

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