Adriano Pires sobre Petrobras: “Quando se perde a governança, vale tudo”  

Economista diz que intervenções políticas na estatal podem trazer de volta os erros do passado
10.11.23

O economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, CBIE, afirma que há uma preocupação no mercado com o que será da governança da Petrobras. “Todo mundo se lembra do que aconteceu no passado quando a Petrobras perdeu a governança. Ocorreram problemas de toda ordem, como dívida alta, questões policiais etc“, disse Pires no Crusoé Entrevistas.

Quando você fere a governança, dá-se margem para fazer qualquer coisa com a empresa. Pode nomear como diretor uma pessoa de um partido político, pode nomear um conselheiro com um conflito de interesses real, sem estar preocupado com critérios de meritocracia. Pode investir em um setor da economia que não tenha retorno de capital condizente com o negócio da petróleo. Quando se perde a governança, vale tudo“, diz Pires, que recusou o convite para ser o presidente da Petrobras no ano passado e foi uma das pessoas que ajudou a criar a Agência Nacional de Petróleo, a ANP, que regula o setor.

A apreensão com a governança tem crescido principalmente com a liminar do ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski, que alterou a Lei das Estatais e permitiu a nomeação de políticos para cargos importantes nessas empresas. Como liminares são decisões temporárias, elas podem ser alteradas mais tarde, em um julgamento do plenário do tribunal com todos os onze ministros. O problema é que, sem que a situação fosse resolvida, a Petrobras cogitou mudar o estatuto da companhia, com base nessa liminar. “Não é prudente mudar o estatuto obedecendo a uma liminar. Vai que a liminar é derrubada outra vez no Supremo? Aí volta outra vez para trás?“, questiona Pires.

Segundo Pires, quem poderia mudar a Lei das Estatais é o Congresso, de forma democrática e após várias discussões. Não faz sentido, portanto, que a estatal tome a dianteira nesse processo. Em vez de se envolver em questões políticas, o que a empresa deveria fazer é buscar ser o mais lucrativa possível. “A Petrobras deve ter governança e perseguir os interesses dos seus acionistas“, diz Pires. Como o maior acionista da Petrobras é a União, a empresa, ao perseguir os seus interesses, contribui com a arrecadação do governo federal.

Entre as medidas que não trazem retorno para a Petrobras e que estão sendo anunciara estão a exploração de petróleo e gás natural na Bolívia e os investimentos na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. “A Petrobras tem que ter muito cuidado. A experiência na Bolívia é muito ruim. A Petrobras teve refinarias que foram estatizadas. Então, os negócios que a Petrobras teve com a Bolívia nos últimos anos, não apenas no governo do PT, foram muito ruins. É um investimento de muito risco. A experiência da empresa manda um sinal contrário. Ali é um risco político“, diz Pires.

Assista ao vídeo abaixo:

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  1. O PT no poder é a corrupção total em escala absurda. Espero que o ex presidiário não escape desta vez. O Brasil não pode dar certo com esse tipo de gente no poder. Precisamos candidatos com formação acadêmica e com formação moral. Lula passa a mão na cabeça de Maduro, ditador sanguinário e corrupto sabidamente vinculado ao narcotráfico. Os países com quem Lula se relaciona são países de ditadores como Cuba, Nicarágua, Rússia...(Dias Canel, Ortega, Putin...) Viva a Lava Jato!

  2. Tudo vai se repetir. Muita gente já esqueceu o que aconteceu. Há empregados da Petrobras que acham que não houve roubo, que o rombo na Petros não tem nada a ver com incompetência e corrupção mas, são apenas questões aduariais. Além do que, fora da Petrobras há um clima muito mais propício ao retorno da corrupção.

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