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Baleia Rossi: relação de Lula com Centrão pode ser sadia, se for transparente

O presidente do MDB diz que o partido está em processo de renovação, fala do aumento de poder do Parlamento e das mudanças no relacionamento com o Executivo
20.07.23

O presidente do MDB, Baleia Rossi, defendeu em entrevista a Crusoé a permanência de partidos do chamado Centrão na base governista, desde que esses acertos ocorram às claras e com a devida transparência.

A questão do Centrão sempre se fala pejorativamente. É ‘Centrão, toma lá da cá, está sempre encrencado…’. Agora, a relação do presidente [Lula] com estes partidos que querem e podem contribuir com uma agenda convergente para o país ela é sadia”, defendeu Rossi.

Eu não vejo dificuldade nenhuma ou problema nenhum nesses partidos que estão ajudando a aprovar projetos importantes como a reforma tributária, o arcabouço fiscal, eles poderem participar de alguma área do governo que tenha uma política pública de entrega. O que não pode ser é uma inclusão ‘por baixo do pano’, não pode ser em uma conversa de boteco, não pode ser uma conversa de corredor. Tem que ter a institucionalidade respeitada”, afirmou Rossi.

Nesta semana, o Palácio do Planalto confirmou que mais dois deputados do Centrão vão integrar a Esplanada dos Ministérios: André Fufuca, pelo PP, e Sílvio Costa Filho, pelo Republicanos. As pastas ainda não ficaram definidas.

Rossi também defendeu um maior diálogo do governo federal com os parlamentares, justamente no instante em que o Congresso ficou mais empoderado na opinião, dele. Esse maior poder do deputado é fruto de dois fatores, na visão do dirigente partidário: um maior controle das emendas e o aumento de deputados que dialogam diretamente com o eleitor pelas redes sociais.

Nos últimos anos, tivemos muita alteração na relação do Parlamento com o Poder Executivo. Isso é inegável. Naquela época [governos Lula 1, 2 e Dilma], o parlamentar era muito mais dependente das ações do governo do que hoje”, disse Rossi.

O que acontece nos últimos anos? Antigamente não tínhamos as emendas impositivas e o parlamentar, principalmente aquele eleito por um conjunto de cidades, ele precisa também dar retorno para a sua base eleitoral. O que aconteceu? O Parlamento foi empoderado. Empoderado de maneira legítima”, acrescentou.

Como presidente do MDB, Rossi acredita que o partido poderá eleger até 900 prefeitos nas próximas eleições e um dos cabos eleitorais da sigla será o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Um dos grandes desafios da sigla é mostrar para o eleitor que o partido está em processo de renovação. Nunes e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, são vistos como dois exemplos desse “novo MDB”.

Nesta entrevista, Rossi reafirmou que Nunes ficará na sigla, tentando afastar rumores de que o prefeito paulistano iria migrar para o PL de Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro.

Nunes é emedebista da gema. Ele é emedebista desde os 18 anos. E ele é um radical de centro. É uma característica dele”, declarou sobre Nunes.

E em relação às eleições de 2026, o presidente do partido fala que ainda é cedo para citar Tebet como candidata, mas faz um elogio à auxiliar palaciana. “A Simone está fazendo um belíssimo trabalho, ela tem a cara desse novo MDB. Ela conseguiu encampar as nossas bandeiras históricas: defesa da democracia e respeito às instituições.”

Assista à entrevista na íntegra:

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  1. "Participar em área de governo que tem ponta de entrega". Exatamente, essa é a filosofia do fisiologismo brasileiro: apoio o que for desde que possa caçar voto do eleitor com obra eleitoreira (e se der pra tirar algum $, melhor). Brasil nunca mudará

  2. Na verdade não aguento mais discussões sobre partidos. Não há mais um partido em que possamos acreditar que será fiel às causas que se propõem.

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