Ricardo Stuckert/PRLula com o cacique Raoni: exterior reclama do esvaziamento do Ministério do Meio Ambiente

O salvador dos incautos

Lula prometeu recolocar o meio ambiente na pauta em sua campanha, mas já frustra a plateia internacional que acreditou na sua lábia
15.06.23

Após sua vitória nas urnas no ano passado, o presidente eleito Lula foi de jatinho a Sharm el-Sheik, no Egito, participar da 27ª Conferência das Partes da ONU para as Mudanças Climáticas, a COP27. Lá, ele se encontrou com sua futura ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e conversou com líderes do mundo todo, que se acotovelavam para falar com o brasileiro. Ambientalistas festejaram a presença do petista, que prometia preservar a floresta amazônica, proteger os índios e reduzir as emissões dos gases de efeito estufa. Seis meses depois, alguns já se mostram decepcionados com o brasileiro.

Enganaram-se porque quiseram. A bem da verdade, Lula não foi um grande protetor do meio ambiente em seus governos passados. Seus dois primeiros mandatos e o de Dilma Rousseff, sua sucessora, foram marcados pelo incentivo de projetos de hidrelétricas na Amazônia e de refinarias que processam petróleo. Em 2008, Marina Silva abandonou o segundo governo Lula devido às pressões para o licenciamento da construção da Usina de Belo Monte, uma das hidrelétricas que integrava o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC. O petista também chegou a usar a PF para questionar dados do Inpe sobre o avanço do desmatamento em seus primeiros anos de mandato, antes de fortalecer a fiscalização ambiental. Suas ideias arcaicas não foram abandonadas, como se vê pelos esforços para baratear a gasolina, reduzir o preço dos carros e investir na exploração e no refino de petróleo. “Está muito claro que Lula mudou a retórica na campanha eleitoral, mas, na hora do vamos ver, ele e o PT são favoráveis a continuar com a extração do petróleo”, afirma Viola.

Uma voz crítica a Lula no exterior atualmente é a da eurodeputada alemã Anna Cavazzani, que é vice-presidente da delegação de Brasil no Parlamento Europeu. Após a aprovação na Câmara do projeto de lei do marco temporal, Cavazzani afirmou que isso mandava um “sinal errado” e seria “um desastre para os povos indígenas e sua luta por territórios”. Ela também criticou as mudanças na Esplanada que esvaziaram o Ministério do Meio Ambiente, de Marina Silva, e o de Povos Indígenas, de Sonia Guajajara. Em conversa com Crusoé, Cavazzani reclamou das negociações para a assinatura do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. Nesta semana, Lula recebeu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para tratar desse assunto e outros temas. “O acordo comercial levará ao aumento da produção de gado, soja e outros produtos agrícolas. Portanto, é importante fortalecer as salvaguardas contra o desmatamento”, diz a eurodeputada.

Como integrante da esquerda europeia, era de se esperar que Cavazzani se colocasse contra qualquer projeto de desenvolvimento ou medida que beneficie o agronegócio brasileiro. Mas a frustração com Lula é mais ampla e também contaminou alguns jornais. Especialmente o esvaziamento das pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas mancharam a imagem de Lula, uma vez que a mudança contou com o apoio do Palácio do Planalto. “Houve uma repercussão grande. Ao longo desses seis meses, o clima que antes era de euforia agora é de apenas um otimismo cauteloso”, diz o jornalista Daniel Buarque, que coordena um índice que monitora a cobertura da imprensa estrangeira sobre o Brasil.

Outra contradição que preocupa lá fora é o antagonismo entre os ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia no âmbito da exploração de petróleo pela Petrobras na foz do rio Amazonas. Lula se sentiu traído por Marina por não ser avisado de antemão do veto do Ibama, um órgão técnico, e não político. Com o fato consumado, o presidente disse a jornalistas “achar difícil” que a empreitada da estatal impactasse a Amazônia, pois a exploração seria muito longe da costa. Nesse embate, o petista tende a socorrer o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia. “Lula e o PT sempre defenderam a valorização extrema da Petrobras e da exploração de petróleo como elemento da soberania nacional”, diz Eduardo Viola, professor de relações internacionais da FGV.

Além de avançar com projetos desenvolvimentistas e poluidores, Lula ainda começa a ter de responder pelos problemas que persistem, como as mortes de índios ianomâmis e a infiltração do crime organizado na Amazônia. À medida que o seu mandato avança, o governo ainda enfrenta novas divididas, principalmente com a ministra Marina Silva. As chances de atritos só aumentam, enquanto brasileiros e estrangeiros cobram resultados concretos. Manter a aura de salvador da floresta não será tão fácil para o presidente, nem no Brasil, nem no exterior.

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  1. Como acreditar numa pessoa que se declara um metamorfose ambulante? Como acreditar num farsante, que se apresenta como um fruto da pobreza e vive de forma nababesca? Grande fazedor de "amigos laranjas". Um camaleão que sabe aproveitar a sua qualidade de se transformar de acordo com a conveniência do momento. Enfim, faz da farsa uma qualidade.

  2. Precisamos de pena de morte contra os criminosos. Tolerância zero e então o Brasil sai do buraco.

  3. Que se Dane! Quer ser o Deus Milagroso! Administrar interesses controvertidos nunca foi e, não será fácil para ninguém,

  4. Eu desejo que haja mais e mais ambientalistas, políticos, entidades, ONGs do Mundo abram os olhos para essa figura do presidente. Enganar, promover esperança é só estratégia populista do Lula. Aqui os luloafetivos podem acreditar, mas considero que são cegos pela ideologia, Mas quem enxerga de fora acho inaceitável. Digamos que Leonardo DiCapri e o Papa são pessoas desinformadas e só estão caindo no conto do "vigário" (ou vigarista).

  5. Beeemmmm feito para a platéia de perfeitos idiotas internacionais que gooostam de acreditar em marginal ladrão vocacionado, atrasado, burrão e, evidentemente lógico: incompetente!!!! E o ladravaz ainda """pede dinheiro""" a """todos os países desenvolvidos""" e cinicamente finge"""não saber """porque eles não dão""" as """"verbas pro desgoverno dele"""!!!!!

  6. Nesta altura do campeonato quem acredita em Lula já não pode ser considerado ingénuo, mas sim burro.

    1. ...ingenuidade não é pra intelectual honesto.

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