Uma semana de distorções da realidade no governo Bolsonaro
É bem verdade que a gestão Jair Bolsonaro, marcada pelo comportamento errático, adota posicionamentos contraditórios com frequência, culpando imprensa, Legislativo e Judiciário. A distorção de informações, no entanto, atingiu o ápice nesta semana, quando o chefe do Executivo, ministros e até mesmo assessores palacianos reverberaram versões falsas sobre a postura do governo federal no enfrentamento...
É bem verdade que a gestão Jair Bolsonaro, marcada pelo comportamento errático, adota posicionamentos contraditórios com frequência, culpando imprensa, Legislativo e Judiciário. A distorção de informações, no entanto, atingiu o ápice nesta semana, quando o chefe do Executivo, ministros e até mesmo assessores palacianos reverberaram versões falsas sobre a postura do governo federal no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.
Assessor Especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins tentou emplacar uma narrativa que não condiz com a realidade na quinta-feira, 21, poucas horas após a Índia liberar a exportação para o Brasil do lote de 2 milhões de doses da vacina fabricada pelo Instituto Serum com base na tecnologia desenvolvida pela AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford.
Nas redes sociais, Martins alegou que “estava tudo certo” para o despacho dos imunizantes, marcado para o início da semana, “até que a informação vazou para a imprensa, causando desconforto na Índia e o atraso do envio”. A versão não pára em pé. O próprio Ministério da Saúde anunciou, em 13 de janeiro, que um avião da companhia aérea Azul partiria de Recife no dia seguinte com rumo a Mumbai para buscar o lote. A aeronave chegou a ser adesivada com a imagem do Zé Gotinha, símbolo da imunização nacional.
Como mostrou Crusoé, a pirotecnia incomodou o governo indiano, que havia pedido máxima discrição à gestão Eduardo Pazuello, uma vez que a vacinação no país asiático começou no último fim de semana. Para evitar um novo desencontro, o Itamaraty sugeriu ao general que a operação logística fosse contratada diretamente na Índia, em um voo comercial. O transporte até o Brasil, que deve ser finalizado ainda hoje, custará 55 mil dólares.
O Ministério da Saúde foi outro a divulgar informações inverídicas. Criticado pelo aplicativo TratCov, que indica o "tratamento precoce" a pacientes com sintomas que podem ou não ser de Covid-19, o órgão afirmou que a ativação da plataforma ocorreu "indevidamente". “Informamos que a plataforma TrateCov foi lançada como um projeto-piloto e não estava funcionando oficialmente, apenas como um simulador. No entanto, o sistema foi invadido e ativado indevidamente – o que provocou a retirada do ar, que será momentânea”, detalhou, em nota.
Apesar da versão oficial, o ministério divulgou a plataforma “tratecovbrasil.saude.gov.br” em seu site oficial. Além disso, Eduardo Pazuello falou abertamente sobre o aplicativo na semana passada, durante visita a Manaus, no Amazonas. Em nota, chegou-se a dizer que “a ação do Ministério da Saúde tem como objetivo fornecer mais um mecanismo que dará maior segurança e agilidade no diagnóstico da COVID-19, visando reduzir o risco de internações e óbitos”.
Jair Bolsonaro não ficou para trás na propagação de inverdades. Mesmo após o Supremo Tribunal Federal desmentir, oficialmente, a tese de que a corte impediu o governo federal de adotar medidas para o combate à pandemia, o presidente voltou a repetir que ficou de mãos atadas em razão de decisões da corte.
“É uma decisão bastante longa, onde eu comprovo, aqui, que as ações de combate à pandemia ficaram restritas a governadores e prefeitos. Para nós coube enviar recursos”, repetiu. A despeito do falatório, a Suprema Corte apenas fixou a competência concorrente da União, dos estados e municípios para a implementação de ações para a contenção da crise sanitária.
As incongruências não roubaram a cena apenas ontem. A segunda-feira começou com o presidente Jair Bolsonaro afirmando, ao se referir à Coronavac, que “a vacina é do Brasil, não é de nenhum governador, não”. Na ocasião, o chefe do Planalto comentava a liberação do uso emergencial e temporário de um lote de 6 milhões de doses do imunizante pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa.
O tom se contrapõe à postura adotada pelo presidente em outubro de 2020. Naquele mês, em uma publicação intitulada “a vacina chinesa de João Doria”, Bolsonaro usou as redes sociais para falar sobre a decisão de mandar o Ministério da Saúde cancelar o protocolo de intenção de compra de 46 milhões de doses do imunizante.
“Para o meu Governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser COMPROVADA CIENTIFICAMENTE PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE e CERTIFICADA PELA ANVISA”, assegurou. Apesar da escrita em letras garrafais, a pasta chefiada por Eduardo Pazuello acertou a aquisição de 100 milhões de doses do imunizante antes do sinal verde da Anvisa.
Ainda na segunda-feira, Eduardo Pazuello deu mais uma prova da memória curta do governo federal. Em coletiva de imprensa, o ministro insistiu que jamais indicou medicamentos para o tratamento da Covid-19 ou autorizou a pasta a fazê-lo. O general não mencionou, entretanto, que, sob sua batuta, o órgão publicou, em maio, uma nota informativa que orienta a prescrição da hidroxicloroquina desde os sintomas leves da infecção pelo novo coronavírus, combinado ao antibiótico azitromicina.
O ministro ainda ignorou os meses de entrega em massa dos medicamentos pelo país e o fato de que a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde, Mayra Pinheiro, chegou a enviar, dias antes, um ofício à prefeitura de Manaus para cobrar a receita de cloroquina a pacientes com Covid-19 na capital amazonense, enquanto o sistema de saúde passava por um colapso.
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Comentários (10)
Izeliana
2021-01-23 07:31:10Vocês distorcem tudo como se seus leitores fossem ignorantes. Não adianta. Nos sabemos a verdade e vocês vão se ralar. Incompetentes e recalcados
Antoniou
2021-01-22 18:19:49Pois eh. Pessoas inteligentes sabem muito quando algo ajuda ou faz mal. Se fizer mal é só parar. É muito melhor de que deixar as pessoas morrerem sem tomar nada. Acho que não devem por a culpa no governo. Esses autoritarismos estaduais, muncipais ejudiciárias são terríveis.
Odete6
2021-01-22 17:22:55A impressão que dá (impressão????) é que aspergiram um mega-inseticida no Planalto e na Esplanada dos Ministérios e, que essas baratas tontas perderam totalmente o rumo, estão esperneando de dorso no chão e umas escorregando entre as outras!!!! A imagem é dantesca mas, a metáfora adequada para a situação dantesca do desgoverno do país é essa mesmo!!!!!!...
Antonio
2021-01-22 15:48:16Para mim são opiniudos covardes.
Antonio
2021-01-22 15:43:56Sem querer magoar ninguém acho essa turma, imprensa, os famosos "especialistas" e comentaristas de plantão para quem tudo que o Bolsonaro faz não serve, eu acho-o semelhante a uma mãe, ou qualquer pessoa, que vendo alguem doente, mal, sai correndo atrás de algo que ajuda ou quem sabe até cura a pessoa. Razões lógicas de sua insistência com os "ínas"que ele descobriu. Pode não curar más é como um chá caseiro que, para muitos resolve. O pior é que o culpam pelas mortes pela covid.
Carlos
2021-01-22 12:45:15Esse governo mente tanto que já passou a acreditas nas mentiras que fala. Já perderam a noção do que é verdade e o que é mentira.
Ana Lúcia K
2021-01-22 11:31:26Boçalnaro e sua trupe vivem em uma realidade paralela, onde as ordens do “jacaré” estão acima da conjuntura nacional. E onde até os generais de alta patente se submetem, como cúmplices, aos delírios de um capetão, desmoralizando cada dia mais o Exército brasileiro. #Impeachment Já!
Romulo Louzada Bernardo
2021-01-22 11:04:18Esse é um (des)governo mendaz, incompetente e criminoso. Só o impeachment resolve o problema do Brasil
Vasconcellos
2021-01-22 10:54:29É incrível ver como bolsonaristas fanáticos se parecem com petistas militantes. São idênticos! Dos comentários abaixo, aqueles que vieram de bolsonaristas insistem no culto à mentira ou na negação cega da realidade. Também tem o maniqueísmo (nós contra eles). Assim como a elevação de si próprio ao patamar de autoridade ("eu sou empresário, e vc?")? Tem também a tentativa de ridicularizar os adversários. Tudo muito petista. Mas vindo de bolsonaristas. Os extremos se dão as mãos nos bastidores.
Neusa
2021-01-22 10:36:18Excelente retrospectiva das MENTIRAS DESCARADAS DESSE DESGOVERNO igual conversa de malandro! CONGRESSO Nacional cúmplice desse caos imposto ao povo de bem brasileiro! Vergonha vergonha e nojooo