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Sanção à carne pode ser retaliação a Ernesto Araújo, avalia presidente da Frente Brasil-China

30.06.20 11:10

A sanção chinesa a três frigoríficos brasileiros por medo da contaminação pela Covid-19 pode ser, na verdade, uma retaliação à posição anti-China do chanceler Ernesto Araújo. A avaliação é do deputado Fausto Pinato, do PP, presidente das Frentes Parlamentares Brasil-China e Brasil-BRICS. Nos bastidores, o Itamaraty tem defendido uma posição de veto à Huawei no 5G, cruzando o que o agronegócio considera uma “linha vermelha”.

“É difícil confirmar que se trata de uma retaliação ao Itamaraty, mas isso não é impossível”, avalia o parlamentar, em entrevista a Crusoé. “Diante da postura de membros do governo e de familiares do presidente, essa hipótese não pode ser descartada”, analisa o deputado de um dos partidos do Centrão. 

Para Pinato, o “chanceler brasileiro com seu excesso de ideologia atrapalha os reais interesses do país”, já que “a China é a nossa maior compradora”. “Em política internacional é inadmissível ideologia que atrapalhe o interesse do país, ainda mais sendo um diplomata de carreira”, conclui. 

Integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária temem que mais frigoríficos sejam sancionados pela China nas próximas semanas. Além do Brasil, países como Austrália e Alemanha sofreram restrições semelhantes dos chineses, que anunciaram que não aceitarão exportações de indústrias onde houver funcionários acometidos pela Covid-19. 

No governo, no entanto, a postura é de maior cautela mesmo em setores que rivalizam com a ala ideológica, da qual Ernesto Araújo é o maior expoente no primeiro escalão ministerial. Sob reserva, um integrante do governo disse a Crusoé que não acredita na relação entre o 5G e as medidas fitossanitárias impostas pela China. Na avaliação dele, a restrição aos frigoríficos brasileiros é motivada por problemas internos dos asiáticos que, depois de decretarem o fim da pandemia, precisam justificar para a sociedade chinesa como o vírus voltou a aparecer em um mercado de Pequim. 

Ainda assim, a impressão preliminar de integrantes do Ministério da Agricultura é que a sanção não tem base científica, mas Brasília ainda busca esclarecimentos junto ao governo chinês para reverter a medida. Integrantes do setor privado sinalizaram que estariam dispostos até a fazerem testes na carne exportada para a China, para garantir que as encomendas não estejam contaminadas. 

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