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‘Rei da terceirização’ da Esplanada à beira da cassação por coagir funcionários a votar nele

23.08.20 10:06

O empresário José Gomes, dono de bilionários contratos para a prestação de serviços de limpeza e conservação em prédios dos Três Poderes em Brasília, foi eleito deputado distrital em 2018, pelo PSB, para seu primeiro mandato. O proprietário da empresa Real JG Serviços Gerais passou a integrar uma grande bancada de donos de firmas que prestam serviços terceirizados a órgãos públicos e decidiram entrar na vida pública – muitos deles, curiosamente, aumentaram os valores dos contratos com o poder público depois de eleitos. Mas, para conquistar a cadeira de deputado, ele protagonizou um escandaloso episódio de abuso de poder econômico, que, na semana passada, começou a ser julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral. A análise da ação deve ser retomada nas próximas sessões e a tendência é que o TSE casse seu mandato— já há dois votos contrários a ele.

O abuso de poder econômico teria se configurado no Superior Tribunal de Justiça, contratante da Real JG Serviços Gerais, a empresa de José Gomes. O caso foi encaminhado à Justiça Eleitoral pelo presidente do STJ, João Otávio de Noronha. No documento, o ministro relata que funcionários terceirizados da Real JG Serviços Gerais que atuavam no STJ revelaram ter sido pressionados a votar no patrão nas eleições de 2018.

A pressão é comprovada por gravações em áudio de reuniões entre a cúpula da empresa e os trabalhadores. Num dos áudios, um primo de José Gomes, gerente da firma de terceirização, aparece dizendo aos funcionários que tinha em mãos dados do título de eleitor de cada um e que controlaria o número de votos em cada seção eleitoral. “Sei a zona onde vão votar e sei quem vai trair e não vai trair o senhor José Gomes”, disse o gerente, no material anexado à ação.

Diretores da Real JG também teriam coagido os faxineiros a gravar um vídeo de apoio à eleição de José Gomes dentro das próprias dependências do STJ. A gravação foi enviada à Justiça Eleitoral e a Real JG Serviços Gerais chegou a ser multada por descumprimento a normas de conduta do STJ –  a corte proíbe manifestações políticas no interior de sua sede.

Em abril de 2019, Gomes foi cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal. O parlamentar recorreu e o caso subiu ao TSE. O relator, ministro Og Fernandes, votou pela cassação do deputado, entendimento seguido pelo ministro Edson Fachin. O ministro Tarcísio Vieira pediu vista do processo e o debate deve ser retomado nas próximas sessões.

No julgamento no TSE, a defesa de José Gomes argumentou que não há nas gravações nada que “possa efetivamente macular a independência do voto”. A empresa Real JG Serviços Gerais tem hoje contratos vigentes com vários órgãos do governo federal, como o Ministério da Justiça, o MEC, universidades públicas e institutos federais. No total, a empresa já recebeu 1,7 bilhão de reais do governo, mas ela também presta serviços ou firmou contratos com a Câmara dos Deputados, o Senado Federal e boa parte dos tribunais superiores, daí o apelido de “Rei da terceirização” da Esplanada em Brasília. Ao tomar posse como deputado, José Gomes passou a Real JG para o nome de parentes e pessoas próximas.

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  1. Seria de se admirar ou até se assustar se fosse diferente. Todos os contratos de prestação de serviços das empresas desse deputado precisam ser investigados, especialmente no que diz respeito às licitações.

  2. Viva a Friedrich Engels, Karl Marx e Rosa Luxembugo. Viva Antonio Gramsci, Vladimir Lenin e Leon Trotsky. Graças a eles, podemos hoje vive numa sociedade totalmente igualitária. Ao menos pra esses canalhas que tiram do proletariado a principal ferramenta de questionamento, a educação. Viva a nossa gente tupiniquim que por uma vida aparentemente mais fácil, vendem seu voto por migalhas. Viva a Lula, que articulou o maior esquema de corrupção da história do país. Viva o socialismo gourmet.

    1. Sim. Tudo é culpa deles com certeza. Afinal eles comandaram o Brasil desde sempre não é? A História do Brasil começa a estagnar na era PT. Antes TDS tinham acesso a Educação, era ótimo, TDS estudavam em escolas integrais, nossos filhos (pobres) tinham acesso a faculdades de prestígio, não havia um só analfabeto. Que venham os velhos tempos. Viva a Ditadura!! Viva a direita!!

  3. PSB? Mais um socialista nadando em dinheiro do contribuinte, enquanto paga salários de fome? Por que não aderiu a um partido comunista residual? Não seria muito mais coerente? Por que tais serviços acabam sendo controlados por oligopólios, o que implica, por si só, abuso indisfarçável de poder?

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