Quem será o ditador por trás do uniforme de “Super Bigode”?

Musculoso, vestindo roupas justíssimas, uma capa e uma cueca por cima da calça. Igualzinho ao super-homem americano —mas de bigode. E bolivariano. E representando um ditador não eleito, autor de potenciais crimes contra a humanidade, que prendeu ou cassou seus concorrentes na próxima “eleição” do seu país.

Não é um pássaro. Não é um avião. É o “Super Bigode”, desenho animado que Nicolás Maduro passou a usar em sua campanha antecipada a presidente.

There is a new episode of "SuperBigode", where Nicolás Maduro's alter ego argues why the venezuelans should vote for him instead of the opposition in the venezuelan elections. pic.twitter.com/wLfoT4kZhj

— Crazy Ass Moments in LatAm Politics (@AssLatam) March 20, 2024

No primeiro vídeo, que começou a circular nesta semana, o dito “herói” fala das melhorias na segurança na cidade de La Guaira, situada no litoral do país. Situada a pouco mais de 50 km de Caracas, Guaira está num círculo de violência que envolve toda a região metropolitana da capital.

Não é, no entanto, o que nos garante o “Super Bigode” e outros personagens animados que dão voz ao episódio, de um minuto e 20 segundos: o turismo supostamente floresce, e a recuperação econômica vai de vento em popa (no desenho).

Sobrou até para a briga de 5ª série que Maduro vem travando com Javier Milei, o presidente da Argentina. “Eles [a oposição] não tem plano para governar o país. São uns incapazes, uns ineptos”, diz uma personagem feminina. “O que querem é despedaçar a Venezuela, como fizeram com o avião da Emtransur. Vender nossa soberania.”

Ao fim, a mensagem motivacional: “Meu compromisso é com vocês. Hoje amanhã e sempre. A Venezuela ninguém detém, porque trabalho em equipe, vitória segura!”

A tocante mensagem do ditador bolivariano é voltada ao público jovem, como ele mesmo tornou público em suas redes sociais. “Por cima das sanções e do bloqueio, nada nem ninguém nos deterá, seguiremos adiante pela recuperação econômica e em defesa da soberania do país”, escreveu.

A “eleição”  que deve garantir mais um mandato para si está marcada para o dia 28 de julho, aniversário do seu antecessor e mentor político Hugo Chávez. A campanha eleitoral é permitida a partir de 4 de julho, mas o vídeo mostra que Maduro não está se importando muito com o calendário.

Como ele já aparelhou totalmente o Estado, prendeu e cassou os direitos políticos de todos os seus principais concorrentes, como a da líder oposicionista Maria Corina Machado, não é difícil imaginar que ele vencerá a “disputa”.

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