Quando os juros vão cair?
Brasil encerra 2025 com taxa Selic firme em 15% e mercado debate quando o ciclo de cortes de juros terá início
O Banco Central encerrou 2025 com a taxa de juros Selic mantida em 15% ao ano, um patamar que não era visto há quase duas décadas e que coloca o país em posição única entre as grandes economias emergentes que já começaram a reduzir juros diante da desaceleração da inflação e da atividade econômica.
Essa decisão de manter a taxa básica intacta reflete uma combinação de prudência às pressões inflacionárias ainda presentes e a preocupação em preservar a credibilidade da política monetária, mesmo quando uma parte do mercado começou a apostar em cortes já no início de 2026.
Internamente, o comunicado do Comitê de Política Monetária do Banco Central teve uma leitura diferente. Analistas perceberam que algumas mudanças sutis na linguagem, como a maneira de descrever as condições da economia, deixaram alguma fresta aberta para um corte ainda em janeiro.
"Pode até cair em janeiro, mas o mais provável é que os juros só comecem a cair a partir da reunião do Copom de março", avalia Jason Vieira, economista chefe da Lev Investimentos.
Ele reforça a impressão da maioria dos economistas e casas financeiras, que continua convicta de que o início do ciclo de redução de juros só ocorrerá mais adiante, quando indicadores mais completos sobre atividade e inflação estiverem disponíveis.
Essa visão majoritária no mercado mostra que o Copom não fechou completamente a porta para uma mudança rápida, mas também não sinalizou com clareza uma guinada iminente.
O pano de fundo dessa cautela é uma inflação que, embora em trajetória de queda e próxima do teto da meta, ainda não oferece margem confortável para cortes abruptos.
Dados recentes mostram que as expectativas de preços para os próximos meses continuam acima do centro da meta, especialmente em serviços e itens sensíveis ao mercado de trabalho, que seguem aquecidos.
Esse quadro reforça o argumento do Banco Central de manter juros altos por mais tempo como forma de âncora contra pressões inflacionárias persistentes.
A cena internacional também complica a leitura doméstica. Enquanto bancos centrais de outras economias já iniciaram cortes, como nos EUA, ou ao menos pausas prolongadas, o Brasil se vê isolado ao manter juros em níveis tão elevados.
Isso tem impacto direto no custo do crédito, na dinâmica de investimentos e até na confiança de consumidores e empresas, que aguardam com atenção as próximas decisões do Copom e a ata detalhada sobre essa última decisão, que sai semana que vem.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)