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Por que a Rússia quer usinas nucleares na África

03.04.24 10:00

A estatal russa de energia nuclear Rosatom está buscando convencer países da África a instalarem usinas nucleares para a produção de eletricidade. Caso os russos consigam fechar novos negócios, isso poderia ajudar o Kremlin a lidar com as sanções impostas pelo Ocidente após a invasão da Ucrânia.

Atualmente, há apenas uma usina nuclear no continente africano, na Cidade do Cabo, na África do Sul. Mas quatro países já anunciaram que pretendem instalar usinas nucleares ou já iniciaram a construção: Egito, Uganda, Ruanda e Quênia.

Na semana passada, a Rosatom divulgou que assinou acordos de cooperação em energia nuclear com Mali, Argélia e Burkina Faso.

Para os países africanos, a energia nuclear pode ser uma boa solução, uma vez que a maioria deles tem problemas de oferta de eletricidade. Em Burkina Faso, por exemplo, apenas 19% da população tem acesso à energia.

Para a Rússia, fechar negócios na área de energia nuclear na África pode ajudar a economia russa a se diversificar. Com a invasão da Ucrânia e a imposição de sanções pelo Ocidente, a Rússia se tornou um país voltado para a guerra, com a produção industrial sendo direcionada para o setor bélico. O país foi excluído dos principais mercados financeiros, o que dificulta a obtenção de empréstimos e os investimentos estrangeiros.

Para o resto do mundo, a expansão da Rosatom na África é vista com preocupação.

Se a Rússia conseguir ampliar seus negócios na África, o ditador Vladimir Putin ficará mais à vontade para seguir com a guerra na Ucrânia ou iniciar novos confrontos com outros vizinhos.

Até o momento, as sanções não conseguiram demover Putin de sua investida militar na Ucrânia, principalmente porque o ditador tem contado com ajuda de outros países, como China, Índia e Brasil.

Esses países têm ajudado Putin a contornar as sanções ao aumentar a importação de produtos russos.

O Brasil elevou exponencialmente a importação de diesel russo desde o início da guerra da Ucrânia.

Além disso, o governo Lula tem buscado reduzir o isolamento de Putin e adotado sua retórica, criticando a Otan, os Estados Unidos e os opositores democráticos do regime. Lula também tem feito todo o possível para trazer Putin ao Brasil na reunião de cúpula do G20, que acontecerá no Rio de Janeiro em novembro.

 

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