Alan Marques/Folhapress

PF investiga advogados que pediram R$ 3 milhões a empresa dizendo representar ministro do TCU

27.08.21 19:12

O inquérito da Polícia Federal que apura a atuação de lobistas no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o DNIT, para beneficiar uma empresa de logística, também aponta que o mesmo grupo criminoso buscou se infiltrar no Tribunal de Contas da União. Segundo as investigações, três advogados que se apresentavam como representantes do ministro Aroldo Cedraz (foto) se reuniram com dirigentes e lobistas da empresa para pedir 3 milhões de reais em troca de decisões favoráveis no TCU.

Segundo a PF, um advogado identificado como Marlos Cesar de Castro e outros dois parceiros se apresentaram aos lobistas e dirigentes da empresa durante  uma reunião em um escritório de advocacia, em Goiânia, como “representantes” do ministro Cedraz. Foi nessa ocasião, de acordo com o inquérito, que eles solicitaram os 3 milhões de reais para a realização de um suposto “trabalho interno” junto ao TCU.

“Marlos se apresentou como representante do ministro Aroldo Cedraz de Oliveira, e afirmou que poderia interceder em favor” da empresa, diz o inquérito. A PF continua: “O processo tinha como relator justamente o Ministro Aroldo Cedraz, de quem Marlos Cesar de Castro afirmou ser ‘representante’ para solicitar valores a pretexto de interceder no julgamento da Corte de Contas”.

O processo em curso no TCU apurava irregularidades em um licitação vencida pela empresa para construir um porto seco em Anápolis, no estado de Goiás. Os empresários teriam se recusado a pagar a propina, mesmo após a insistência dos advogados que diziam representar Cedraz. Eles gravaram as conversas. Em uma segunda reunião, os advogados deram detalhes de como deveria ser feito o pagamento. A empresa deveria fazer um contrato de fachada com os advogados para prestação de consultoria.

A investigação está em fase inicial. Em um dos documentos do inquérito, a PF registra que ainda não encontrou “qualquer indício mínimo de envolvimento do ministro (Aroldo Cedraz) nos fatos relatados”Crusoé tentou contato com os advogados citados no inquérito, mas ainda não teve retorno.

Em nota, Aroldo Cedraz afirmou que “desconhece e não possui qualquer relação com as pessoas mencionadas”. “O ministro solicitará às autoridades competentes que investiguem qualquer conduta criminosa dos que supostamente citaram o seu nome, diz ainda o texto.

A operação em que a PF descobriu o pedido feito pelos advogados que diziam representar o ministro do TCU é a mesma em que resultou no afastamento de um diretor do DNIT nesta semana, por ordem da Justiça Federal.

Não é a primeira investigação em que o nome de Aroldo Cedraz aparece associado suspeitas de corrupção. Em outubro de 2018, o ministro TCU foi acusado formalmente pelo Ministério Público Federal de participar de um esquema de cobrança de propina em troca de facilidades em julgamentos na corte. Segundo a denúncia, o ministro e seu filho, o advogado Tiago Cedraz, teriam praticado tráfico de influência ao receber dinheiro da empreiteira UTC para beneficiá-la em processos relacionados à Usina Angra 3 que corriam no tribunal. À época, a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu a condenação do ministro, de seu filho e de outras duas pessoas, além da devolução de 4,4 milhões referentes à suposta propina. A denúncia acabou rejeitada, no ano seguinte, pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal. O nome do advogado Tiago Cedraz também apareceu em outras investigações realizadas pela Operação Lava Jato, como o rumoroso caso que envolve pagamentos feitos pela Fecomércio do Rio com o objetivo de obter privilégios em processos em curso em tribunais de Brasília.

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  1. STF , STJ , TCU possuem franquias familiares para extorsão e tráfico de influência milionárias. A mais nova franquia extorsionária é a bolsonaro, também envolvida com milícias.

  2. Pelo visto essa 2ª Turma do STF virou um balcão de negócios escusos. E os criminosos absolvidos anteriormente voltam a atacar, ou melhor, a roubar.

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