Pedidos de manifestantes no Líbano não são factíveis, diz cientista política
Manifestantes libaneses (foto) têm pedido nas ruas a saída da atual elite política e o desarmamento do grupo terrorista Hezbollah. Os protestos surgiram em outubro do ano passado e ganharam força com a explosão de 2.750 toneladas de nitrato de amônio no porto de Beirute, na terça, 4. As duas demandas, contudo, dificilmente serão atendidas....
Manifestantes libaneses (foto) têm pedido nas ruas a saída da atual elite política e o desarmamento do grupo terrorista Hezbollah. Os protestos surgiram em outubro do ano passado e ganharam força com a explosão de 2.750 toneladas de nitrato de amônio no porto de Beirute, na terça, 4.
As duas demandas, contudo, dificilmente serão atendidas. "O sistema político atual foi estabelecido no final da Primeira Guerra. Ele permitiu que famílias e grupos religiosos dividissem entre si os cargos no governo e os negócios na sociedade civil. Muitas coisas no Líbano, como arrumar um emprego ou obter eletricidade, dependem dessas conexões", diz a cientista política Natália Nahas Calfat, secretaria-geral do Instituto da Cultura Árabe da USP. "É altamente improvável que essas famílias abram mão de todo o capital político e social que elas acumularam ao longo de décadas."
Pedir o desarmamento do Hezbollah também não deve levar a lugar algum. O grupo terrorista, que também é partido político, tem 10% das cadeiras no Parlamento. A coalizão de governo, que renunciou na semana passada, foi orquestrada pelo Hezbollah, em uma união com grupos sunitas e partidos apoiados pela Síria. "Não há como tirar o Hezbollah da mesa de negociações, e eles entendem que as armas são necessárias para garantir a soberania e a autonomia do território nacional. A saída do Hezbollah também não é factível", afirma Natália Calfat.
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