Onde o plano de Trump para Gaza acerta
Inclusão da Autoridade Palestina, aceitação de futuro Estado palestino e escolha do britânico Tony Blair são bons sinais

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (foto), anunciou um plano de 20 pontos para tentar acabar com a guerra na Faixa de Gaza.
A proposta já contou com o apoio do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
O plano tem alguns aspectos louváveis, entre eles:
Inclusão da Autoridade Palestina
O governo de Netanyahu se recusava a dar qualquer papel para a Autoridade Palestina (AP) na reconstrução da Faixa de Gaza.
Há vários motivos para rejeitar a AP. Seu presidente, Mahmoud Abbas, está no poder há duas décadas e se recusa a fazer eleições.
A AP ainda é criticada pelos palestinos pela corrupção e pela ineficiência. Além do mais, é conivente com muitas ações do Hamas.
Contudo, a AP é que deveria ser o governo legítimo na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, segundo os Acordos de Oslo, de 1993. E a entidade conta com o apoio da maior parte dos países do mundo, incluindo os árabes.
Ao inserir a AP em seu plano, contra a vontade de Netanyahu, Trump ganhou o aceite dos governos europeus e dos árabes.
O plano de Trump afirma que o governo da Faixa de Gaza só seria entregue à AP após uma reforma, cujos contornos não foi definido.
O presidente americano provavelmente quer que europeus e árabes pressionem para que uma reforma aconteça, finalmente, na AP.
Apoio a um Estado Palestino
Nos últimos dois pontos de seu plano, Trump afirma: "À medida que a reconstrução de Gaza avança e o programa de reforma da AP é fielmente executado, as condições podem finalmente estar reunidas para um caminho confiável rumo à autodeterminação e à criação de um Estado palestino, que reconhecemos como a aspiração do povo palestino. Os Estados Unidos estabelecerão um diálogo entre Israel e os palestinos para chegar a um acordo sobre um horizonte político para uma coexistência pacífica e próspera".
Netanyahu é contra a criação de um Estado palestino, e tem postergado qualquer negociação nesse sentido, alegando que não há interlocutores confiáveis entre os palestinos.
Membros da coalizão de Netanyahu negam qualquer Estado palestino, na esperança de ocupar Gaza e a Cisjordânia.
Um dos pontos do plano de Trump recusa isso explicitamente: "Israel não vai ocupar ou anexar Gaza".
Ao colocar o Estado palestino no horizonte, Trump obrigará Netanyahu a enfrentar os membros mais radicais de seu governo.
Ao sinalizar para um Estado palestino, Trump ainda consegue o apoio de vários outros países.
Entendimento que palestinos têm o direito de viver em Gaza
O primeiro plano que Trump apresentou era criar uma Riviera na Palestinoa e deslocar os palestinos para outros lugares.
Nenhum país árabe aceitou receber esse contingente populacional, pois isso poderia ser enquadrado como deslocamento forçado.
O plano desta semana entende que os palestinos de viver nas suas terras.
"Ninguém será forçado para sair de Gaza, e aqueles que desejarem sair estarão livres para fazer isso e poderão retornar. Nós vamos encorajar as pessoas para ficar e vamos oferecer a elas oportunidades para construir uma Gaza melhor", diz o tópico de número 12 do plano.
Convite para Tony Blair
O plano fala da criação de um Conselho de Paz, que seria dirigido por Trump, mas também teria a participação de ex-chefes de governo, como Tony Blair.
Ex-primeiro-ministro britânico, Blair é do Partido Trabalhista, de esquerda, e tem livre trânsito com muitos que odeiam Trump e Netanyahu, o que pode ajudá-lo a conseguir compromissos de políticos de várias linhas em todo o mundo.
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