O que significam as nomeações de Maduro para a cúpula das Forças Armadas

Na Venezuela, todos os anos, o costume é o de que o presidente renove toda a cúpula das Forças Armadas no dia 5 de julho. No máximo, alguns militares ficam dois anos no cargo.

No domingo, 7, o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro (foto), anunciou as nomeações para os cargos militares mais altos. Mas ele não mudou quase nada. Maduro manteve o ministro da Defesa, o general Vladimir Padrino López, que assumiu o posto em 2014. Também não substituiu os comandantes da Marinha e da Aeronáutica.

“Isso de um ministro da Defesa ficar cinco anos no posto não tem nenhum precedente na história da Venezuela. É absolutamente inédito”, diz o historiador venezuelano Agustín Blanco Muñoz, da Universidade Central da Venezuela. “Eis um sinal claro de que o poder militar é que controla o governo, e não o contrário. Maduro é apenas um acompanhante que dá um verniz de democracia a uma ditadura amplamente militar.”

Segundo Blanco, a única figura que tinha uma atitude mais crítica, porque era um chavista clássico, era o comandante do Exército, Suárez Chourio. Ele foi o único a ser retirado. “E eles fizeram isso simplesmente para colocar no seu lugar a um primo de Diosdado Cabello (presidente da chavista Assembleia Constituinte)”, diz Blanco. “O resto continua basicamente o mesmo.”