O “PCC da Venezuela” se expande pela América do Sul

Além da repressão política e do desastre econômico que impôs a seu país, a ditadura de Hugo Chávez e Nicolás Maduro na Venezuela exportou uma das facções criminosas mais perigosas da América do Sul: o Trem de Aragua, uma espécie de PCC venezuelano, suspeito inclusive de ligações com o PCC brasileiro.

“O Trem de Aragua é uma facção que nasceu em uma prisão da Venezuela e se expandiu por Colômbia, Equador, Peru e Chile”, disse a jornalista Adriana León, diretora do Ipys (Instituto Prensa y Sociedad), em entrevista ao podcast Latitude.

Surgida no presídio de Tocorón, que fica na província de Aragua — a cerca de 60 km da capital, Caracas —, a gangue expandiu seus negócios para outros países em razão da crise na Venezuela. Acompanhando o êxodo de venezuelanos, conseguiu estabelecer operações permanentes, como contrabando de migrantes, tráfico de pessoas e extorsão, nos países vizinhos. O Trem de Aragua também é conhecido por sua brutalidade, que inclui o esquartejamento de inimigos: na foto ao alto, de agosto do ano passado, autoridades colombianas encontram em sacos de lixo na capital, Bogotá, corpos de vítimas da facção.

No Brasil, como mostrou Crusoé, parlamentares brasileiros receberam em maio de 2022 a deputada venezuelana Iris Varela, acusada de ligação com a gangue.

“Aqui [no Peru] há mais de 1 milhão de pessoas vindas da Venezuela, em condições muito duras”, afirmou Adriana León. “E essa facção faz com que as pessoas fiquem contra os migrantes, quando na verdade o pior que ela faz é o dano aos migrantes, usando-os para as piores coisas. É terrível realmente, o tratamento que dão às pessoas é brutal. E não há como pará-los. E tudo isso é culpa desse governo [chavista]”, acrescentou a diretora do Ipys na entrevista.

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