O ego dos líderes mundiais com os discursos mais longos na ONU
Por causa da pandemia do coronavírus, a ONU pediu para que os chefes de estado e de governo enviassem um vídeo gravado de 15 minutos para serem apresentados na Assembleia Geral da entidade, que começou nesta terça, 22. Como os vídeos foram gravados por antecipação e editados, os líderes não podem alegar que se empolgaram...
Por causa da pandemia do coronavírus, a ONU pediu para que os chefes de estado e de governo enviassem um vídeo gravado de 15 minutos para serem apresentados na Assembleia Geral da entidade, que começou nesta terça, 22.
Como os vídeos foram gravados por antecipação e editados, os líderes não podem alegar que se empolgaram e começaram a falar de improviso, ultrapassando o tempo recomendado (em 1960, o ditador cubano Fidel Castro falou por 4 horas e meia na Assembleia Geral da ONU). Desta vez, não havia desculpa para excessos.
Seguindo o que foi pedido, os chefes das maiores potências mundiais respeitaram o limite de tempo ou passaram muito pouco do que foi recomendado. O presidente americano Donald Trump enviou um vídeo de 10 minutos. O chinês Xi Jinping falou por 16 minutos. O russo Vladimir Putin, 19 minutos. O brasileiro Jair Bolsonaro também respeitou o combinado e cravou 15 minutos.
Mas alguns não conseguiram conter o ego e mandaram vídeos muito maiores. Até a tarde desta quinta-feira, 24, o campeão do discurso mais longo era o presidente da França, Emmanuel Macron (foto). Ele falou por 48 minutos. Três tradutores se revezaram na função. Conhecido por ser um globalista e um "jupiteriano", uma referência ao poderoso deus romano Júpiter, Macron discursou pedindo uma nova ordem mundial, com a Europa assumindo sua responsabilidade. "Macron está claramente tentando marcar posição. Ele quer firmar-se como estadista e como porta-voz da União Europeia. Mas a verdade é que ele não é uma coisa nem outra", diz Dorival Guimarães Pereira Jr., professor de relações internacionais do Ibmec, em Belo Horizonte.
O segundo discurso mais longo foi o do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, com 37 minutos. Sua fala foi transmitida em cadeia nacional de televisão para os pobres venezuelanos. Além do ego inflado, Maduro pode ter se esticado no tempo pelo puro prazer de desrespeitar as regras. "Para os chavistas, é uma obrigação não cumprir com as normas dos organismos internacionais. Eles sabem que há um limite de tempo, mas não transgridem intencionalmente porque querem impor as próprias regras", diz o advogado venezuelano Alí Daniels, diretor da ONG Acesso à Justiça, em Caracas.
Em terceiro lugar ficou o presidente do Chile, Sebastián Piñera, que trouxe outra triste marca para a América Latina. Piñera falou por 31 minutos. Com popularidade em torno de 20%, o chileno tentou se aproveitar do espaço da ONU para ganhar projeção em casa. "Piñera tem tentado usar o cenário internacional para contornar a crise interna que está enfrentando por causa da pandemia e dos pedidos de uma reforma constitucional", diz o cientista político Claudio Fuentes, da Universidade Diego Portales no Chile. "Foi esse mesmo motivo que o levou a presidir a Conferência do Clima da ONU, a COP25, que acabou sendo transferida para Madri por causa dos protestos."
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Comentários (5)
Odete6
2020-09-24 20:12:50Coisa brega e desrespeitosa prolongar discurso e, claro, resulta em efeito contrário.
Rodrigo.
2020-09-24 18:31:51Passado os 15 min. deveria ter cortado o vídeo. Quando a ONU solicitou o vídeo deveria ter sido muito clara nesta regra e alertar para o corte porém ninguém mais acredita nessa entidade que está mais parecida com Hollywood.
Márcio
2020-09-24 18:03:46Quinze minutos...Quem precisa mais que 15 minutos para passar qualquer mensagem? Não duvido que o Sermão da Montanha seja proferido na metade do tempo. Bem mais substancial e duradouro. Serão de lavra própria ou de 'ghost writers' tão submissos que não percebem o ridículo que os seus mandantes estarão sendo expostos?
Peter
2020-09-24 17:34:28Cada ma*ako no seu galho.
Jose
2020-09-24 17:32:11Falam muito e fazem pouco.