Aos 72 anos, morre Orlando Brito, referência do fotojornalismo brasileiro
Um dos mais importantes fotojornalistas da história da imprensa brasileira, Orlando Brito morreu nesta sexta-feira, 11, aos 72 anos. Mineiro de Janaúba, Brito começou atuar como laboratorista do jornal Última Hora, em 1965. Autodidata, passou a trabalhar como fotógrafo dois anos depois. São dele alguns dos mais simbólicos registros da ditadura militar, como o close...
Um dos mais importantes fotojornalistas da história da imprensa brasileira, Orlando Brito morreu nesta sexta-feira, 11, aos 72 anos. Mineiro de Janaúba, Brito começou atuar como laboratorista do jornal Última Hora, em 1965. Autodidata, passou a trabalhar como fotógrafo dois anos depois. São dele alguns dos mais simbólicos registros da ditadura militar, como o close sobre o coturno de um militar em frente ao Congresso Nacional – o registro feito em 1968 se transformou em uma marca do período do AI-5.
Ao longo de seus 57 anos de experiência, Orlando Brito fotografou todas as personalidades políticas relevantes do país e acompanhou momentos importantes da história brasileira. Gostava de registrar os poderosos em situações e poses prosaicas, que davam ao público uma imagem mais realista de presidentes e ministros. Com olhar privilegiado e domínio pleno das técnicas do fotojornalismo, Brito fez registros peculiares dos bastidores do poder em Brasília, com o uso de contraluzes, silhuetas e closes inusitados.
O profissional trabalhou em alguns dos mais importantes veículos da imprensa e foi o primeiro brasileiro a receber o World Press Photo Prize, em 1979. Algumas de suas fotos mais emblemáticas ficaram eternizadas em livros lançados por Brito desde os anos 1980, como O Perfil do Poder, Senhoras e Senhores, Brasil: de Castello a Fernandos e Poder, Glória e Solidão.
Além da visão privilegiada do poder, Orlando Brito também gostava de fotografar cidadãos anônimos, personalidades da cultura e grandes eventos esportivos. Nos últimos anos, cobriu o dia a dia do presidente Jair Bolsonaro nos palácios da Alvorada e do Planalto e traduziu em imagens a essência do atual governo – um dos registros recentes mais notáveis é a foto de militares de alta patente que integram a gestão Bolsonaro, de costas, seguindo a mesma pose do presidente.
Orlando Brito morreu em decorrência de complicações de uma cirurgia no intestino, após semanas de internação em Brasília. Ele deixa uma filha, Carolina, e dois netos, Theo e Thomas, além do registro de parte expressiva da história contemporânea brasileira.
Orlando Brito é a segunda grande perda do fotojornalismo em apenas duas semanas. No dia 25 de fevereiro, colegas e familiares se despediram de Dida Sampaio. Aos 53 anos, o fotojornalista do jornal O Estado de São Paulo, outro grande expoente da profissão, morreu após ter um AVC.
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Comentários (1)
CARLOS HENRIQUE SCHNEIDER
2022-03-11 12:08:25Muito merecida referencia de Crusoé a estes grandes profissionais. Triste perda para o fotojornalismo. Perde o Brasil.