Keir Starmer tem a coragem que falta para Lula
Primeiro-ministro britânico se disse preocupado com violações dos direitos humanos na China, enquanto o brasileiro falou em respeitar a "autodeterminação dos povos"
O presidente Lula jamais deu um pio sobre violações de direitos humanos nas ditaduras de esquerda da Venezuela, de Cuba ou da China.
Mas a coragem que falta para Lula não falta para o primeiro-ministro britânico Keir Starmer.
Membro do Partido Trabalhista, Starmer é de esquerda e fez carreira como advogado e defensor público na área de direitos humanos.
No Rio de Janeiro, Starmer encontrou-se com o ditador chinês Xi Jinping (foto), por ocasião do encontro do G20.
Ele se disse preocupado com sanções a parlamentares britânicos, direitos humanos, Taiwan, o Mar do Sul da China e "o interesse compartilhado" em Hong Kong.
"Nós estamos preocupados com as notícias que falam da deterioração da condição de saúde de Jimmy Lai na prisão", disse Starmer na reunião entre as duas delegações.
Jimmy Lai
O ativista pró-democracia Jimmy Lai, de 76 anos, era o dono jornal Apple Daily, de Hong Kong.
Em junho de 2021, a polícia invadiu a sede do jornal crítico ao Partido Comunista Chinês (PCC), com a justificativa de que se tratava de uma questão de "segurança nacional".
Lai foi acusado de conluio com forças estrangeiras e fraude.
O magistrado que está julgando o caso foi escolhido a dedo pelo chefe do executivo de Hong Kong, aliado do PCC.
Lai nem sequer pôde escolher o seu próprio advogado de defesa.
Também em 2021, o regime chinês impôs sanções contra dez organizações britânicas e parlamentares.
Eles tinham se pronunciado sobre as violações de direitos humanos a muçulmanos uigures que habitam a província de Xinjiang.
Lula: "A China encontrou um jeito de resolver os seus problemas"
Em abril do ano passado, Lula foi questionado em uma entrevista dada canal português RTP1 sobre as violações de direitos humanos em Xinjiang e Hong Kong.
O presidente brasileiro respondeu da seguinte maneira: "Todos os países do mundo têm problemas. Nós precisamos aprender a respeitar a autodeterminação dos povos. A China encontrou um jeito de resolver os seus problemas, e um jeito que permitiu que a China logo logo se transforme na primeira economia do mundo. Eu acabei de vir da China. Você pode não concordar com o regime chinês, como eles podem não concordar com o do Brasil. Tem muita gente que não concorda com as coisas da política que acontece no Brasil. Mas é o nosso jeito de fazer política".
Para ser respeitado internacionalmente, um líder precisa demonstrar autoridade moral.
Seja de direita ou de esquerda, é preciso entender que questões como o respeito aos direitos humanos são universais e não podem ser relativizadas.
Keir Starmer mostra que entende a importância desse princípio, algo que passa longe das declarações do presidente brasileiro.
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