Fachin vota para permitir uso de acordo da Odebrecht em ações contra Lula
O ministro Edson Fachin (foto), do Supremo Tribunal Federal, votou nesta sexta-feira, 11, para permitir o uso de informações do acordo de leniência da Odebrecht em ações penais contra o ex-presidente Lula, caso o Ministério Público Federal assim deseje. Fachin depositou o voto no julgamento virtual da Segunda Turma sobre um recurso apresentado pela Procuradoria-Geral...
O ministro Edson Fachin (foto), do Supremo Tribunal Federal, votou nesta sexta-feira, 11, para permitir o uso de informações do acordo de leniência da Odebrecht em ações penais contra o ex-presidente Lula, caso o Ministério Público Federal assim deseje.
Fachin depositou o voto no julgamento virtual da Segunda Turma sobre um recurso apresentado pela Procuradoria-Geral da República contra a decisão monocrática de Ricardo Lewandowski que, em junho do ano passado, impediu o uso, no processo do Instituto Lula, de todos os elementos de prova obtidos a partir do acordo de colaboração premiada.
A ação mira o ex-presidente pelo suposto recebimento de propina da Odebrecht. De acordo com o MPF, o suborno ocorreu a partir da compra de um terreno de 12 milhões de reais pela empreiteira para a construção da nova sede do instituto.
O julgamento do agravo da PGR começou em outubro de 2021 e, na ocasião, Lewandowski e Gilmar Mendes votaram para manter a decisão liminar. Fachin, porém, pediu vista -- ou seja, mais tempo para analisar o caso -- e, assim, adiou a conclusão do debate.
Agora, na retomada do julgamento, Fachin rebateu Lewandowski quanto à existência de indícios de que as tratativas da Lava Jato com autoridades estrangeiras envolvendo dados do acordo de leniência da empreiteira ocorreram fora dos canais oficiais - o que não é permitido por lei.
Fachin apontou que, na decisão, Lewandowski não descreveu de que forma a Lava Jato agiu em desconformidade da lei. Anotou, ainda, que o ministro não detalhou quais acordos de cooperação jurídica -- bilaterais ou multilaterais -- ou procedimentos que não teriam sido observados.
Além disso, Fachin frisou que o entendimento de Lewandowski de que o acordo de leniência foi firmado fora dos parâmetros legais é baseado somente em mensagens do acervo da Operação Spoofing, que investigou ataques hacker a contas de Telegram do ex-juiz Sergio Moro e de procuradores da força-tarefa da Operação em Curitiba.
O ministro avaliou não existirem dúvidas da ilicitude do material e, portanto, da imprestabilidade das mensagens. "Chancelar a utilização de tais diálogos para o enfrentamento de questões processuais redundaria na negativa de vigência às normas que tutelam o sigilo das comunicações telefônicas e de dados, pois, como visto, não atestam a inocência do ora reclamante", escreveu.
Em outra ponta, Fachin entendeu também não serem válidos os argumentos sobre a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para homologar o acordo de colaboração da Odebrecht e a parcialidade de Sergio Moro no caso.
O ministro indicou que, como o acerto trata de irregularidades praticadas na Petrobras, a Justiça Federal paranaense tinha, sim, poder para validá-lo. "É fato notório o envolvimento do grupo empresarial em fraudes praticadas em detrimento da sociedade de economia mista e que constituem o mote inicial da Operação Lava Jato", disse. "Além disso, o ora reclamante (Lula) sequer é parte no acordo de leniência em questão, razão pela qual tal procedimento não é alcançado pela mácula da parcialidade (de Sergio Moro)", emendou.
Fachin acrescentou que, a partir da análise da decisão de Lewandowski, "emerge a compreensão" de que os valores milionários devolvidos pela empreiteira graças ao acordo "seriam indícios da ilicitude do acerto".
"No entanto, cumpre destacar que os referidos valores foram espontaneamente devolvidos pela sociedade empresária leniente, como corolário da assunção de culpa num dos maiores episódios – senão o maior – de corrupção descortinada na história desse país, sobre o qual ainda recai, no seio da comunidade internacional, a pecha de ineficiência no combate à criminalidade organizada e do colarinho branco", concluiu.
O julgamento se estende até a próxima sexta-feira, 18. Ainda precisam se posicionar os ministros André Mendonça e Kassio Marques.
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Comentários (10)
Helio
2022-02-13 22:25:06Vamos ver o votos dos dois nomeados por Bolsonaro? Façam suas apostas!
Suzane
2022-02-12 22:29:38De vez em quando, Fachin consegue acertar no posicionamento... Eu nem me animo mais, pois nenhum tem postura coerente o tempo todo. Parece até que há um sorteio entre eles pra ver quem vai tomar uma atitude correta de vez em quando... Depois, tudo volta ao normal e a Justiça que se lasque...
Marcello
2022-02-12 12:53:41Aí, chega a hora do voto da turma do Sapão e…. (todos já sabem o desfecho!)
luiz antonio - rj
2022-02-12 08:21:14Depois de uma K GADA HOMÉRICA, um voto pela lava jato. Vamos ver como o advogado do centrão e o terrivelmente evangélico votam. Mas o melhor seria uma decisão dos 11
Luiz Carlos Da Fraga
2022-02-11 20:42:49BRASILLLLLLL.BICHOS ESCROTOS SAIAM DOS ESGOTOS VÃO SE FUD.
MARCOS
2022-02-11 19:21:37O resultado será 4 x 1. MORO NA PRESIDÊNCIA é a única solução para esse câncer.
Acorda Brasil!
2022-02-11 18:56:00Esse stf todos os dias mostra a sua cara, a população ja tem uma boa ideia do que o stf se trata, na minha opinião o pior stf da historia do Brasil. Não confio e não concordo com a maioria das decisões da segunda turma, decisões que deveriam na verdade ser votados por todos os 11 membros e acabar com essas 2 turmas que ja esta mais que claro que a motivação e sempre politica e não segue a constituição. Quando vamos investigar os milhares de processos que prescrevem todos os anos no stf ??
Paulo I
2022-02-11 18:12:54Pelo sim, pelo não, desta vez Fachin triturou com argumentos sólidos a anterior decisão do Levandosk que era uma fajutice anti-jurídica só para beneficiar, como sempre faz, a ladroagem incorporada no ladrão ex-presidiário.
Maria
2022-02-11 18:10:54MORO PRESIDENTE 2022! 🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷
NELSON VIDAL GOMES
2022-02-11 16:20:40Pena que tudo que o Ministro Fachin fizer agora pela Lava Jato, não irá reconstruir a obra de 07 anos de combate à corrupção por ele demolida com uma canetada de 07 segundos, tempo que deve ter sido o que levou para assinar o seu voto. Namastê!