Explosões no Líbano: ONU fala em violação internacional e pede investigação
O alto comissário de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU), Volker Turk, disse que a explosão simultânea de pagers e walkie-talkies do Hezbollah violou o direito internacional. Ele também pediu uma investigação sobre o caso, sob suspeitas de ter sido um ataque coordenado do serviço secreto de Israel. "O desrespeito pelo direito internacional é uma...
O alto comissário de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU), Volker Turk, disse que a explosão simultânea de pagers e walkie-talkies do Hezbollah violou o direito internacional. Ele também pediu uma investigação sobre o caso, sob suspeitas de ter sido um ataque coordenado do serviço secreto de Israel.
"O desrespeito pelo direito internacional é uma questão de paz e segurança internacionais – a obrigação central deste Conselho – com implicações que vão além destes países e desta região", afirmou Turk em pronunciamento ao Conselho de Segurança da ONU nesta sexta-feira, 20 de setembro. "Apelo, mais uma vez, a uma investigação independente, completa e transparente sobre as circunstâncias destas explosões. Aqueles que ordenaram e executaram estes ataques devem ser responsabilizados", acrescentou.
Os walkie-talkies do Hezbollah, que explodiram na quarta-feira, 18 de setembro, continham um composto altamente explosivo chamado PETN, mais sensível ao choque que a dinamite comum.
A informação é da agência de notícias Reuters, publicada nesta sexta-feira, 20, com base em fontes do governo do Líbano.
O PETN foi integrado às baterias dos walkie-talkies de maneira "muito sofisticada", segundo a agência.
Mensagens explosivas, por Caio Mattos
Centenas de pagers de integrantes do Hezbollah explodiram simultaneamente na tarde de terça-feira, 17 de setembro. Ao menos 12 pessoas morreram e 2.800 ficaram feridas no Líbano e na Síria. Dentre os atingidos, o embaixador do Irã em Beirute foi ferido. Um representante do grupo terrorista descreveu o episódio como "a maior falha de segurança”. Ele se precipitou. No dia seguinte, houve novas explosões. Desta vez, em walkie-talkies. Mais 14 pessoas morreram e outras 450 ficaram feridas. O Hezbollah e o governo do Líbano, formado por uma coalizão que inclui a ala política do grupo terrorista, acusaram Israel pelos episódios.
Nenhuma autoridade israelense reivindicou os ataques. Tampouco houve quem negasse as acusações dos libaneses. Israel tradicionalmente não comenta operações de inteligência fora de seu território.
Fontes anônimas do governo dos Estados Unidos afirmaram ao jornal The New York Times que, ao menos, o caso dos pagers se tratou de uma operação israelense. O serviço de inteligência teria implantado material explosivo de 30 a 60 gramas colado à bateria dos pagers. A detonação teria sido remota. “Às 15h30 no Líbano, os pagers receberam uma mensagem que parecia vir da liderança do Hezbollah, disseram duas autoridades. Em vez disso, a mensagem ativou os explosivos”, reportou o Times. Os dispositivos faziam parte de um lote de mil unidades importado pelo Hezbollah havia cinco meses. Segundo o Times, foi uma empresa de fachada montada pelo serviço secreto israelense que vendeu os pagers ao Hezbollah.
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